A
formação de profissionais de saúde e da população é a prioridade do Plano de
Contingência da Guiné-Bissau contra o vírus Ébola, a que a Lusa teve hoje
acesso, numa altura em que a epidemia já matou 887 pessoas na África Ocidental.
Cerca
de um terço do orçamento de 520 mil euros é destinado a ações de formação em
todo o país.
Autoridades
nacionais e parceiros, tais como as agências das Nações Unidas e a União
Europeia, estão a tentar mobilizar as verbas para avançar para o terreno, disse
à agência Lusa o diretor-geral de Saúde, Nicolau Almeida.
Há
materiais de proteção integral distribuídos e salas preparadas em localidade
fronteiriças e em Bissau para a eventualidade ser confirmado algum caso no país,
referiu.
Nicolau
Almeida estima que atualmente exista cerca de uma dezena de pessoas em cada
região sanitária com formação para enfrentar casos de Ébola, mais uma equipa de
seis profissionais na capital, Bissau, formada pelos Médicos Sem Fronteiras
(MSF) em julho.
O
plano prevê levar a capacitação muito mais longe e abranger 711 profissionais
de saúde (incluindo médicos, enfermeiros, técnicos de laboratório e outros) em
todo o país.
Para
os 45 pontos de entrada no país, o objetivo é formar 106 paramilitares e 630 membros
de equipas de saúde.
Está
ainda prevista a formação de 2000 pessoas como agentes de saúde comunitária com
a função de disseminar a informação e manter a vigilância.
"O
período de incubação [da doença] vai até 21 dias", disse Nicolau Almeida,
ou seja, "uma pessoa contaminada pode passar a fronteira
despercebida", por não ter sintomas.
Assim,
"uma das estratégias passa por envolver toda a população na busca de
casos" para que possam ser seguidos pelos técnicos de saúde.
O
plano prevê a divulgação dos cuidados a ter nalgumas ocasiões, como nos
"toca-choro", funerais que nalgumas comunidades incluem o contacto
com o morto.
De
acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a transmissão requer contacto
direto com sangue, secreções, órgãos ou outros fluidos corporais com pessoas
infetadas, cadáveres ou animais", contacto que deve ser evitado.
Ainda
segundo a OMS, "não há risco de contágio" durante a fase de incubação
e esse risco "é baixo na fase inicial dos sintomas", aumentando
depois.
Os
sintomas incluem febre, cansaço, dores musculares, de cabeça e garganta,
seguidas por vómitos, diarreias, hemorragias e erupções cutâneas.
O
atual surto de Ébola é o maior registado até à data e segundo dados da OMS
divulgados na segunda-feira infetou já 1.603 pessoas, das quais 887 morreram,
na Serra Leoa, Guiné-Conacri, Libéria e Nigéria.
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