quarta-feira, 14 de maio de 2014

A LÍNGUA OFICIAL E CORRENTE COMO FACTORES DE UNIDADE E PROGRESSO DA GUINÉ - BISSAU



O elemento linguístico (no caso, a Língua Portuguesa e o Crioulo) é, por excelência, um factor de unidade, que está no cerne do processo da construção da Nação.

Tal prende-se com o facto de o nosso País ter assumido, desde a primeira hora, e sem qualquer reserva, o idioma Português como Língua Oficial.

Desde os primórdios, os autores da nossa independência perceberam que a questão da diversidade linguística nacional poderia ser um entrave na definição da, então, agenda única do objectivo da Luta de Libertação: a Independência Nacional (Programa Mínimo).

Olhando para o Português, como língua oficial, podemos visitar os critérios de R. Bell para a definição de uma língua como oficial e os critérios que deve satisfazer:

Uma das características, na adopção de uma Língua Oficial, é a padronização, que se prende com a unificação do que existe, de forma escrita, bem como o funcionamento da língua que, no nosso contexto, não nos diz muito, pois herdamos o Português como elemento de aculturação, apesar de, nos dias que correm, se falar mais o Crioulo e menos o Português.

Outro elemento característico é a historicidade, que tem a ver com a visão da língua, enquanto símbolo de identidade.

Outros elementos essenciais à fixação da Língua Oficial são a autonomia e a existência de um conjunto de normas de facto, que permitem ao utente da língua sentir-se um bom ou mau falante, precisamente porque existem regras que ensinam a falar bem a Língua Oficial, pois, só assim, ela consegue cumprir a sua função principal de socialização e partilha de valores comuns,

Se, por um lado, se pode discutir, com uma certa mestria, porém, sem dogmatismo, algo sobre o tema em análise, percebe-se, todavia, que a Língua é um elemento incontestável para a construção, não só de uma identidade política, mas, também, da unidade de um Povo.

De facto, a maneira como vemos, e vivemos, o Mundo é fortemente influenciada pela Língua Oficial que usamos, porque com ela categorizamos os objectos da nossa Cultura e o Mundo em que vivemos.

Na verdade, a nossa visão do Mundo é, em grande parte, influenciada pelos hábitos linguísticos do Grupo Cultural, entendendo-se a cultura, na perspectiva de Hudson (1990), como conhecimento apreendido dos outros, ou conhecimento que alguém possui por ser membro de uma sociedade, podendo aquele, por sua vez, ser conhecimento cultural adquirido, partilhado e não partilhado.

O presente texto não pretende pôr em causa as convicções, crenças  ou valores culturais, de quem quer que seja, mas apenas desencadear, com objectividade e discernimento, uma reflexão pacífica, em torno da nossa realidade social e política.

É a lucidez do pensamento que torna possível o exercício pleno da cidadania.

Há vários elementos, que poderíamos destacar, nesta reflexão.

Mas é sobre a Língua Oficial, em conjunção com as nossas Línguas Nativas, que optamos por localizar o nosso pensamento.

Queremos, deste modo, afirmar, com total lucidez, e sem reservas, essa realidade da nossa existência comum, enquanto Nação multiétnica e multicultural, que, bem gerida, poderá (deverá) ser um importante factor de criatividade e desenvolvimento, baseado, precisamente, na diversidade do nosso modo de ver o Mundo e a nossa própria realidade nacional.

Os exemplos abundam no Mundo.

Os Países de extrema complexidade social e cultural são, em regra, os mais criativos e dinâmicos e, por isso, tendencialmente, os mais bem-sucedidos nos seus empreendimentos.

Pelo contrário, os Povos (e Países) que, na sua dinâmica interna, pautam a sua existência colectiva, pelo medo sistemático da diferença, estagnam na sua busca do conhecimento e do desenvolvimento técnico, porque tolhem a criatividade, que faz a diferença, modelando-se por baixo (tal como pretende uma certa visão do Mundo da Moda, no Feminino), muitas vezes, na intriga, com apoio no estrangeiro. Ler mais aqui»»

Dr. Wilkinne


 

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