A política do
Governo português foi sempre "ter, sofrer e superar" apenas um
resgate e de evitar a dependência dos credores após 17 de Maio, porque esse
cenário deixaria o país "sem liberdade e autonomia", disse esta
segunda-feira Paulo Portas em Madrid.
"Quando começas a falar do segundo resgate, uns meses depois
começas a falar do terceiro. O calendário português para sair do programa
termina a 17 de Maio: um só resgate, um só empréstimo e um só calendário",
disse o vice-primeiro-ministro, em declarações aos jornalistas em Madrid. Paulo
Portas falava à margem do Fórum Europa, uma iniciativa de debates informativos
promovida pelo Nueva Economia Fórum, durante a qual considerou que os últimos
anos de "dependência dos credores" fez Portugal "sofrer como
pais".
Como exemplo do
"vexatório" que tem sido estar resgatado, Paulo Portas referiu-se ao
facto de o Governo não poder, sem autorização da troika, avançar com a reforma
do imposto das sociedades, que garantiu, começará este ano, e do IRS, que espera
que possa arrancar em 2015.
"Não podemos
baixar impostos sem consentimento da missão externa. Podem compreender como é
vexatório, especialmente para a mais velha nação de fronteiras estáveis da
Europa, ter que discutir com os seus credores, até o detalhe sobre se se pode
ou não fazer uma redução de impostos para a competitividade económica",
declarou.
Num discurso em
que se referiu aos avanços nos indicadores económicos durante o último ano, o
vice-primeiro-ministro afirmou que 2014 será "o primeiro ano de
crescimento completo" e o "primeiro para além da troika".
Este ano, afirmou,
será "um melhor, com mais esperança" e, ainda que "não se deva
ter um optimismo irresponsável", os indicadores são hoje mais positivos do
que nos últimos anos.
Como exemplo, referiu-se
ao fim da recessão, à "evolução lenta, mas constante para melhor", do
desemprego, ao crescimento da produção industrial, das exportações, do turismo
e da confiança de consumidores e empresários, "nos melhores níveis dos
últimos cinco anos".
Paulo Portas
sublinhou ainda o facto de, há um ano, em Portugal, "por cada empresa que
abria, fechavam duas" e que agora "nascem duas por cada uma que
fecha", com o Governo a reduzir o défice de 10% "que herdou",
para "cerca de 5%".
"Quem passa
por uma situação como esta sabe que é muito fácil governar endividando as
gerações vindouras. Mas um dia tem que se pagar. E nesse dia não são os que
gastaram, nem os que endividaram que vão pagar. São todos, inclusive os que
jamais autorizaram tanta dívida, tanto gasto", vincou.
Portas aplaudiu a
decisão do anterior Governo socialista espanhol de introduzir a regra de ouro
sobre finanças públicas na Constituição, que, em sua opinião, "ajudou
Espanha a evitar um resgate geral" e "aumentou a confiança no momento
mais crítico".
O
vice-primeiro-ministro português, Paulo Portas, garantiu, por fim,que o Governo
não vai recuar na "factura da sorte" e insistiu que é uma medida de
incentivo "que convida de forma simpática" as pessoas a participarem
na economia formal. "Não vamos dar marcha atrás", disse.
O governante
português defendeu as medidas tomadas no âmbito do combate à economia paralela
em Portugal, afirmando que os empresários "com responsabilidade social são
os que querem viver na economia formal" e que, por isso, podem exigir
impostos moderados.
"Isso de
fazer concorrência ilegal aos do sistema formal não é um sistema tributário
justo. Os que podem fugir fogem, mas os que têm que pagar pagam sempre",
afirmou.
O
vice-primeiro-ministro considerou que em Portugal "não era tradição pedir
factura" e que as medidas planeadas pelo Governo "têm obrigações por
um lado e incentivos por outro".
"O sorteio é
uma das possibilidades de dar incentivo. Sorteiam-se as facturas que antes não
se pediam. Podes convidar as pessoas de forma simpática a fazerem o que têm que
fazer de forma obrigatória", afirmou.
//Lusa
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