Francisco
disse hoje no Vaticano que os padres devem ter uma atitude de “misericórdia”
perante as pessoas que se vão confessar e pediu que evitem fazer do
confessionário um “tribunal”.
“A
misericórdia escuta verdadeiramente com o coração de Deus e quer acompanhar a
alma no caminho da reconciliação. A Confissão não é um tribunal de condenação,
mas experiência de perdão e de misericórdia”, afirmou, numa audiência aos
participantes num curso promovido pela Penitenciária Apostólica da Santa Sé.
Francisco
sublinhou que a misericórdia é “o coração do Evangelho”, convidando os
presentes a não se esquecerem desta dimensão.
“A
misericórdia é o coração do Evangelho, é a boa notícia de que Deus nos ama, que
ama sempre o homem pecador e com este amor atrai-o para si e convida-o à
conversão”, declarou.
O encontro
aconteceu poucas horas antes de o próprio Papa ir confessar algumas pessoas na
Basílica de São Pedro, no Vaticano, durante a “litúrgica penitencial” que ali
vai decorrer a partir das 17h00 (menos uma em Lisboa).
A
intervenção alertou para “dois extremos opostos” na atitude dos sacerdotes
perante os penitentes, “o rigorismo e o laxismo”, e admitiu que muitos
católicos têm dificuldade em procurar o Sacramento da Reconciliação, “seja por
razões práticas, seja pela natural dificuldade de confessar a outro homem os
próprios pecados”.
“Por isso,
é preciso trabalhar mesmo em relação a nós mesmos, à nossa humanidade, para não
ser nunca um obstáculo mas favorecer sempre a aproximação da misericórdia e do
perdão”, disse Francisco aos participantes na audiência, sacerdotes e
seminaristas em preparação para a ordenação.
Segundo o
Papa, cada padre deve acolher os que se querem confessar “não com a atitude de
um juiz nem com a de um amigo, mas com a caridade de Deus, com o amor de um
pais que vê voltar o filho e vai ao seu encontro, do pastor que encontra a
ovelha perdida”.
“O coração
do sacerdote é um coração que sabe comover-se, não por sentimentalismo ou por
mera emotividade, mas pelas vísceras de misericórdia do Senhor”, precisou.
Neste
sentido, Francisco explicou que o “duplo papel” de médico e juiz, que a
tradição católica atribui aos confessores, os dever levar a “curar” e
“absolver”, lamentando a “imprudência, a falta de amor pastoral” que muitas
vezes afetam o momento da Reconciliação.
“Se houver
esta atitude de pai, que vem da bondade de Deus, isso nunca mais voltará a
acontecer”, observou.
A
intervenção aludiu às “dificuldades” da Confissão, por razões “históricas e
espirituais”, mas apresentou este Sacramento como “um imenso dom à Igreja” que
oferece aos católicos a “certeza do perdão do Pai”.
“Confiamos
à Virgem, Mãe de Misericórdia, o ministério dos sacerdotes e cada comunidade
cristã, para que compreenda cada vez mais o valor do Sacramento da Penitência”,
concluiu o Papa.
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