Bissau -
O presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP) da Guiné-Bissau,
Ibraima Sory Djaló, avisou hoje (segunda-feira) que é impossível
governar o país sem programa de Governo e sem orçamento e recusou
qualquer responsabilidade do Parlamento.
Falando
na Assembleia Nacional Popular, o responsável teceu críticas ao
Governo mas também aos pequenos partidos, considerando que muitos
deles nem existiam e que apareceram de novo após o golpe de Estado
de 12 de Abril do ano passado.
"Há
partidos que foram fundados e que nunca fizeram um congresso.
Partidos que já não existiam. O golpe de Estado não pode ser lugar
de ressurreição de partidos mortos", disse Ibraima Sory
Djaló.
O
presidente do parlamento referia-se implicitamente à criação de
uma Comissão Multipartidária e Social de Transição, uma proposta
de pequenos partidos e que serviria para regular o período de
transição na Guiné-Bissau. A ser criada, essa Comissão poderá
esvaziar os poderes da ANP.
Além
de crítico em relação a essa iniciativa, o presidente da ANP
deixou ainda críticas ao executivo e ao facto de até agora não
haver um programa de Governo e um orçamento, algo que a ANP pediu ao
executivo de transição ainda no ano passado, disse.
"Mandei
dizer ao governo para trazer o programa e o orçamento. A ANP não
quer saber, nem está interessada em saber, o que é que os partidos
estão a fazer, é assunto deles. O que dissemos foi para trazerem o
programa e o orçamento, para que de facto a ANP possa fiscalizar o
Governo", disse Sory Djaló.
De
acordo com o político, respondeu ao pedido da ANP o ministro da
Presidência do Conselho de Ministros, Fernando Vaz, "a dizer
que não podia mandar o programa e o orçamento porque ainda não
havia consenso com os partidos políticos".
"Eles
(o Governo) não vão trazer nada se não forem obrigados, porque
estão a governar com despesas não tituladas que já vão em 15 mil
milhões de francos (23 milhões de euros)", alertou.
Sory
Djaló avisou que o Governo já não tem dinheiro para pagar salários
em Fevereiro e se o fizer é porque se endivida ainda mais, e disse
aos deputados que a ANP tem o dever de fazer um debate exaustivo
sobre a matéria e produzir um documento a entregar à Presidência
da República, às chefias militares e ao Ministério Público a
alertar para o facto de o país ser governado sem programa e sem
orçamento.
O presidente disse que inclusivamente já perguntou ao Primeiro-ministro de transição sobre como é possível governar sem programa e sem orçamento, com dinheiro a ser gasto sem que ele possa controlar e sem que a ANP possa também controlar.
O presidente disse que inclusivamente já perguntou ao Primeiro-ministro de transição sobre como é possível governar sem programa e sem orçamento, com dinheiro a ser gasto sem que ele possa controlar e sem que a ANP possa também controlar.
Sory Djaló
disse que é preciso que a ANP vote uma moção e entregue aos outros
órgãos do Estado porque não quer assumir qualquer responsabilidade
no caso.
Ibraima
Sory Djaló afirmou que os que não querem a ANP é porque querem
"ficar a comer o dinheiro"? e criticou "os que estão
encostados no golpe (de Estado)".
"Os
militares fizeram o golpe para estragar esta terra? Foi para isso que
o fizeram? Não vamos aceitar isso nunca", garantiu.
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