Secretário executivo da Comissão Económica para
África, Carlos Lopes, defende que perceção seria diferente com maior
conhecimento do que se passa em outras regiões do globo.
O secretário executivo da Comissão Económica para
África, ECA, disse que a imagem do continente é afetada pelo facto de os seus
conflitos não serem geridos completamente pela região.
Em entrevista exclusiva à Rádio ONU, Carlos Lopes
mencionou situações que, segundo ele, ilustram o que chamou preço alto pago
pelo continente por algumas das suas dificuldades.
Possibilidades
Lopes traçou um paralelo entre vários conflitos no
continente africano e questões asiáticas, as quais afirmou não afetam a
perceção das possibilidades dessas áreas.
"O que se passa atualmente na República
Centro-Africana não é muito diferente do que se passa em Mianmar com a minoria
Rohingya. O que se passa em conflitos de baixa intensidade, mas de longa
duração como na Guiné-Bissau ou no Mali, não é muito diferente do que se passa
na província de Shaba na Malásia, Iranjaya na Indonésia ou Mindanao nas
Filipinas. O número de mortos nesses conflitos é maior do que na África."
Intensidade
Para ele, a perceção seria diferente caso houvesse
melhor conhecimento do que se passa em outras regiões do mundo "ou pelo
menos se as análises fossem do mesmo tipo."
"Para cada um dos exemplos africanos há um
equivalente asiático pior. Há 100 milhões de africanos afetados por áreas de
conflito. Só na Índia, por causa dos conflitos dos naxalites e de Caxemira, há
200 milhões, mas ninguém diz que a índia não é uma potência emergente. O número
de pessoas mortas em todos os conflitos do Sudão é menos do que o número de
homicídios no estado do Rio de Janeiro. Nós temos que ver as coisas numa certa
perspetiva e os africanos têm um problema de imagem, de branding que têm a ver
com o facto de os seus conflitos não serem completamente geridos por africanos
e terem muita intervenção internacional.”
O também subsecretário-geral das Nações Unidas falou
à margem do lançamento de um informe que define a industrialização como
pré-condição para um crescimento inclusivo e económico sustentado.
Sem comentários :
Enviar um comentário
COMENTÁRIOS
Atenção: este é um espaço público e moderado. Não forneça os seus dados pessoais (como telefone ou morada) nem utilize linguagem imprópria.