Em Dezembro, o Parlamento senegalês
testou um novo sistema de tradução simultânea, para que os deputados se
pudessem expressar na sua língua nativa. Esta inovação procura responder ao
desejo de promoção da diversidade linguística – que não é, de todo, uma
«condição» senegalesa, mas sim uma característica comum a todos os países
africanos.
Em África há cerca de 2 mil línguas, mas
apesar disso a maioria dos países manteve como língua oficial a do país
colonizador
No entanto, o Senegal é mesmo um dos
poucos países africanos que investem no desenvolvimento dos seus dialetos
locais. É um esforço para a aceitação da cultura linguística deste país,
durante muitos anos ocupado pela França mas onde quase 80% da população fala e
entende Wolof – que reúne elementos do francês, do inglês e do árabe. Embora a
língua do antigo colonizador ainda seja a única oficial, é falada por pouco
mais de um quarto da população. E, também por isso, o reconhecimento do Wolof
torna-se cada vez mais importante.
O
domínio das línguas coloniais
África tem cerca de 2 mil línguas
diferentes. É um verdadeiro mosaico linguístico, mas, apesar deste, a maioria
dos países manteve como língua oficial a do país colonizador. Outras línguas,
totalmente africanas, são até muitas vezes reconhecidas oficialmente pela
Constituição de um Estado – mas quase nunca são referidas, ou usadas em termos
oficiais. Ainda que frequentemente chamadas «línguas nacionais», não devem – em
teoria – ser usadas em situações formais, por exemplo, e além disso têm um
estatuto jurídico bastante vago.
Em 1960, após a sua independência, o
Senegal, como a maioria dos países africanos de língua francesa, optou pelo
francês como língua oficial, já que esta era a língua imediatamente disponível,
operacional e compreensível para a elite local, tanto oralmente como por
escrito. Mas, se o francês e o inglês predominam no continente, é porque se
tornaram línguas veiculares e unificadoras para os diferentes grupos étnicos.
Há, assim, uma vertente «politicamente correta»: usando estes idiomas
«neutros», evitou-se (ou escondeu-se) o domínio de uma língua ou de um dialeto
em detrimento de outros. Contudo, e de certa forma paradoxalmente, estas
«formas de falar» locais continuam a existir e a ser usadas regulamente (com
muito mais frequência e com maior alcance do que no caso da língua oficial).
É de notar que uma mudança de língua
oficial, agora, também traria consequências graves a muitos Estados: a
administração teria de ser completamente reestruturada, os livros e os programas
escolares precisariam de ser totalmente refeitos, e o impacto sobre a
comunicação oficial e os meios de comunicação seria tremendo.
A (ainda) tímida promoção dos dialetos
locais
Alguns países, como o Quénia, por
exemplo, optaram, no entanto, por alterar a Constituição, definindo um ou mais
idiomas locais como línguas oficiais – e usando-os como tal. No coração da zona
onde o Swahili é a língua falada diariamente por 40 a 50 milhões de pessoas, o
Quénia (como a Tanzânia, também e ainda mais cedo) optou por fazer desta a sua
língua cooficial, ao lado do inglês. Mesmo sendo uma língua popular, é
igualmente veicular, e permite por isso um melhor intercâmbio entre os vários
grupos étnicos quenianos.
Por último, importa referir que, em
África, apenas dois países reconheceram até agora as línguas locais dentro das
suas fronteiras: o Zimbabwe e África do Sul. Ambos oficializaram diversos
dialetos. Com Africa21
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