Uma verdadeira tempestade política está
a atingir Brasília com cada vez mais vozes a não excluir o cenário de um
‘impeachment' da presidente Dilma Rousseff. A crise ganhou força quando esta
semana o procurador-geral Rodrigo Janot pediu ao Supremo Tribunal a abertura de
investigações a 54 pessoas por alegado envolvimento no ‘caso Petrobras' -
também conhecido como ‘Operação Lava Jato'. Dilma pertenceu à administração da
Petrobras durante um período em que já se registavam casos de corrupção e
desvio de fundos da petrolífera estatal para, por exemplo, financiamento dos
principais partidos.
Na oposição, por isso, há já quem
defenda o ‘impeachment' da presidente, tal como ocorreu em 1992 ao presidente
Fernando Collor de Mello. As redes sociais estão já mobilizadas para convocar
uma manifestação ‘anti-Dilma Rousseff' no dia 15 de Março. Os analistas
acreditam, no entanto, que Dilma não deverá perder o cargo devido ao ‘caso
Petrobras'. "A chance de um ‘impeachemnt' é quase zero", nota o
consultor político Thiago Aragão, da Arko Advice, ao El País, antes de rematar
que a saída de Dilma só poderia ocorrer caso protestos, como o do dia 15,
"se repetissem todos os fins-de-semana, durante meses". A ideia de um
‘impeachment', nota Aragão, serve apenas como "meio da oposição de colocar
a presidente na defensiva".
De acordo com a imprensa brasileira,
Janot também quis incluir a própria chefe de Estado na investigação, mas acabou
por desistir da ideia. Mais de 30 dos acusados são políticos, a maioria dos
quais petistas (Partido dos Trabalhadores) como Dilma.
Entre os investigados encontram-se o
presidente do Congresso de Deputados, Eduardo Cunha, e também o líder do
Senado, Renan Calheiros, ambos membros do PMDB, um dos partidos que faz parte
da coligação governamental. Calheiros, que rejeitou o plano de cortes
orçamentais de Dilma, lançou ontem fortes críticas à actuação do
procurador-geral. "Só lamento que o Ministério Público não tenha ouvido as
pessoas como é costume, para que essas possam defender-se", disse.
A ‘Folha de São Paulo' avançava que
Calheiros procura agora a protecção do Palácio do Planalto, de modo a obter
garantias de que, se a situação se agravar, irá continuar a ter apoio do PT
para manter a liderança do Senado. Este político defendeu ainda novas regras
para a nomeação do procurador-geral, uma vez que Janot termina o mandato em
Setembro e precisa da aprovação do Senado para ser reconduzido. "Quem sabe
se, no futuro, não teremos que colocar regras a este sistema, que foi tornado
electivo pelo Ministério Público", disse Calheiros. Com o Diário Economico
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