“Quando se cruza com diferentes estruturas que compõem a nossa sociedade percebe-se o quão é urgente a mudança. Não se trata apenas de mudança de pessoas para perpetuar um sistema de per si viciado, mas sim, uma verdadeira mudança de mentalidades e de comportamentos que facilitam a interiorização de valores e princípios. É evidente que a erradicação das práticas, e atitudes negativas enraizadas que nos afrontam à todos, não é um processo fácil, mas comprometemos irremediavelmente o futuro colectivo, se não formos capazes de identificar e aplicar soluções eficazes e duradoiras, pois o diagnóstico é bem mais complicado do que aparentava ser. “ - Bubacar Ture
Por, Fernando Casimiro (Didinho)
Para que a Boa Governação possa ser efectiva, a
Guiné-Bissau também precisa da intervenção e colaboração dos seus
Especialistas, Intelectuais das diversas áreas sociais e de desenvolvimento no
país e na diáspora (que não apenas os que têm uma relação/ligação directa,
profissional com o Estado) que devem posicionar-se, sempre que acharem que
outras perspectivas podem ser colocadas, não em jeito de confrontação ou
oposição às iniciativas do Governo, mas no intuito de ajudar o próprio Governo
a considerar outras possibilidades, outras realidades, que, por vezes, escapam
à governação, afinal, queremos todos o melhor para o nosso país e para o nosso
povo!
Muitas vezes somos mal interpretados neste nosso
exercício quotidiano, de anos, em torno de reflexões sobre o nosso país:
problemas e soluções, causas e consequências.
Mais (e melhor) do que eu e muitos
curiosos/aprendizes da cultura da cidadania, deveriam ser os mais habilitados
(certificados e reconhecidos como tal, com todo o orgulho) a nível académico e
nas diversas áreas profissionais de especialidade, a criarem mecanismos
propícios à dinamização de mudanças estruturantes na nossa Sociedade, com
ganhos para o país e para as nossas populações, independentemente dos contextos
das abordagens, resumidos à Organização Política do Estado e ao Desenvolvimento
Social.
Não basta dizer que sou isto ou aquilo e que
contribuo para o país de forma discreta, quando essa contribuição se resume à
actividade profissional remunerada na Função Pública e limitada ao período
laboral de exercício dessa actividade profissional.
Se não o fizerem, alguém tem/terá que o fazer e é
isso que, ao longo dos anos, com as nossas limitações, é certo, temos vindo a
fazer e continuaremos a fazer, até que cheguemos à conclusão de que não
ficaremos todos a dormir, embalados pelas recompensas de uma cultura de
conformismo que continua a impedir a Guiné-Bissau de se estruturar convenientemente
a fim de se afirmar como Estado, com direitos sobre os seus cidadãos e as
populações, mas também, com deveres para com os seus cidadãos e as populações
residentes no país.
Num momento de viragem de página, que se impõe para
a Guiné-Bissau; num momento de mudança de mentalidade, de comportamento e de
atitude que se impõe aos guineenses, face a uma nova realidade governativa, com
gente jovem, academicamente/tecnicamente melhor preparada, não podemos
continuar a sustentar a cultura do conformismo e da subserviência, como
"recompensa" por favores prestados.
É chegada a hora de todos exigirmos, com elevação,
realismo e responsabilidade, melhores soluções políticas, quiçá, maiores ganhos
na vertente do Desenvolvimento Social, para o país e para as nossas populações
e isso, não passa exclusiva e necessariamente pelo poder político, legitimado
pelo nosso povo. O povo guineense tem o direito e o dever de participar na
edificação e sustentação da Nação guineense, por isso, todos nós devemos, com
as nossas capacidades e competências, ajudar no que formos capazes de ajudar.
Nota: Os artigos assinados por amigos, colaboradores ou outros não vinculam a IBD, necessariamente, às opiniões neles
expressas.
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