terça-feira, 5 de agosto de 2014

Formação é prioridade do Plano de Contingência da Guiné-Bissau contra Ébola

A formação de profissionais de saúde e da população é a prioridade do Plano de Contingência da Guiné-Bissau contra o vírus Ébola, a que a Lusa teve hoje acesso, numa altura em que a epidemia já matou 887 pessoas na África Ocidental.

Cerca de um terço do orçamento de 520 mil euros é destinado a ações de formação em todo o país.

Autoridades nacionais e parceiros, tais como as agências das Nações Unidas e a União Europeia, estão a tentar mobilizar as verbas para avançar para o terreno, disse à agência Lusa o diretor-geral de Saúde, Nicolau Almeida.

Há materiais de proteção integral distribuídos e salas preparadas em localidade fronteiriças e em Bissau para a eventualidade ser confirmado algum caso no país, referiu.

Nicolau Almeida estima que atualmente exista cerca de uma dezena de pessoas em cada região sanitária com formação para enfrentar casos de Ébola, mais uma equipa de seis profissionais na capital, Bissau, formada pelos Médicos Sem Fronteiras (MSF) em julho.

O plano prevê levar a capacitação muito mais longe e abranger 711 profissionais de saúde (incluindo médicos, enfermeiros, técnicos de laboratório e outros) em todo o país.

Para os 45 pontos de entrada no país, o objetivo é formar 106 paramilitares e 630 membros de equipas de saúde.

Está ainda prevista a formação de 2000 pessoas como agentes de saúde comunitária com a função de disseminar a informação e manter a vigilância.

"O período de incubação [da doença] vai até 21 dias", disse Nicolau Almeida, ou seja, "uma pessoa contaminada pode passar a fronteira despercebida", por não ter sintomas.

Assim, "uma das estratégias passa por envolver toda a população na busca de casos" para que possam ser seguidos pelos técnicos de saúde.

O plano prevê a divulgação dos cuidados a ter nalgumas ocasiões, como nos "toca-choro", funerais que nalgumas comunidades incluem o contacto com o morto.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a transmissão requer contacto direto com sangue, secreções, órgãos ou outros fluidos corporais com pessoas infetadas, cadáveres ou animais", contacto que deve ser evitado.

Ainda segundo a OMS, "não há risco de contágio" durante a fase de incubação e esse risco "é baixo na fase inicial dos sintomas", aumentando depois.

Os sintomas incluem febre, cansaço, dores musculares, de cabeça e garganta, seguidas por vómitos, diarreias, hemorragias e erupções cutâneas.

O atual surto de Ébola é o maior registado até à data e segundo dados da OMS divulgados na segunda-feira infetou já 1.603 pessoas, das quais 887 morreram, na Serra Leoa, Guiné-Conacri, Libéria e Nigéria.

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