O elemento linguístico (no
caso, a Língua Portuguesa e o Crioulo) é, por excelência, um factor de unidade,
que está no cerne do processo da construção da Nação.
Tal prende-se com o facto de
o nosso País ter assumido, desde a primeira hora, e sem qualquer reserva, o
idioma Português como Língua Oficial.
Desde os primórdios, os
autores da nossa independência perceberam que a questão da diversidade linguística
nacional poderia ser um entrave na definição da, então, agenda
única do objectivo da Luta de Libertação: a Independência Nacional (Programa Mínimo).
Olhando para o Português,
como língua oficial, podemos visitar os critérios de R. Bell para a definição
de uma língua como oficial e os critérios que deve satisfazer:
Uma das características, na
adopção de uma Língua Oficial, é a padronização,
que se prende com a unificação do que existe, de forma escrita, bem como o
funcionamento da língua que, no nosso contexto, não nos diz muito, pois
herdamos o Português como elemento de aculturação, apesar de, nos dias que
correm, se falar mais o Crioulo e
menos o Português.
Outro elemento
característico é a historicidade,
que tem a ver com a visão da língua, enquanto símbolo de identidade.
Outros elementos essenciais
à fixação da Língua Oficial são a autonomia
e a existência de um conjunto de normas
de facto, que permitem ao utente da língua sentir-se um bom ou mau falante, precisamente porque
existem regras que ensinam a falar bem a Língua Oficial, pois, só assim, ela
consegue cumprir a sua função principal
de socialização e partilha de valores comuns,
Se, por um lado, se pode
discutir, com uma certa mestria, porém, sem dogmatismo, algo sobre o tema em
análise, percebe-se, todavia, que a Língua
é um elemento incontestável para a construção,
não só de uma identidade política,
mas, também, da unidade de um Povo.
De facto, a maneira como
vemos, e vivemos, o Mundo é fortemente influenciada pela Língua Oficial que usamos, porque com ela categorizamos os objectos
da nossa Cultura e o Mundo em que vivemos.
Na verdade, a nossa visão do
Mundo é, em grande parte, influenciada pelos hábitos linguísticos do Grupo
Cultural, entendendo-se a cultura, na perspectiva de Hudson (1990), como conhecimento
apreendido dos outros, ou conhecimento que alguém possui por ser membro de uma
sociedade, podendo aquele, por sua vez, ser conhecimento cultural adquirido,
partilhado e não partilhado.
O presente texto não
pretende pôr em causa as convicções, crenças
ou valores culturais, de quem quer que seja, mas apenas desencadear, com objectividade e
discernimento, uma reflexão pacífica, em torno da nossa realidade social
e política.
É a lucidez do pensamento que torna possível o
exercício pleno da cidadania.
Há vários elementos, que
poderíamos destacar, nesta reflexão.
Mas é sobre a Língua
Oficial, em conjunção com as nossas Línguas Nativas, que optamos por localizar
o nosso pensamento.
Queremos, deste modo,
afirmar, com total lucidez, e sem reservas, essa realidade da nossa existência
comum, enquanto Nação multiétnica e
multicultural, que, bem gerida, poderá (deverá) ser um importante factor de criatividade
e desenvolvimento, baseado, precisamente, na diversidade do nosso modo de ver
o Mundo e a nossa própria
realidade nacional.
Os exemplos abundam no
Mundo.
Os Países de extrema
complexidade social e cultural são, em regra, os mais criativos e dinâmicos e,
por isso, tendencialmente, os mais bem-sucedidos nos seus empreendimentos.
Pelo contrário, os Povos (e
Países) que, na sua dinâmica interna, pautam
a sua existência colectiva, pelo medo
sistemático da diferença, estagnam
na sua busca do conhecimento e do
desenvolvimento técnico, porque tolhem a criatividade, que faz a diferença, modelando-se
por baixo (tal como pretende uma certa visão do Mundo da Moda, no
Feminino), muitas vezes, na intriga, com apoio no estrangeiro. Ler mais aqui»»
Dr. Wilkinne
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