Namíbia, Geórgia e Turquia poderão entrar como
observadores associados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) na
cimeira em Díli, na quarta-feira, um retrato da globalização de que a
organização não se pode excluir, defende o secretário executivo.
Os chefes de Estado e de Governo reunidos na X
cimeira poderão ainda analisar o pedido do Japão para obter o mesmo estatuto,
depois de este país ter também formalizado a proposta.
A Guiné Equatorial e a ilha Maurícia foram os
primeiros países a receber este estatuto, em 2006, e mais tarde foi a vez do
Senegal.
Indonésia, Marrocos, Suazilândia, Austrália,
Luxemburgo, Ucrânia e Turquia são exemplos de outros países que também já
manifestaram interesse em juntar-se nesta categoria à organização lusófona.
Sobre as propostas que serão analisadas na cimeira
da próxima quarta-feira, o secretário executivo da CPLP, Murade Murargy,
considerou que o interesse no bloco lusófono é positivo, até para a promoção da
língua portuguesa, e destacou que a organização não pode "fechar as
portas" sob pena de ficar "ignorada e marginalizada", mas
ressalvou que a análise dos pedidos "tem de ser criteriosa".
"Não vamos abrir por abrir, vamos discutir, nós
temos os nossos princípios, os nossos valores culturais, históricos que nos
unem e não vamos diluir esses valores, queremos até preservá-los e
reforçá-los", disse, em entrevista à Lusa.
"Há um grande movimento e nós não podemos tapar
esse movimento com as mãos. É a globalização. Um dia vamos ter uma aldeia
global em que o conhecimento vai fluir com maior facilidade. É esta
movimentação global da qual não podemos ficar fora, senão somos
excluídos", destacou Murargy.
Neste "mundo globalizado", os países
aproximam-se através de intercâmbios culturais, científicos, comerciais e
económicos.
"Os países procuram sempre afinidades, espaços
onde podem exercer esta aproximação ou parcerias", referiu o secretário
executivo da CPLP.
Sobre os potenciais novos observadores associados,
Murade Murargy apontou a relação que a Namíbia tem com Angola e Moçambique,
enquanto a Geórgia, "apesar de estar um pouco fora, está na Europa",
tal como Portugal, e poderão desenvolver-se "relações culturais, em
relação à língua, e também comerciais".
Por outro lado, a Turquia "está a desenvolver
relações muito fortes com Angola e Moçambique, em África", e associando à
CPLP "terá muito mais espaço para dialogar e haver uma fluidez dos
interesses dos dois lados".
Por fim, o Japão, cuja candidatura está em análise e
também poderá ser considerada em Díli, tem um "grande intercâmbio"
com o Brasil, disse Murargy, que lembrou também a presença económica e
empresarial deste país em Moçambique, Angola e Portugal.
A globalização é precisamente o tema escolhido para
a cimeira de Díli, durante a qual Timor-Leste assumirá a presidência da CPLP,
sucedendo a Moçambique.
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