O soldado norte-americano Bradley Manning está
sendo julgado pelo vazamento de informações secretas sobre a guerra do
Iraque que foram divulgadas pelo site Wikileaks.
Depois de mil dias preso sem julgamento, ele admitiu ter sido o responsável pelo vazamento dos documentos.
Mas o crime pelo qual pode ser condenado e que pode lhe custar uma
vida na prisão sem direito a condicional não é o do vazamento dos
documentos, mas o “ajuda ao inimigo, ou seja de traição. Para isso, a
promotoria chamou mais de 100 testemunhas com o objetivo de provar que
de o vazamento de fato ajudou o “inimigo”.
O objetivo de Manning, como o de Daniel Ellsberg 40 anos antes, não
era ajudar o “inimigo”, mas sim abrir um debate sobre a política dos
Estados Unidos nas guerras no Oriente Médio.
O caso de Manning coloca assim em questão a liberdade de imprensa.
Chama a atenção que os grandes jornais com os quais Manning primeiro
entrou em contato, não quiseram divulgar os documentos. Isso porque já
estão sob total controle do governo norte-americano. Esse fato, aliado
ao fato de que os que revelaram os documentos estão sendo caçados em
todo o mundo mostra que não há liberdade de imprensa. Os que poderiam
divulgar, se recusam, e os que ousam divulgar, são perseguidos. Ou seja,
a liberdade de imprensa é uma ficção: tudo que é divulgado é aquilo que
é permitido que seja divulgado. É uma informação cuidadosamente
controlada e filtrada.
A censura à imprensa é intensa em todo o mundo e é cada vez mais
comum o assassinato de jornalistas e até mesmo prisão. No Brasil são
rotineiros os processos que censuram os jornais a pedido de políticos ou
grandes empresários. A política da própria imprensa capitalista é a
censura.
A acusação de ajuda ao inimigo é, assim, apenas uma cobertura. O
governo norte-americano não quer sentenciar Bradley Manning à prisão
perpétua porque ele traiu os Estados Unidos, porque ele ajudou um
inimigo de guerra, e sim porque ele revelou à própria população
norte-americana e mundial grande parte da realidade por trás da política
bélica imperialista.
Os interesses dos Estados Unidos nas guerras, como no caso o
petróleo, são sempre disfarçados com a cobertura moral da guerra do “bem
contra o mal”, da democracia contra a ditadura ou, no caso, da “guerra
ao terror”. Os documentos mostram que não se trata disso e que todas as
alegações para a guerra não passam de pretextos para atender aos
interesses de grandes corporações.
O que revela esse fato é justamente a perseguição a Julian Assange, o
fundador do site Wikileaks, que divulgou os documentos fornecidos por
Manning. Como não era possível produzir as mesmas alegações contra ele
(até mesmo porque Assange sequer é norte-americano), o imperialismo
encontrou uma maneira de imputar a ele falsas acusações e transformá-lo
num dos homens mais perseguidos do mundo.
Essas revelações, a simples informação, são os que os Estados Unidos
mais temem e é por isso qeu Bradley Manning e Julian Assange, de maneira
ainda mais infundada, estão sendo duramente perseguidos por aqueles que
se apresentam como os grandes defensores da democracia e da liberdade
de expressão.
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