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O estudo foi feito pela ONG Djinopi e centrou-se nas
comunidades islamizadas de Bissau e Bafatá, duas das regiões da Guiné-Bissau
onde a prática da excisão feminina é mais acentuada, mesmo perante a lei que a
criminaliza, aprovada no Parlamento em 2011.
A partir das respostas de homens das duas
comunidades, o estudo concluiu que cerca de 89% acreditam que a excisão "é
uma lei, um dever" que todas as mulheres muçulmanas devem cumprir para que
possam ser aceites na comunidade.
A socióloga guineense Cremilde Alves, autora do
estudo, diz que "tudo isso não passa de um preconceito" que precisa
de ser "desconstruído" na mente dos homens, uma vez que a religião
islâmica não tem nada a ver com a prática da excisão.
Acreditar que uma mulher não excisada não poderá
cumprir tarefas domésticas "é um mito" que não tem fundamentação no
Islão, mas em crenças ancestrais, diz a investigadora que percorreu as duas
comunidades para perceber como era tratado o fenómeno.
Cremilde Alves afirma que existe "uma certa
confusão" na interpretação dos preceitos religiosos na Guiné-Bissau, uma
vez que nos países islâmicos, como é o caso da Arábia Saudita, a prática de
excisão não é observada.
Para a investigadora, a prática só poderá ser
justificada com crenças pré-islâmicas na Guiné-Bissau porque mesmo com a Fatwa
(decreto religioso) pronunciada em 2013 pelos líderes islâmicos do país contra
a excisão, a mutilação persiste em várias comunidades do país.
A prática de excisão feminina é mais acentuada na
etnia Fula (uma das mais representativas do país) que a consideram uma honra.
"Ficou evidente que tanto os homens como as
mulheres desse grupo étnico estão muito ligados à questão da honra
feminina" de quem tenha sido submetida à excisão, sublinha a
investigadora, que recomenda um trabalho de "desconstrução dessa
verdade" através de campanhas de sensibilização.
O estudo revela também que existe nas duas
comunidades, Bissau e Bafatá, "um certo preconceito" das mulheres em
relação àquelas que não tenham sido submetidas à excisão, classificadas como
"impuras e sujas".
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