Uma visão diferente sobre o terrorismo,
avaliado num período relativamente curto da sua evolução nas últimas duas
décadas, levanta, necessariamente, uma abordagem diferente. Houve um tempo em
que o terrorismo estava localizado e conhecíamos os focos da sua existência,
sabíamos nomeá-los, reconhecer os seus territórios e fronteiras onde actuava.
Hoje esta facilidade acabou! Torna-se
mais difícil prevenir, responder e antecipar a sua acção criminosa, onde menos
se espera, está uma “célula” terrorista, capaz de provocar estragos e ainda
mobilizar adeptos, para serem treinados nas suas bases como forças especiais de
tipo “militar-suicida” para levarem a cabo os crimes planeados.
Portanto num passado recente era mais
fácil prevenir ou controlar o terrorismo (penso), mas os tempos mudaram! Hoje o
terrorismo já não é um problema “focal”, porque alastrou e não se encontra mais
num espaço delimitado, determinado ou fechado num único continente.
A acção terrorista encontra-se
fragmentada, espalhado por vários continentes, avança num ritmo preocupante,
invisível para o cidadão comum, tornando-se só reconhecidos os sinais da sua
existência, permanência, quando actuam para matar ou destruir, infelizmente.
Daí o facto de o considerar – fenómeno –
como objecto de estudo, um problema difícil de controlar e, tem sido uma
prioridade para as forças de defesa e segurança de vários Estados no mundo, a
ser analisado, avaliado e investigado em regime de alerta constante.
O terrorismo alastrou sem dúvida numa
escala maior, pode considerar-se – Fenómeno – não tendo só um “rosto”, uma só
tonalidade de cor da pele, não tendo só uma nacionalidade, na verdade vem
ganhando terreno com a mobilização de militantes/adeptos, tem sede na
clandestinidade espalhada pelo mundo para comandar operações de acção
criminosa!
Uma dificuldade acrescida óbvia e de
difícil resolução, que dificulta no terreno as autoridades Democráticas
organizadas em luta contra o terrorismo no mundo! Na verdade apontar, neste
momento, um canto seguro, onde possamos afirmar, “aqui não existe ou não
existirá o terrorismo”, é quase impossível poder fazê-lo, por enquanto.
Assistimos a mudanças de mentalidade e
de valores culturais. O terrorismo tem mobilizado indivíduos de várias
nacionalidades, que muitas vezes actuam em missões criminosas contra o seu
próprio País!
São adeptos do terrorismo indivíduos
“desviados”, predispostos ao comportamento de crimes de sangue, aderem à causa
por motivos abstratos, de natureza política, social, cultural, fanatismo
religioso, como forma de chamarem a atenção, de afirmação de poder e ou
rejeição.
Analisando o perfil social da crise no
mundo, salta à vista: ausência de projecto vida no próprio País de origem, uma
crise mundial frustrante ou até, perturbações psicológicas, psiquiátricas, são
factores de risco que poderão estar na base de influência desta população jovem
que se juntou ao terrorismo nos últimos tempos, mas, será apenas por esta razão
que aqui fica registado? Penso que não, pois haverá mais variáveis para
acrescentar com certeza nesta reflexão, penso.
Até onde pode chegar é a pergunta
implícita, pelo facto de atingir proporções gigantescas em relação ao passado,
e em curto espaço de tempo.
Perguntamo-nos: que medidas preventivas
ou de defesa a tomar para desmantelar as suas “células” espalhadas no mundo?
Qualquer medida bem organizada será urgente para travar a proliferação desta
adesão de novos militantes de várias nacionalidades, pró-terrorismo, nos dias
de hoje.
Assistimos
a acções terroristas e antiterroristas pelo mundo, em “diálogo” constante, onde
está uma, está o seu oposto, degladiando-se, parecendo uma luta pela nova
partilha de “territórios”, para uso do poder material e psicológico entre
ambos, mas, sabemos nós que a razão estará sempre do lado da Paz!
Pergunto: Porquê então o crescer do
terrorismo no mundo?
Esta questão que levanto está para além
do fanatismo religioso, cultural, etc. que normalmente é citado como motivo
fulcral dum determinado terrorismo.
Mas devo acrescentar que existem
diferentes organizações terroristas em acção, aqui fala-se de terrorismo/os.
Interrogo-me se isto terá a ver com negócios comerciais, industriais,
infiltrações de políticas de dominação do mais forte sobre o mais fraco ou
outras manobras subterrâneas!?
Hoje as perguntas silenciosas são: 1 – O
porquê da existência de tantos grupos de acção terrorista no mundo; 2 – Quem
afinal é terrorista ou que terrorismo moderno é este? Finalmente, uma análise a
ter em conta para provocar uma reflexão mais profunda sobre o fenómeno do
terrorismo.
Resta sublinharmos esta nova versão das
coisas, porque algumas vezes custa entender este fenómeno, perceber bem, quem é
realmente terrorista, i. é, porque por vezes o provocador está bem escondido,
enquanto que – quem passa ao acto a matar –
se torna mais visível fruto desta acção condenável em sociedade!?
Os “terroristas”, nos anos sessenta, por
exemplo, eram considerados pelo colonialismo Português, todos os Movimentos de
Libertação Nacional das ex-colónias! No entanto, temos uma questão paradoxal
aqui!
Afinal, quem era de facto terrorista? Era
o colonialismo Português como invasor ou o PAIGC, que se defendia do invasor
(uma missão ingrata para o Povo de ambos os lados) defendendo aquilo que é seu,
legítimo e por natureza. Facto e razão dos restantes movimentos políticos e
revolucionários da época, que lutaram contra o colonialismo Português, mas no
entanto confundidos com o terrorismo!?
A cabeça do polvo está sempre coberta de
corrupção complexa, difícil de desmontar, é um mundo aparte, que age
clandestinamente, vende bem o seu produto (droga, armas, tráfico humano,
prostituição, etc.). Por isso as guerras continuam sendo um bom mercado
internacional nos lugares escolhidos para manter o teatro das operações
activas, que acontecem normalmente nos países onde cheira o petróleo e outros
minérios, há guerras, terrorismo e outras podridões.
O terrorismo actual tem aparência de um
apêndice solto, deambulante, que continua a surpreender nos pontos onde surgem
acções de crime de sangue. Como linguagem cruel, em contrapartida, que consome
material bélico da indústria de guerra porque não são fabricantes de armas que
usam!
Por estas e por outras do género há
muita confusão no mundo, parecendo que o terrorismo veio para ficar,
acrescentar junto de outros conflitos armados actuais, para assim alimentarem o
negócio de armamento de guerra.
Posto isto, não haverá marketing mais
perfeito do que continuar a haver acções terroristas espalhadas pelo mundo, as
guerras declaradas em muitos Países…
Todos os que estão em guerra e os que
não o estão, mas por outras vias terão a necessidade de se armar até aos
dentes, movidos pela ansiedade fóbica deste mal!
E o negócio da venda de armas vai indo
“de vento em popa”, penso.
Assistimos a guerras entre o terrorismo
e o antiterrorismo, haverá muito mais para entender ligado ao fenómeno do
terrorismo. Pouco se sabe ainda acerca das suas reais motivações, a meu ver,
não serão só por fanatismo religioso, outros factores haverá que expliquem
melhor este fenómeno.
Por enquanto, o mais certo é o facto de
provocar medo na sociedade, receio até de pensar livremente e dando a cara. O
que na realidade ergue este marketing natural, silencioso e multifacetado, para
um negócio que parece vitalício, chegando a todo o lado e quando estaciona ou
encalha é para matar ou mobilizar militantes para a frente de acção.
Assistimos apenas a alguns sinais do
terrorismo através de crimes cometidos, compreender isto não é fácil sem haver
estudos aprofundados do comportamento terrorista.
As suas vítimas representam a meu ver
“sombras” duma realidade mental pouco conhecida na sua filosofia e contextos de
passagem ao acto. O que é que os faz agir/reagir dessa maneira, para além da
resposta linear conhecida como “fanatismo religioso”, acredito que também, no
entanto avançava para um estudo e investigação mais abrangente deste fenómeno.
Suponho serem bem maiores os motivos por
detrás disto e a motivação para o terrorismo, associados aos grupos
infiltrados, preparados para agir/explodir ou mobilizar militantes. Um
verdadeiro problema em crescimento nos vários continentes!
Qualquer investigação sobre o terrorismo
será complexa, visto que o fenómeno do terrorismo é: político, religioso,
social, psicossocial, material e económico…
Havendo vários factores contidos no
atrás referido, que não podem ser descurados num estudo de comportamento do
grupo ou do individuo terrorista.
Tudo isto exige respostas sociológicas,
culturais, psicológicas, de criminologia, de direito e não somente a resposta
militar interventiva, embora seja no terreno, aquela resposta que se reveste de
maior prontidão e eficácia nas situações em que estamos perante um ataque
terrorista, sem dúvida!
Mas posteriormente é preciso fazer mais,
para não nos ficarmos somente pelo “efeito” das consequências (troca de tiros e
recolha de cadáveres) e não se atingir verdadeiramente a base do problema,
arrancando-lhe o mal pela raiz.
Daí a necessidade de um estudo
aprofundado sobre o comportamento terrorista, tipologia, modelo comportamental de
acção e sua “filosofia/motivação”.
O verdadeiro terror mental aqui é, ao
mesmo tempo, um estímulo psicológico de atracção para certas “cabeças”. O facto
de o terrorismo “exaltar” agressividade e provocar terror e morte, para certos
indivíduos ditos normais, pode ser uma escolha, de acordo com a estrutura da
personalidade, para “esvaziar” a sua frustração, e ser esta uma via possível,
que tem levado muitos dos mobilizados de última hora, para uma “causa” em si
mesma perdida, porque o terrorismo como método jamais vencerá!
Por momentos, o terrorismo poderá servir
de “berço” ou acolhimento, como via para manifestar toda a loucura contra a
sociedade civil, mas, que terminará rendida às soluções Democráticas em
evolução constante, adaptável de acordo com a sociedade em causa, só.
Hoje, os terroristas passeiam-se, por
aí, misturados na sociedade, pisando o mesmo “chão”, como qualquer um de nós,
que vive esta realidade nua e crua sem saber onde ou como pode acontecer algo
mau e porquê?
A verdade dos factos custa a admitir,
mas diz-se ultimamente que “somos todos iguais e todos diferentes” à boca
cheia, mas na verdade, sempre fomos todos iguais, perante Deus! Na linguagem do
homem só agora este se deu conta, porque convém distribuir os males pelas
aldeias e unirmo-nos contra o terrorismo, aprendendo uns com os outros a
defendermos-nos dum mal comum, o terrorismo.
Tudo isto é urgente, hoje – já não se
define quem é terrorista pela cor da pele ou pela nacionalidade ou País de
origem – pergunto, será desta que vamos perceber que existe um único mundo para
todos e não dois, um para os bons e outro para os maus!?
Terroristas hoje têm cabelos loiros,
grisalhos, ruivos, castanhos, pretos, brancos… Também os há, com olhos azuis,
castanhos, pretos e outros, e ainda, quanto a cor da pele, há todas as
tonalidades possíveis entre os seres humanos e, por enquanto, porque um dia
talvez não admira que vejamos certos animais deste planeta de arma nas mãos
para defender a natureza do bicho-homem, que tanto mal tem feito ao mundo e
continua!
O terrorismo é força subterrânea,
discreto, que actua como uma maldição deste século. Infiltrado nas sociedades
através dos seus tentáculos, nos meios mais ortodoxos até aos ditos marginais.
Instala-se, mobiliza mulheres, homens e crianças, dispostos a matar e a morrer
por motivos estranhos, como valores ocultos até ao momento, mas, que saltam
para uma guerra de destruição e morte quando menos se espera, matam muita
gente, como temos constatado, infelizmente, em muitos Países.
Sem querer inferir nas modalidades de
intervenção, análise e reflexão acertadas ou formas de controlo do problema de
um Estado para outro, apenas quis chamar atenção, para a necessidade de
tratamento de risco, associados ao terrorismo, tais como: política religiosa,
política social e acção de prevenção e defesa antiterrorista, com objectivo de
reconsiderarmos com maior sensibilidade todos os factores, que estarão na base
deste fenómeno e cuidar o melhor possível da Paz total, para “todos iguais” no
planeta!
Devo acrescentar que não me dirijo aqui
a nenhum País em particular, qualquer semelhança será mera coincidência…
Mas, vale a pena abrirmos os olhos e
deixarmos de fingir não ver, ou ver só o que nos convém!
Djarama. Filomeno Pina.
Nota:
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expressas.
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