Faz tempo, que em convergência de opinião com muitos
outros mais teimosos, longe de pretender advogar à favor de uma esfera social,
que com honra, já pertenci, (É que prestei o devido serviço militar, ao meu
país!) fui negando a ideia feita, de que a solução drástica para todos os
nossos problemas sociais, os tais que seguem adiando a nossa desejada marcha em
paz e tranquilidade, rumo ao desenvolvimento sustentado, está somente, na
concretização das tendentes vulgarizadas reformas nos sectores da defesa e segurança.
E veio agora um escândalo diplomático, reforçar a verdade de que, existe sim, a
necessidade de reformas urgentes, mas extensivas a todos os sectores públicos
da nossa sociedade, e cada um desses sectores em causa, a merecer uma fórmula
científica particular, para execução estudada, das decisões governativas,
consoante as realidades.
Mas antes, importa o seguinte esclarecimento:
Como sempre fiz questão de salientar, também desta
vez, quero lembrar, que falo das reformas, não como uma oportunidade, que por
compaixão, deverá ser concedida aos indigentes do nosso quotidiano, para assim
os garantir o resto de uma vida vegetativa, e os afastar das tentações
subversivas, à preciosa ordem constitucional. Falo das reformas, no sentido de
uma indispensabilidade, para uma reestruturação satisfatória, de todas as
nossas instituições públicas, adaptando-as, às exigências progressistas, da
modernidade. Não haverá dinheiro no mundo, suficiente, para simplesmente
disponibilizar às pessoas, muitas delas, com poucos anos de produtividade
efectiva, e que pretendem viver o resto da vida, na dependência do erário
público.
O caso da desordem e pancadaria na nossa
representação diplomática em Brasília, embora carente de mais pormenores
comprovativos, representou mesmo, e revelou parte do que é uma reiterada
banalização das nossas instituições públicas, como aqui já foi referido,
consequências da também obsessiva politização de tudo o que serve para garantir
um conforto material, esse, quase sempre precário, aos mais dedicados
militantes dos partidos políticos. Prática obtusa, que como se sabe, tem
promovido irresponsabilidades disciplinares inconsequentes, e péssimas
prestações técnicas, em detrimento da excelência.
Fica sempre mal, nomear como Embaixadores, pessoas
que para além de um elevado défice na matéria, não pertencem, e nunca
pertenceram os quadros do Ministério dos Negócios Estrangeiros, só porque têm
como principal trunfo, abnegada dedicação, pelas obscuras causas
político-partidárias. É imperativo corrigirmos. Vamos corrigir.
A dinâmica nas sociedades está a impor, com
naturalidade, modificando a relação de interesses entre os diferentes Estados.
Não devemos, portanto, enquanto Estado, manter indiferentes a essas mudanças,
onde os interesses económicos dominam no estabelecimento das prioridades.
Sabido que o nosso país pertence ao grupo dos mais pobres de África, que por
sua vez, é o continente com mais dificuldades, devemos, como é óbvio, procurar
melhores vantagens económicas, nos vários tipos de relacionamentos, com os
parceiros de cooperação, e poupar o máximo possível, em todas as despesas
públicas. E com a necessidade das reformas urgentes, de que o país tanto
precisa, devem ser accionados os melhores mecanismos para a poupança dos
recursos financeiros, em todas as áreas, pelo que também, devem ser accionados
esses melhores mecanismos, na área da cooperação internacional. Como?
- Privilegiar e revalorizar o plano de carreira dos
profissionais afectos ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, contribuindo assim
para a fundamental despolitização e despartidarização da vida pública, nas
funções onde é prescindível requisitos políticos ou partidários, para que o
mérito e a competência prevaleçam, no momento da escolha dos Embaixadores, e
outos profissionais, para o preenchimento dos postos nas embaixadas;
- Para a redução das muitas vezes, dispendiosas
deslocações presidenciais, ministeriais, e outras mais, em missões de serviço
no estrangeiro, e melhor contenção das despesas públicas, nomear como
Embaixadores e outros profissionais para as embaixadas, figuras com idoneidade
moral bastante, e de reconhecidas competências técnicas, capazes de representar
e substituir com eficácia, os órgãos das nossas autoridades, nos seus
diferentes níveis hierárquicos, – quando as circunstâncias assim determinarem –
tendo em conta, as imprevisibilidades dos ventos que ditam as rápidas mudanças,
nos interesses economicistas, dos nossos parceiros de desenvolvimento;
- E entre outras medidas pertinentes.
A cada vez mais possibilidade de livre movimentação
e fixação dos cidadãos guineenses imigrantes, por terem adquirido como segunda
nacionalidade, a dos países acolhedores, na maioria deles, europeus, permitiu a
que muitos mudem do primeiro país de acolhimento, para outro mais promissor, na
ininterrupta procura de melhores condições para a sobrevivência. Esse facto
deve servir para que o mapa das nossas representações diplomáticas, seja
redefinido, com o fecho de umas, e abertura de outras. Penso, por exemplo, no
caso do Reino Unido, onde agora reside uma importante comunidade guineense, e
que por isso, deve merecer a contemplação de uma representação diplomática, com
importância correspondente, para acompanhar e apoiar os seus já numerosos
membros, em todas as diligências necessárias.
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