É importante que os parceiros da Guiné-Bissau se
decidam rapidamente pelo reconhecimento das autoridades de transição e prestem
apoio à conclusão do processo/período de transição consequente do golpe de
Estado de 12 de Abril de 2012, a fim de se proporcionar/viabilizar a retoma da
ordem constitucional, quiçá, da ordem democrática, promovida e sustentada pela
realização de eleições gerais o mais breve possível.
Apesar do realismo sobre a ruptura constitucional
provocada pelo (condenável como todos os anteriores) golpe de Estado de 12 de
Abril de 2012, importa referir que, face à viabilização do parlamento
guineense, enquanto órgão de soberania, e cujos deputados foram eleitos pelo
povo, seria de todo conveniente, não menosprezar o Artigo 1º da Constituição
da República, que define (entre outros) a Guiné-Bissau como República
Democrática, ou seja, cujos poderes políticos de representação do Estado, têm
que ser escolhidos e validados pelo povo, através de eleições.
Não sou apologista do prolongamento "sem fim à
vista" do processo e do período de transição. Sou da opinião de que, os
partidos políticos devem rever-se nas suas capacidades e estratégias para
merecerem a confiança do eleitorado e, assim, chegarem ao poder. Por isso,
seria interessante e importante que os partidos políticos se preparassem e
anunciassem publicamente, o mais rapidamente possível, os seus
posicionamentos e objectivos, visando a retoma da normalidade constitucional e
democrática, tendo em conta que a representação do poder é delegada pelo povo!
Um processo transitório, é apenas isso, mas tem
que ser definido/limitado no tempo, porque senão, o poder constituído por essa
via circunstancial, "acostuma-se" e depois, dificilmente aceita
reconhecer que o povo (dono do poder) tem que votar e decidir a quem
entregar/delegar a representatividade do país, do Estado, por um período
específico estabelecido na Constituição da República da Guiné-Bissau!
Somos um povo capaz, tal como todos os outros povos do
mundo, por isso, devemos ser capazes de entender a democracia, não à nossa
maneira, mas nos moldes da sua interpretação universal, numa primeira
avaliação, ainda que, possamos questioná-la, reflectir sobre a sua essência,
adaptá-la ou enquadrá-la em função da nossa realidade. Podemos fazer tudo isso,
mas antes, devemos interiorizar o conceito universal de democracia, já que o
Artigo 1º da nossa Constituição, define a nossa República, como sendo
Democrática, não numa especificidade/exclusividade democrática guineense, mas
num contexto universalista relativamente ao conceito de democracia!
Por:
Didinho
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