sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

No Círculo de doadores, já temos novos “Padrinhos”

Sempre ouvi dizer que “ninguém dá nada a ninguém”, será só meia verdade?

Esta ilusão repentina invadiu os líderes Guineenses em dificuldades objectivas e abstractas do ponto de vista material e humano, nesta preparação de confrontos, em Março deste ano, em Bruxelas com Doadores Internacionais, para descolar fundos de ajuda necessários para um arranque “blindado”, que se presume desde já robusto e convincente. Uma preocupação normal que levanta suspeitas de parte a parte, já notadas implicitamente nos preparativos, tanto de um lado, como de outro, olhos nos olhos, presumo que na prova oral, a “nota” final atribuída a Guiné-Bissau vai ser elevada! 


Por, Filomeno Pina

Um confronto dos fortes com as nossas fraquezas materiais, mas não políticas, porque teremos voz própria para confrontar os fortes (Doadores) com a nossa realidade e projecto de desenvolvimento sustentado, é para convencer, nesta árdua tarefa de tentar recuperar políticas mais justas para a nossa sociedade. Um sonho de vida digna para o reforço do ego-colectivo do Povo, sem pôr em causa a sua dignidade e prosperidade, tão desejadas, há décadas.

O momento é de saber escolher bem, escolhendo o melhor em alternativa às aparências de ajudas oferecidas do exterior, com segundas intenções por parte dos seus autores.

Por isso, há que estar atento, escolher a oferta que maior AJUDA trará ao País, afinal o Povo é quem mais precisa dessa ajuda para continuar a sua luta.

O Povo é “pobre” nos recursos materiais, mas não é pobre de espírito, e quer melhor projecto de vida, melhor política que ponha fim às suas dificuldades, com vantagens claras e transparentes para o Estado da Guiné-Bissau.

Precisamos de ajuda para o País e vamos conseguir convencer com seriedade e de cabeça levantada, firmar o projecto da Nação. Saberemos defender a necessidade desta ajuda oportuna, mas nunca seremos um “pau-mandado” da confiança dos Senhores de Bruxelas, para fazer apenas e só o que nos ordenam os senhores do dinheiro! Por isso mesmo, há que estudar letra a letra os dossiers/projectos, para serem discutidos e aprofundados de acordo com as vantagens e necessidades do País.

Cuidado com as migalhas gordas, Camaradas, costumam cair e encher os bolsos rasos dos nacionais-receptores.

Enquanto os senhores autores de projectos no estrangeiro, subsidiados com pesados milhares de milhões de euros ou dólares, guardam tudo fora, mantendo os olhos postos dentro da nossa Terra.

Porque, na verdade, este “bolo” foi conseguido à custa da imagem frágil da Guiné-Bissau! Venderam a ideia de que vão “ajudar” os Guineenses, controlando tudo, isso já sabemos. Agora falta ver para crer.

Bruxelas dá a quem entende e, nós fiscalizamos, trata-se de uma exigência importante, verificar a aplicação correcta dos apoios conseguidos para os fins a que foram destinados, só. 

Com o argumento de apoiar o nosso País, projectos vêm de fora para dentro, alguns podem não ter credibilidade operacional comprovada no terreno. É preciso sabermos com provas dadas no mundo do trabalho, quem são todos eles, sobretudo se na área industrial ou comercial, etc. têm boas obras feitas a título de referência, já que os temos agarrado na perna para entrarem na Guiné-Bissau. Então vamos controlar tudo. Lembrai-vos, temos o direito de conhecer todos os projectos de trás para a frente e vice-versa, informar, quando algo não corre como o previsto, penso.

Os concursos são anunciados lá fora (em Bruxelas), a maior parte dos concorrentes são europeus, a probabilidade de seleccionar um não Guineense é maior, porque não aparecem projectos de nacionais a concorrerem com os outros, em pé de igualdade no exterior, como há meses atrás se viu em Bruxelas, factos que reuniram interessados em investir na Guiné-Bissau para saber dos apoios possíveis ou não.

Se não temos condições técnicas ou tecnológicas para ganhar os concursos fora e depois trazer para o País a sua execução para o terreno, então há que ter por perto os projectos que entram, para sabermos tudo sobre o seu processamento e aplicação no País, uma aprendizagem necessária neste momento, penso.

Justifica neste momento uma “travagem” deste Governo, para exigirmos apresentação dos projectos, fazer um pró-reconhecimento, saber se há estudos feitos no terreno em todos eles, se devem continuar ou parar, por tempo determinado pelo Governo para alteração se necessário.

Justifica haver supervisão continuada nesta interacção Doadores e o Governo, do primeiro ao último dia que visar a aplicação deste processo. Conhecer a engenharia financeira, os custos dos projectos, como também, verificarmos se efectivamente estão a fazer o que “pomposamente” escreveram no papel. Temos de controlar, porque pode ficar esquecida na gaveta alguma execução e falhas e ninguém sabe do resto ou dos dinheiros que não foram utilizados para o fim a que foram destinados, para a Guiné-Bissau.

Os doadores podem fiscalizar, por seu lado, mas nós somos os mais interessados (Guineenses), por isso, quando um projecto não cumpre no terreno com as tintas que deixou, preto no branco, deve ser punido, travado e devolvido o motivo fraudulento ou corrupto se for o caso, à origem! O País através do Governo pode e deve dar satisfações técnicas, materiais e financeiras à proveniência neste caso, com relatórios oficiais detalhados, assinados pelo Governo e entregues aos Doadores.

Não deixamos por mãos alheias uma escolha pessoal e intransmissível, passar ao lado com uma “sapatilha” na boca, enquanto o País andar descalço, nunca!

Não faz sentido negligenciarmos este aspecto, a acontecer seria permitirmos que a nossa Terra continuasse a fazer milionários à custa das nossas desgraças e descuidos do Estado e do Governo. Vamos controlar, só assim podemos saber o que se faz ou projecta fazer-se a curto, médio e longo prazo (como diz o Governo).

Sem querer ferir susceptibilidades, continuo a pisar neste risco, porque receio que o Governo actual não tenha representação em Bruxelas a acompanhar este processo, para estar ao corrente de tudo que se passa há meses sobre tudo isto, onde parceiros e “amigos” da Guiné-Bissau, já submeteram os seus projectos com destino a intervenção futura no território nacional se forem aprovados!?

O Governo deve ter cópia fidedigna desses mesmos projectos “famosos”, avaliados no exterior do País, para logo a seguir, merecer os fundos financeiros atribuídos em nome da ajuda à Guiné-Bissau, e entregues aos autores dos projectos como é normal fazer-se!

Mas alguém sabe tudo sobre isto neste momento, julgo que não, uma coisa é a teoria da forma, outra, será o seu conteúdo. Não vamos ficar pelo formato das coisas, excitados ou influenciados pelas cosméticas apresentadas, apressados para ver o País a avançar, quando não temos noção da totalidade dos seus conteúdos.

Sabermos quem irá beneficiar mais, se nós ou os outros, é preciso, desta vez teremos os olhos abertos, penso que faz todo o sentido estarmos atentos a isto tudo.

Já muitos projectos entraram no País e tiveram início no terreno, mas não se concluíram, por isto ou aquilo. Na verdade nunca mais ninguém perguntou por nada, pergunto hoje mais uma vez, e porquê?

Os projectos que chegaram ao fim foram apenas os que, no final das obras feitas, recebemos  – chave na mão – o que significa que só depois de tudo pronto/feito, recebemos o presente! Vai continuar a acontecer ou algo vai mudar?

Há gente séria e capaz (sublinho), mas o contrário não é menos verdadeiro, por isso, o rigor, a responsabilidade séria exige que se criem Gabinete/s de controle e fiscalização de projectos em execução no País. Começar já, desde a primeira hora, a controlar e assim evitar mais corrupção continuada. Para a evitar, temos uma chave secreta – Instalar Burocracia Inteligente – que permitirá controlar documentos oficiais necessários e imprescindíveis ao processo de controlo, se não o fizermos, não iremos conseguir “apanhar” o faltoso e, muito menos, puni-lo, na lei!

Como exemplo: É bom saber o financiamento que terá um projecto “X” aplicado na Guiné-Bissau, saber: as suas despesas técnicas; salários dos seus operacionais (todos). Visto que é prática, os chefes e os gestores auferirem salários milionários, enquanto os nacionais, são pagos dentro dum escalão a condizer com os níveis praticados pelo Estado Guineense.

Esta prática, a ser confirmada, pode significar na prática um método fraudulento de esvaziamento do capital destinado ao projecto através de ordenados milionários (basta haver alguns a ganharem centenas de milhares de euros por ano, quando no seu país de origem, a fazer o mesmo que no projecto, nem se aproximaria a menos de metade do que vai ganhar no nosso País), enquanto outros (os Guineenses) ganham quase nada no seu País.

Mais uma razão para pensar que há projectos e projectos, alguns só servem os interesses dos seus autores e não os interesses do nosso Povo!

Projectos para a Guiné-Bissau devem ser muito bons, ok? São necessários como o pão para a boca, devem beneficiar em primeiro lugar o País. Até porque são financiados por causa do nosso Território, portanto há que ter em conta esta realidade, só.

Estar atentos a isto é pertinente, porque Projectos financiados por Bruxelas rumo à Guiné-Bissau, não foram selecionados para enriquecer os seus “autores/gestores”, mas sim para apoiar um País, que se encontra na fase mais difícil do seu desenvolvimento, económico, social e cultural.

Se acontecerem pagamentos de salários milionários, será o mesmo que uma fatia significativa desse dinheiro doado para Guiné-Bissau, acabar por continuar nas mãos dos autores dos projectos.

Será o mesmo que a maior fatia do “bolo” não ter saído sequer da Europa com destino ao nosso País, infelizmente, é assim, pense nisto Camarada!

Sem ofensa Camaradas, mas apenas afirmarem que queremos uma estratégia ambiciosa, para vários anos, isso já é bom, mas não chega!

Algum cuidado deveremos ter, porque um “contracto assinado” é para se cumprir. Logo estes “muitos anos” esperam cláusula implícita que nos permitirá a interrupção do mesmo contrato, caso venha a ser necessário, embora não seja nosso desejo, espero!

Já houve quem assinasse contratos com estrangeiros para o nosso País, para muitos e muitos anos, como quem deseja um feliz aniversário a alguém querido, com logos anos de vida como é costume fazer-se.

Aqui é preciso saber com que linhas se cosem por longos anos ou apenas “um”?

O País não está em saldo, irmãos! Quem esperou quarenta anos pode esperar mais um pouco, ver cada caso como um caso, avançando com melhor precisão no comando e, com dignidade profissional de referência na sociedade, como verdadeiros donos e filhos da Terra. Não seremos mais meninos de recado, somos “pobres”, mas sabemos o que queremos, não aceitamos qualquer esmola.

Diz bem o nosso Governo quando refere: “devemos ter uma visão de curto, médio e longo prazo”, ok! Mas acrescento, meus caros compatriotas, sobretudo uma visão mais dinâmica e controladora durante o processo. Não uma visão cristalizada, mas uma visão que acompanhe a constante mutação positiva e saudável do Desenvolvimento Sustentado em vista, e que permita mudanças quando é preciso, só.

Todo o cuidado é pouco Camaradas, sobretudo porque somos Guiné-Bissau, um país virgem e, a “MULHER” mais bonita da Costa Ocidental de África!

Estranhos e perversos circundam a roda da saia grande do território nacional, mas confiamos, que nada está ou estará à venda, nada deste corpo que nos pariu e mimou a todos, que havemos de deixar cada vez mais feliz e saudável, para os vindouros Guineenses e amigos da Guiné-Bissau!

Concordo com os “quatro eixos” de intervenções apontadas pelo Governo. No entanto, queremos saber se já pensou nos “pneus sobresselentes” por causa dos furos, caso venha a ser preciso mudar, durante o percurso?

E mais, camaradas, oiço muita fala e leio alguma escrita sobre a Biodiversidade da Guiné-Bissau, pois muito bem, tudo isso é muito bonito, no entanto, constatamos que muitos desses entusiastas estão igualmente inflamados, quase histéricos com esta ideia da exploração do petróleo na nossa fronteira marítima, então pergunto, em que ficamos!?

Acham que no ambiente da natureza proporcional à biodiversidade (biologia, ecologia e geologia), esta realidade irá conviver com as alterações químicas provocadas no futuro pela exploração do petróleo?

Bem, não vou mudar de assunto agora, porque ficará para mais tarde este assunto, mas vamos pensando nos prós e contras disto. Vejo gente feliz a pensar no petróleo futuro e, quase ninguém neste planeta inteiro, sabe “tapar o buraco” do ozono, ficando cada vez mais largo com o avanço das alterações climáticas, daí que há-de “engolir” tudo e todos, talvez um dia…

Receio, neste momento, que a ideia de “inquietude” esteja a ser vista pelo Governo do nosso lado, mas penso que não, é precisamente o contrário, se “doadores internacionais” não parecem inquietos, será sempre a fingirem como bons actores que são, acreditem sff.

Porque eles (os doadores) também estão a tentar a sorte, a fazerem-se à Noiva!

Cuidado e arranjem “espingardas” que disparem água de cheiros, assim marcados pelo cheiro diferente, ficamos a saber quem vem por mal, visto que há ideias de fora, que não nos interessam cá dentro, pense nisto Camarada!

A maior inquietude está do lado de fora do território nacional, mas todos eles pretendem inverter este efeito psicológico, com o objectivo de ver a Guiné-Bissau em saldo ou a “vender” o que nunca terá sequer um preço, nunca, a nossa Terra!

Estamos a pedir ajuda (sublinho), mas mesmo assim, ainda sabemos escolher a oferta que melhor servirá o Povo, só.

Bom trabalho a todos e, felicidades…


Djarama. Filomeno Pina.

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