Bissau - O ministro das Finanças do Governo de transição da
Guiné-Bissau, Abubacar Demba Dahaba, classificou hoje de "calúnias"
as afirmações do presidente do parlamento de que existirem despesas
não tituladas na execução orçamental do executivo.
Falando em
conferência de imprensa, Demba Dahaba admitiu terem sido realizadas
despesas não tituladas, conforme prevê a própria lei do país, mas
que já foram regularizadas 48 horas depois da execução.
Sem revelar o
valor em causa, o ministro das Finanças declarou que as despesas não
tituladas realizadas não foram na ordem dos 15 mil milhões de
francos (23 milhões de euros) como foi dito pelo presidente do
parlamento, Ibraima Sory Djaló. Demba Dahaba confirmou, no entanto,
que são despesas realizadas "devido à urgência de certas
situações" em que o Governo foi solicitado a pagar.
O ministro
das Finanças disse lamentar que tenham sido os deputados a trazer a
público "informações que não correspondem à verdade",
mas afirmou que neste momento todas as despesas realizadas pelo
Governo já foram tituladas.
Quanto à
acusação do presidente do parlamento de que o Governo de transição
está a governar sem apresentar um Orçamento Geral do Estado e
Programa do Governo Demba Dahaba disse que essas afirmações também
não correspondem à verdade.
O ministro
fez notar que existe um Orçamento Retificativo elaborado pela sua
equipa, que já foi apresentado e aprovado pelo conselho de
ministros, devendo esse documento ser entregue ao parlamento
proximamente.
No entanto,
Dahaba sublinhou que todas as despesas do Estado têm sido feitas à
base do duodécimo suportado pelo Orçamento Retificativo de 2012 que
ainda não foi entregue ao Parlamento porque estão a ser
introduzidas as sugestões do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Em relação
às acusações de Ibraima Sory Djaló e de vários deputados segundo
as quais o Governo não vai conseguir pagar os salários aos
funcionários públicos, o ministro das Finanças afirmou que em nove
meses de governação os salários sempre foram pagos.
"Até os
que nos acusam de não estarmos a pagar salários receberam até aqui
os seus salários", defendeu Demba Dahaba, aludindo aos
deputados.
O presidente
da Assembleia Nacional Popular (ANP) da Guiné-Bissau avisou na
segunda-feira que é impossível governar o país sem programa de
Governo e sem orçamento e recusou qualquer responsabilidade do
parlamento.
Falando na
Assembleia Nacional Popular, o responsável teceu críticas ao
Governo mas também aos pequenos partidos, considerando que muitos
deles nem existiam e que apareceram de novo após o golpe de Estado
de 12 de abril do ano passado.
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