“I have a dream” frase lapidar, atribuída
a Martin Luther King, foi proferida no dia 28 de
Agosto de 1963, na áurea década de 60 em que eu estava no dealbar da minha
juventude. Iniciava o discurso que haveria de marcar a história americana,
quando não a história universal, no qual falava da necessidade de união e
coexistência pacífica entre negros e brancos nos EUA.
Tendo
como palco os degraus do Lincoln Memorial em WashingtonD.C. integrando a Marcha de Washington pelo emprego e pela liberdade, foi
um momento decisivo na história do Movimento Americano pelos Direitos Civis.
O
orador teve um desfecho trágico, mas o poder do seu sonho galvanizou uma
plateia de mais de duzentas mil pessoas que apoiava a causa. Sendo um dos
motores da atividade humana, tal como Gedeão disse, “O sonho comanda a vida!”
Toda
a gente acalenta sonhos e vai lutando para a realização dos mesmos. É bom
sonhar, pois dizem alguns entendidos que o homem só envelhece quando os sonhos
dão lugar aos lamentos.
Faz
parte intrínseca da condição humana, sonhar... e é muito salutar. Neste
contexto do sonho, também eu alimentei, ao longo dos tempos, um pequeno...
grande sonho, dependendo da perspetiva.
Segundo
Fernando Pessoa “O Homem é do tamanho do seu sonho!” logo perante a lógica
pessoana, está aí justificada a minha pequena estatura.
Possuir
um esquilo como animal de estimação foi crescendo como intenção, acabando por
se tornar um sonho, avolumando-se, com o passar do tempo. Parece que os meus
gostos/sonhos se materializam em criaturas de reduzidas dimensões, tal como na
súbita aparição do patinho real, há duas semanas.
Nos Estados Unidos, um país pioneiro em muita coisa,
o squirrel (cuja sonoridade é muito semelhante à nossa
palavra esquilo) já é considerado animal de estimação. Com
temperamento social e pacífico, limpo e sem produzir mau cheiro, seria uma
ótima ideia para embelezar o meu bosque.
Dado o meu gosto por esta espécie de roedor, fiquei
a saber que os seus dentes incisivos precisam ser desgastados, pois crescem
continuamente. Galhos ou cascas de árvores ajudam no controle, distraem o
animal e são abundantes no bosque.
Muito vivaz, o esquilo não pára quieto. Gosta de
fazer ninhos com qualquer material que encontra pela frente, diverte-se com
brinquedos e sobe e desce rampas, quando ao seu alcance, no seu habitat. De dia
ou à noite, tem como hábito alternar períodos de vigília com descanso. A
expectativa de vida do bichinho é de apenas três anos, com possibilidade de
atingir, no máximo, quatro anos, o que muito me entristece.
Por esse mundo fora, deliciei-me a observar espécies
de esquilos, nos parques londrinos, a fazerem as delícias dos transeuntes.
Apreciadores de sementes, era vê-los de pé, nas patinhas posteriores, a
descascar com perícia os amendoins que lhes atiravam e que eles devoravam num
ápice.
Na Índia, proliferam nos parques naturais e correm à
nossa frente, esgueirando-se por entre arbustos e plantas como se fizessem
fintas aos turistas. Com uma cauda farfalhuda para um corpinho minúsculo são
uma prenda com que a natureza nos afaga.
Conhecendo a divina Providência estes meus gostos e
agora que os dias estão a crescer e a hora mudou, contemplou-me com a dádiva de
um casalinho de esquilos castanhos de cauda listrada... que irão fazer as
delícias do meu olhar... e de tantas criancinhas!
Já noutros tempos, estacionavam os seus
velocípedes para a contemplação das cabrinhas anãs, especialmente na altura em
que as crias de palmo e meio começavam a cabriolar, graciosamente, pelo bosque.
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