Bissau - O ministro da Administração do
Território da Guiné-Bissau, Baptista Té, reconhece haver um
"problema" na delimitação da fronteira do país com o Senegal, na zona
de Cabo Roxo, mas desculpabiliza as autoridades vizinhas.
"Há hotéis construídos no território da
Guiné-Bissau mas é uma violação por parte de empresários, em terrenos cedidos
pelas populações", disse hoje o ministro do governo de transição em
entrevista à Lusa.
Baptista Té esteve no passado fim-de-semana na zona de
Cabo Roxo, junto à fronteira com o Senegal, e identificou marcos de delimitação
de fronteira entre os dois países, aquém dos quais estão construídas estruturas
turísticas como se fosse território senegalês.
Um deles, "o pilar 184", está mesmo dentro
da mata de um hotel abandonado de um empresário alemão, disse, acrescentando:
"sem dúvidas de que é território da Guiné-Bissau".
A delimitação de fronteiras entre os dois países na
zona de Cabo Roxo tem suscitado "mal entendidos há muitos anos",
disse o ministro, salientando no entanto que atualmente não há qualquer atrito
com o Senegal ou com a Guiné-Conacri na questão de fronteiras.
"Não me cabe a mim decidir mas vi que realmente
há zonas que foram violadas", disse Baptista Té, que, acrescentou, já
informou o primeiro-ministro da necessidade de colocar "uma pequena
administração na secção de Cabo Roxo".
O principal problema, explicou, é o de que o Senegal
tem diversas infraestruturas na zona, de escolas a centros de saúde, e a
Guiné-Bissau não tem sequer um posto administrativo.
"Não há nem um sinal. Devia de haver mais
estruturas guineenses. Mesmo as populações disseram que não eram senegaleses, mas
se o Senegal tem escola em francês não vão ficar à espera de uma escola
portuguesa que não existe, têm de meter os filhos no Senegal", disse o
responsável, segundo o qual as populações se sentem abandonadas pelo governo
guineense: "desde o Spínola que nunca mais ninguém lá foi, fui o
primeiro".
Baptista Té lembra que o povo que habita os dois lados
da fronteira é da mesma etnia e diz que teve uma boa receção por parte das
autoridades senegalesas, mas defende que tem de haver mais diálogo entre os
dois países para "poder desanuviar a nuvem que cobriu o espaço" de
Cabo Roxo.
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