Todos falam mal da justiça e criticam
os tribunais e os seus magistrados", sublinhou, ressaltando que
"ninguém se preocupa realmente com o seu estado de funcionamento".
Este alertou para as consequências da
tentativa de "intromissão ou de invasão de competências alheia por parte
do poder executivo e outros no poder judicial
O presidente do Supremo Tribunal de
Justiça de São Tomé e Príncipe, José Bandeira, reclamou pelo valor resultante
da venda dos produtos petrolíferos apreendidos nos petroleiros que operavam
ilegalmente nas águas territoriais santomenses em 2013, soube-se de fonte
oficial.
"Os nossos tribunais judiciais
vivem carências de ordem financeira e orçamental jamais vistas em parte alguma
do mundo e com dívidas que se tornaram necessárias", disse José Bandeira
na abertura do novo ano judicial, sexta-feira.
Ele considerou grave a decisão do
governo de não alocar aos tribunais os 10 porcento do valor obtido da venda dos
produtos encontrados nos barcos apreendidos que operavam ilegalmente nas águas
territoriais santomenses.
Segundo ele, o primeiro-ministro, Gabriel
Costa, alega não ter transferido o valor correspondente aos tribunais pelo
facto de a decisão de autorização judicial para venda ter sido caducada.
"Nada mais falso e inaceitável,
cujo objetivo entendo ser apenas o de deixar os tribunais desprovidos do que é
seu por direito, e continuarem bloqueados financeiramente", afirmou.
Ele disse que o valor em causa se
enquadra numa norma do "código das custas judiciais por ser o
único e especial instrumento jurídico-legal que regulamenta a taxa de justiça
em São Tomé e Príncipe".
"Ha informações dignas de fé que
dão conta de que alguns setores envolvidos na operação de apreensão dos
referidos barcos já receberam o valor pecuniário a que têm direito. E porque
não os tribunais?" questionou.
Jose Bandeira, que é igualmente
presidente do Tribunal Constitucional e do Conselho Superior dos Magistrados
Judicias, afirmou que a reforma do setor da justiça reclamada "deveria
fazer dela uma prioridade real espelhada no orçamento geral do estado para o
ano económico de 2014 no que tange aos tribunais".
Falando na cerimónia presidida pelo
Presidente santomense, Manuel Pinto da Costa, na presença do primeiro-ministro,
Gabriel Costa, de membros do governo, de representantes do corpo diplomático e
de organizações internacionais acreditadas no arquipélago, José Bandeira
assegurou que a verba mensal que o governo coloca à disposição dos tribunais
judicias não ultrapassa 50 mil euros euros mensais.
"A separação de poderes e o
respeito pelas leis constituem a base da democracia e onde ela não existe
poderá ocorrer, mais tarde ou mais cedo, a tirania, a ditadura e a asfixia de
um dos poderes instituídos", sustentou o presidente do Supremo Tribunal de
Justiça.
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