O primeiro-ministro deposto da
Guiné-Bissau assumiu-se hoje como "candidato natural" à presidência
do país e responsabilizou a Comunidade Económica dos Estados da África
Ocidental (CEDEAO) pelo eventual adiamento das eleições, previstas para abril.
"Há um compromisso assumido
pela CEDEAO quanto ao período de transição. (...) Se não pode ser cumprido o
período de transição como estava estabelecido, a única responsabilidade cabe à
CEDEAO", disse Carlos Gomes Júnior, contactado pela Lusa para comentar declarações
recentes que apontam para o provável adiamento das eleições no país.
O acordo de transição na
Guiné-Bissau, assinado em maio após o golpe de Estado de 12 de abril, previa a
realização de eleições no prazo máximo de um ano, mas nos últimos tempos
avolumam-se as vozes dos que não acreditam em tal possibilidade.
"A nossa reação, como tem
sido até aqui, é de prudência, é de calma", disse o primeiro-ministro
deposto, que na altura do golpe de Estado se preparava para a segunda volta das
eleições presidenciais, depois de ganhar a primeira com 49% dos votos.
Carlos Gomes Júnior recordou que
falta ainda definir, no quadro das exigências do Conselho de Segurança da ONU,
o restabelecimento da ordem constitucional.
"Já havia terminado a
primeira volta das presidenciais e aguardava-se a continuação desse ato
eleitoral. Ninguém se pronuncia sobre isso", disse.
Carlos Gomes Júnior, que está
exilado em Lisboa desde o golpe de Estado, justificou ainda o adiamento do
congresso do partido a que preside, o PAIGC, de janeiro para maio: "Em
primeiro lugar têm de ser criadas as condições para o regresso do presidente do
partido - porque o presidente do partido é que dirige o congresso - e dos
dirigentes que estão no exterior".
Questionado se isso significa
que o congresso poderá ser novamente adiado, o dirigente afirmou que na altura
"o comité central analisará" se há condições para a sua realização.
Seja como for, Carlos Gomes
Júnior assume-se desde já como "candidato natural" à presidência do
país: "Naturalmente sou candidato. Ganhei a primeira volta com 49% dos
votos e isso representa a esperança que o povo da Guiné-Bissau e os militantes
do PAIGC depositam na minha pessoa".
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