Os imigrantes oriundos dos Países Africanos de Língua
Oficial Portuguesa (PALOP) e do Brasil constituem as comunidades que mais
discriminadas se sentem em Portugal, revela um estudo hoje divulgado, por
ocasião do Dia Internacional do Migrante.
As comunidades em que o "sentimento de existência
de discriminação é mais generalizado" são as oriundas do Brasil e dos
PALOP, em particular de Angola e Cabo Verde, sendo "muito menos
acentuado" nas comunidades do Leste e da Ásia, conclui o estudo
"Diagnóstico da situação da população imigrante em Portugal:
características, problemas e potencialidades", que hoje foi apresentado
nas Jornadas do Observatório da Imigração, na Fundação Calouste Gulbenkian, em
Lisboa.
O estudo inquiriu um total de 5.669 pessoas, em vinte
e duas áreas do território nacional, de norte a sul do país, para traçar um
diagnóstico global da imigração não comunitária em Portugal - cidadãos naturais
de países não-membros da União Europeia -, na primeira década do século XXI.
De acordo com os resultados do inquérito, efectuado no
início de 2010, as comunidades da Guiné-Bissau e de Moçambique também se
referem a vivências de discriminação, "acima da média geral".
Já os cidadãos brasileiros deparam-se com
"comportamentos discriminatórios de forma mais transversal e
constante", sendo contudo "menos premente" nas entrevistas de
emprego.
As comunidades asiáticas com maior presença em
Portugal, por outro lado, "não apontam em grande escala ter sido vítimas
de discriminação, por motivos raciais ou étnicos".
As comunidades moldavam, ucraniana e russa parecem
também estar "algo protegido de discriminação", precisa o estudo,
que, contudo, salienta que os imigrantes da Europa de Leste são discriminados,
sobretudo em contexto laboral.
As situações de discriminação no trabalho afectam
igualmente uma "elevada percentagem" de cidadãos do Brasil (50,4%).
Nos serviços públicos, são os cidadãos moldavos quem
mais tende a reconhecer ter sido discriminado, seguidos dos brasileiros e dos
angolanos.
De acordo com o estudo, coordenado pelo investigador
Jorge Macaísta Malheiros da Universidade de Lisboa, três em cada quatro
inquiridos consideram que os imigrantes são alvo de discriminação em Portugal,
sobretudo ocasionalmente.
Os resultados destacam, no entanto, que o "relato
de experiências directas é bastante inferior" à percepção existente na
sociedade portuguesa: 42% referem-se a experiências directas, enquanto perto de
75% acham que há discriminação.
O estudo precisa ainda que é no "contexto
laboral" que os imigrantes mais se confrontam com este tipo de situações
(44%), seguidos dos serviços públicos, entrevistas de emprego e arrendamento.
No arrendamento, são os cidadãos do Brasil, da
Guiné-Bissau e de Cabo Verde que se sentem mais afectados.
Nas situações de discriminação institucional, são
citados sobretudo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, a polícia e os
serviços de saúde, precisa o estudo de 2010.
Em actos quotidianos, no supermercado, em lojas,
espaços públicos, cafés ou restaurantes, o reconhecimento de manifestações de
discriminação atingem uma incidência das respostas de 15 a 18%.
O estudo realça ainda, com "especial
preocupação", que 14% dos inquiridos indica já ter experimentado situações
de discriminação nas escolas..http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=64960
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