quarta-feira, 6 de março de 2013

Fronteira com o Senegal tem sido ignorada pela autoridade de Bissau



Bissau - O ministro da Administração do Território da Guiné-Bissau, Baptista Té, reconhece haver um "problema" na delimitação da fronteira do país com o Senegal, na zona de Cabo Roxo, mas desculpabiliza as autoridades vizinhas.
"Há hotéis construídos no território da Guiné-Bissau mas é uma violação por parte de empresários, em terrenos cedidos pelas populações", disse hoje o ministro do governo de transição em entrevista à Lusa.
Baptista Té esteve no passado fim-de-semana na zona de Cabo Roxo, junto à fronteira com o Senegal, e identificou marcos de delimitação de fronteira entre os dois países, aquém dos quais estão construídas estruturas turísticas como se fosse território senegalês.
Um deles, "o pilar 184", está mesmo dentro da mata de um hotel abandonado de um empresário alemão, disse, acrescentando: "sem dúvidas de que é território da Guiné-Bissau".
A delimitação de fronteiras entre os dois países na zona de Cabo Roxo tem suscitado "mal entendidos há muitos anos", disse o ministro, salientando no entanto que atualmente não há qualquer atrito com o Senegal ou com a Guiné-Conacri na questão de fronteiras.
"Não me cabe a mim decidir mas vi que realmente há zonas que foram violadas", disse Baptista Té, que, acrescentou, já informou o primeiro-ministro da necessidade de colocar "uma pequena administração na secção de Cabo Roxo".
O principal problema, explicou, é o de que o Senegal tem diversas infraestruturas na zona, de escolas a centros de saúde, e a Guiné-Bissau não tem sequer um posto administrativo.
"Não há nem um sinal. Devia de haver mais estruturas guineenses. Mesmo as populações disseram que não eram senegaleses, mas se o Senegal tem escola em francês não vão ficar à espera de uma escola portuguesa que não existe, têm de meter os filhos no Senegal", disse o responsável, segundo o qual as populações se sentem abandonadas pelo governo guineense: "desde o Spínola que nunca mais ninguém lá foi, fui o primeiro".
Baptista Té lembra que o povo que habita os dois lados da fronteira é da mesma etnia e diz que teve uma boa receção por parte das autoridades senegalesas, mas defende que tem de haver mais diálogo entre os dois países para "poder desanuviar a nuvem que cobriu o espaço" de Cabo Roxo.

Sem comentários :

Enviar um comentário


COMENTÁRIOS
Atenção: este é um espaço público e moderado. Não forneça os seus dados pessoais (como telefone ou morada) nem utilize linguagem imprópria.