"Invalidar os resultados seria a
solução", declarou Afonso Dhlakama por telefone à Lusa , líder da
Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), sustentando que esta decisão
"demonstraria um Conselho Constitucional técnico, profissional e com
prestígio, além de um modelo de democracia para África e para o mundo e uma
aprendizagem para governos eleitos com fraude".
O presidente do maior partido de
oposição tem ameaçado com a possibilidade de desobediência civil e
manifestações violentas, mas sem recurso à guerra, caso a Frelimo (Frente de
Libertação de Moçambique, no poder) rejeite a sua exigência de um governo de
gestão, formado pelos principais partidos de oposição, como solução para uma
alegada fraude nas eleições gerais de 15 de outubro.
Os resultados oficiais da Comissão
Nacional de Eleições (CNE) dão vitória à Frelimo, com maioria absoluta nas
legislativas, e ao seu candidato presidencial, Filipe Nyusi, à primeira volta,
e colocam a Renamo e Dhlakama em segundo lugar e o Movimento Democrático de
Moçambique (MDM) e o seu presidente, Daviz Simango, em terceiro.
Tanto a Renamo como o MDM apresentaram
queixas ao Conselho Constitucional (CC) moçambicano, alegando numerosas
irregularidades, e já chumbadas pelo órgão, que, entretanto, deverá realizar na
próxima semana o seu pronunciamento final sobre os resultados eleitorais.
"Validar os resultados quando toda
a gente sabe que houve fraude é ofender a população e os partidos políticos. É
procurar violência e desobediência", afirmou Afonso Dhlakama, que falou à
Lusa a partir da sua aldeia natal em Mangunde, distrito de Chibabava, Sofala,
centro de Moçambique, onde se deverá encontrar no dia do anúncio do CC.
Segundo o líder da Renamo, o CC tem
"a oportunidade de ser imparcial e ter a coragem política de indicar os
problemas e invalidar as eleições, sem cumprir ordens do Governo nem do comité
da Frelimo", para erradicar a "cultura de fraudes" em
Moçambique.
"Não será possível que a Frelimo
governe com a minoria em Moçambique", disse Afonso Dhlakama, assegurando
que desta vez o partido no poder não terá a capacidade de apresentar à população
"governos não eleitos".
O presidente da Renamo insistiu que um
governo de gestão poderá gerir os destinos do país nos próximos cinco anos,
alargando a sua exigência aos governos provinciais e distritais e direções de
instituições públicas, que seriam divididos entre o seu partido, a Frelimo e
ainda o MDM.
"O governo de gestão é um respeito
à Constituição. Quero que compreendam a sua importância", frisou Afonso
Dhlakama, acrescentando que "até os radicais da Frelimo apoiam o governo
de gestão por ser a solução para o atual cenário político", apesar do que
considera ser o apoio da população para um "governo só da Renamo".
Afonso Dhlakama referiu-se ainda à
polémica dos editais, afirmando que "os somatórios das mesas, não estão
alinhados com os resultados distritais e provinciais".
"O CC teve de exigir editais das
províncias, fazendo o trabalho da CNE, e isso era suficiente para invalidar os
resultados", sustentou Dhlakama, referindo-se ao facto de os documentos
das mesas não terem sido ainda tornados públicos.
O pronunciamento do CC encerra o
processo eleitoral, que dominou o segundo semestre de 2014 em Moçambique.
Governo e Renamo estão vinculados por um
acordo de paz, assinado a 05 de setembro em Maputo, encerrando 17 meses de
confrontações militares no centro do país, e, embora Dhlakama tenha
reiteradamente garantido que não voltará a pegar em armas, ameaça com
desobediência civil e de o seu partido se colocar ao lado da população em caso
de repressão violenta da polícia.
No sábado, a Frelimo declarou que não
vai permitir que a Renamo provoque "agitação" após o pronunciamento
do CC.
//tchogue com a Lusa
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