Já que começámos com a necessidade de
estabelecer regras e objetivos, começo por colocar os meus pensamentos sobre a
questão. Se é verdade que num debate sobre o Estado nenhum ponto é intocável (a
liberdade de expressão deveria sempre permitir inclusivamente o seu próprio
fim), quem à partida recusar debater todo e qualquer ponto não pode ser levado
a sério. Se o estado deve ser reformado, não deverá haver temas de tabu, mesmo
que isso nos acabe a levar a um regime tendencialmente fascista ou comunista.
Cabe-nos a nós evitá-lo.
Obviamente que eliminar os temas tabus não é o mesmo
que dizer que toda a gente tem que aceitar tudo. Um liberal pode e deve
argumentar até à exaustão que o Estado deve ser encolhido até construir apenas
parques e bancos de jardim (na
expressão de Jeremy Clarkson). Em democracia, debater não significa abrir
mão daquilo que se considera essencial. Nem ter necessariamente que ceder nas
suas posições. Significa antes ter respeito pelas opiniões contrárias, ser
responsável e educado perante as opiniões absolutamente diferentes das suas e
aceitar as decisões tomadas de acordo com as regras. Infelizmente quem está no
poder (agora ou no passado) na Guiné - Bissau tende a esquecer-se disso.
Outro ponto essencial num debate destes passa pelo
estabelecimento dos objectivos. É correcto decidir se a função pública e as
nossas forças de defesa devem ser reformada, mas isso esquece um ponto
essencial: qual o estado que queremos? Queremos um estado pobre, onde a maioria
dos serviços não são asseguradas pelo estado? Se sim, quais? Ou queremos um
estado social, onde o estado não quer intervir para aliviar maioria da sua população
mais necessitada? Ou antes um sistema mais misto, com uma boa dose de estado a
cobrir a maioria da população para assegurar condições mínimas? Estas são para
mim questões que devem ser clarificadas à partida. E, mais que isso, devem
sê-lo com base num pensamento social e político, não apenas numas ideias algo
sexy copiadas do mais recente Pacto de transição politica na Guiné – Bissau.
O nosso saudoso Amílcar
Lopes Cabral lembrava a contribuição dos intelectuais para a discussão do
estado e da sociedade. Lembrava como René Maran ou Leopoldo Sédar Senghor contribuíram
para essa discussão, sendo a sua opinião valorizada mesmo por quem dela
discordava.
Depois deixarei as minhas opiniões sobre a Reforma do
Estado e das forças armada propriamente dita.
Por: Wilkinne
Paulo Mendes grande home
ResponderEliminar