quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Guiné – Bissau, viva a cidadania!



“Quando se cruza com diferentes estruturas que compõem a nossa sociedade percebe-se o quão é urgente a mudança. Não se trata apenas de mudança de pessoas para perpetuar um sistema de per si viciado, mas sim, uma verdadeira mudança de mentalidades e de comportamentos que facilitam a interiorização de valores e princípios. É evidente que a erradicação das práticas, e atitudes negativas enraizadas que nos afrontam à todos, não é um processo fácil, mas comprometemos irremediavelmente o futuro colectivo, se não formos capazes de identificar e aplicar soluções eficazes e duradoiras, pois o diagnóstico é bem mais complicado do que aparentava ser. “ - Bubacar Ture


Por, Fernando Casimiro (Didinho)

Para que a Boa Governação possa ser efectiva, a Guiné-Bissau também precisa da intervenção e colaboração dos seus Especialistas, Intelectuais das diversas áreas sociais e de desenvolvimento no país e na diáspora (que não apenas os que têm uma relação/ligação directa, profissional com o Estado) que devem posicionar-se, sempre que acharem que outras perspectivas podem ser colocadas, não em jeito de confrontação ou oposição às iniciativas do Governo, mas no intuito de ajudar o próprio Governo a considerar outras possibilidades, outras realidades, que, por vezes, escapam à governação, afinal, queremos todos o melhor para o nosso país e para o nosso povo!

Muitas vezes somos mal interpretados neste nosso exercício quotidiano, de anos, em torno de reflexões sobre o nosso país: problemas e soluções, causas e consequências.

Mais (e melhor) do que eu e muitos curiosos/aprendizes da cultura da cidadania, deveriam ser os mais habilitados (certificados e reconhecidos como tal, com todo o orgulho) a nível académico e nas diversas áreas profissionais de especialidade, a criarem mecanismos propícios à dinamização de mudanças estruturantes na nossa Sociedade, com ganhos para o país e para as nossas populações, independentemente dos contextos das abordagens, resumidos à Organização Política do Estado e ao Desenvolvimento Social.

Não basta dizer que sou isto ou aquilo e que contribuo para o país de forma discreta, quando essa contribuição se resume à actividade profissional remunerada na Função Pública e limitada ao período laboral de exercício dessa actividade profissional.

Se não o fizerem, alguém tem/terá que o fazer e é isso que, ao longo dos anos, com as nossas limitações, é certo, temos vindo a fazer e continuaremos a fazer, até que cheguemos à conclusão de que não ficaremos todos a dormir, embalados pelas recompensas de uma cultura de conformismo que continua a impedir a Guiné-Bissau de se estruturar convenientemente a fim de se afirmar como Estado, com direitos sobre os seus cidadãos e as populações, mas também, com deveres para com os seus cidadãos e as populações residentes no país.

Num momento de viragem de página, que se impõe para a Guiné-Bissau; num momento de mudança de mentalidade, de comportamento e de atitude que se impõe aos guineenses, face a uma nova realidade governativa, com gente jovem, academicamente/tecnicamente melhor preparada, não podemos continuar a sustentar a cultura do conformismo e da subserviência, como "recompensa" por favores prestados.

É chegada a hora de todos exigirmos, com elevação, realismo e responsabilidade, melhores soluções políticas, quiçá, maiores ganhos na vertente do Desenvolvimento Social, para o país e para as nossas populações e isso, não passa exclusiva e necessariamente pelo poder político, legitimado pelo nosso povo. O povo guineense tem o direito e o dever de participar na edificação e sustentação da Nação guineense, por isso, todos nós devemos, com as nossas capacidades e competências, ajudar no que formos capazes de ajudar.

Nota: Os artigos assinados por amigos, colaboradores ou outros não vinculam a IBD, necessariamente, às opiniões neles expressas.

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