O representante da ONU na
Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, considerou hoje que será fácil haver um
consenso na comunidade internacional para apoiar o país, cabendo aos guineenses
criar "um roteiro consensual" de transição.
O secretário-geral da ONU, o presidente
da Comissão Europeia, os dirigentes da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados
da África Ocidental), o Presidente da Nigéria, "todos estão comprometidos,
preocupados, e querem ajudar”.
“Por isso creio que não há
dificuldades em criar consenso na comunidade internacional, para que juntos
procuremos ajudar", disse.
José Ramos-Horta falava aos
jornalistas após um encontro com o Presidente da República de transição, Serifo
Nhamadjo, inserido numa ronda de contactos, especialmente de cortesia, com as
autoridades na Guiné-Bissau.
Ramos-Horta chegou na última
quarta-feira a Bissau para assumir o cargo de representante especial do
secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, substituindo Joseph Mutaboba na liderança
do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na
Guiné-Bissau - UNIOGBIS.
O representante avisou, no
entanto, que "cabe aos guineenses, sobretudo aos atores políticos,
dialogarem seriamente e concordarem rapidamente num roteiro, para que a CEDEAO
e a ONU o estudem" e vejam como podem apoiar o país, "com base num
roteiro consensual".
Depois dos encontros que já
manteve em Bissau, o representante da ONU afirmou-se "otimista e
confiante" em que o atual processo de transição desemboque numa paz
definitiva na Guiné-Bissau.
Mas acrescentou: "há ainda
grandes desafios, pode haver problemas imprevisíveis, temos de ser prudentes,
não excessivamente otimistas. Mas a ONU e os nossos parceiros estamos atentos e
com vontade de apoiar este processo de transição para que ele seja o mais
abrangente e credível possível".
Ramos-Horta salientou que não se
sabe ainda quando serão as eleições, mas defendeu que "não se deve forçar
demais" a realização do escrutínio "sem que primeiro tenha havido um
consenso nacional sobre para onde o país vai, para que as eleições se realizem
e o resultado seja aceite por todos".
Salientando que está "em
sintonia" com a CEDEAO, com a União Africana e com a Comunidade dos Países
de Língua Portuguesa (CPLP), Ramos-Horta considerou que se vive "um
período novo" em que todos os amigos do país "sintonizam as suas
posições convergindo para o mesmo objetivo".
Ramos-Horta elogiou o Presidente
de transição, "uma pessoa extremamente lúcida", simples e humilde e
"com uma enorme coragem e vontade profunda de levar o país a sair da crise".
"Senti da parte dele alguém
com quem a ONU pode trabalhar, assim como com outros atores nacionais",
disse, acrescentando que Serifo Nhamadjo "sabe que tem o apoio leal e
neutral" do representante de Ban Ki-moon.
Sobre as grandes expetativas
geradas à volta da sua ida para Bissau, José Ramos-Horta considerou-as
naturais, por ser alguém que os guineenses conhecem, proveniente de um país que
acarinham.
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