O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões
Pereira, anunciou nesta terça-feira um Programa de Emergência Sanitária que
inclui o encerramento das fronteiras com a Guiné-Conakry e a proibição de
aglomerações de pessoas para prevenir a entrada do vírus Ébola no país.
“Os ministérios da Defesa e do Interior têm
instruções para tomar as medidas necessárias para efectivar o encerramento de
fronteiras", anunciou Domingos Simões Pereira em conferência de imprensa.
A medida terá também em atenção as zonas de passagem
não oficiais entre os dois países, referiu.
Está igualmente previsto um reforço das patrulhas
marítimas e do controlo de passageiros no aeroporto - as companhias que voavam
entre Bissau e os países afectados suspenderam as rotas, referiu, mas haverá
atenção redobrada com quem chega de forma indirecta.
O Programa de Emergência Sanitária inclui a
suspensão de actividades que impliquem ajuntamentos.
"Os ministérios da Saúde e Administração
Interna irão decretar a suspensão de quaisquer actividades que impliquem
aglomerados" tais como os "lumos", mercados nas povoações
fronteiriças, referiu Simões Pereira.
Está também prevista a instalação de hospitais de
campanha que serão espaços de referência para acolher eventuais casos
suspeitos.
Essas áreas vão ser criadas nos próximos dias no
Hospital Simão Mendes, principal hospital do país, em Bissau, no Centro de
Saúde Plack, também na capital, e no Centro de Formação de João Landim, alguns
quilómetros a norte de Bissau.
Haverá ainda um destacamento de equipas para a
fronteira e outros locais afastados dos centros de referência, com recurso a
tendas.
"Continua a não haver nenhum caso suspeito
registado" na Guiné-Bissau, destacou o primeiro-ministro, mas "os
números começam a ser alarmantes", apesar de ainda estarem longe da
fronteira e "recomendam" que se tomem medidas de prevenção.
Domingos Simões Pereira fez também um apelo ao
Presidente da República, José Mário Vaz, para que contacte as entidades
norte-americanas e avaliar a possibilidade de o país beneficiar do medicamento
que os EUA estão a usar para o tratamento de Ébola.
O governo está a trabalhar com parceiros
internacionais para ter à disposição medicamentos, conjuntos de protecção
pessoal, de recolha de amostras e de diagnóstico de Ébola.
Noutra acção, na sexta-feira, os membros do
executivo vão dar o exemplo e ser os primeiros a doar sangue numa campanha de
recolha para repor os stocks nacionais, igualmente prevista no programa.
Para os próximos dias está agendada a criação de uma
linha verde para onde qualquer pessoa pode ligar e reportar casos suspeitos.
O primeiro-ministro pediu ainda que os espaços de
atendimento público tenham água com lixívia à porta para os clientes
desinfectarem as mãos e desencorajou as saudações, sejam apertos de mão ou
beijos.
"É altura de informarmos de forma ponderada e
tranquila a nossa população.
Temos condições de para realizar prevenção e
esperamos que as medidas sejam suficientes para evitar a entrada da
epidemia", concluiu.
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