terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Imigrantes dos PALOP e do Brasil sentem-se os mais discriminados





Os imigrantes oriundos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e do Brasil constituem as comunidades que mais discriminadas se sentem em Portugal, revela um estudo hoje divulgado, por ocasião do Dia Internacional do Migrante.

As comunidades em que o "sentimento de existência de discriminação é mais generalizado" são as oriundas do Brasil e dos PALOP, em particular de Angola e Cabo Verde, sendo "muito menos acentuado" nas comunidades do Leste e da Ásia, conclui o estudo "Diagnóstico da situação da população imigrante em Portugal: características, problemas e potencialidades", que hoje foi apresentado nas Jornadas do Observatório da Imigração, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
O estudo inquiriu um total de 5.669 pessoas, em vinte e duas áreas do território nacional, de norte a sul do país, para traçar um diagnóstico global da imigração não comunitária em Portugal - cidadãos naturais de países não-membros da União Europeia -, na primeira década do século XXI.
De acordo com os resultados do inquérito, efectuado no início de 2010, as comunidades da Guiné-Bissau e de Moçambique também se referem a vivências de discriminação, "acima da média geral".
Já os cidadãos brasileiros deparam-se com "comportamentos discriminatórios de forma mais transversal e constante", sendo contudo "menos premente" nas entrevistas de emprego.
As comunidades asiáticas com maior presença em Portugal, por outro lado, "não apontam em grande escala ter sido vítimas de discriminação, por motivos raciais ou étnicos".
As comunidades moldavam, ucraniana e russa parecem também estar "algo protegido de discriminação", precisa o estudo, que, contudo, salienta que os imigrantes da Europa de Leste são discriminados, sobretudo em contexto laboral.
As situações de discriminação no trabalho afectam igualmente uma "elevada percentagem" de cidadãos do Brasil (50,4%).
Nos serviços públicos, são os cidadãos moldavos quem mais tende a reconhecer ter sido discriminado, seguidos dos brasileiros e dos angolanos.
De acordo com o estudo, coordenado pelo investigador Jorge Macaísta Malheiros da Universidade de Lisboa, três em cada quatro inquiridos consideram que os imigrantes são alvo de discriminação em Portugal, sobretudo ocasionalmente.
Os resultados destacam, no entanto, que o "relato de experiências directas é bastante inferior" à percepção existente na sociedade portuguesa: 42% referem-se a experiências directas, enquanto perto de 75% acham que há discriminação.
O estudo precisa ainda que é no "contexto laboral" que os imigrantes mais se confrontam com este tipo de situações (44%), seguidos dos serviços públicos, entrevistas de emprego e arrendamento.
No arrendamento, são os cidadãos do Brasil, da Guiné-Bissau e de Cabo Verde que se sentem mais afectados.
Nas situações de discriminação institucional, são citados sobretudo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, a polícia e os serviços de saúde, precisa o estudo de 2010.
Em actos quotidianos, no supermercado, em lojas, espaços públicos, cafés ou restaurantes, o reconhecimento de manifestações de discriminação atingem uma incidência das respostas de 15 a 18%.
O estudo realça ainda, com "especial preocupação", que 14% dos inquiridos indica já ter experimentado situações de discriminação nas escolas..http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=64960

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