O primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, anunciou que a estratégia de desenvolvimento da Guiné-Bissau vai centrar-se na biodiversidade.
O governo da Guiné-Bissau vai colocar a
biodiversidade no centro da estratégia de desenvolvimento do país que vai
propor à população e parceiros internacionais nos próximos meses, anunciou o
primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira.
“A Guiné-Bissau tem coisas únicas que até hoje não
estão a ser exploradas”, referiu, a propósito das parcelas de território
classificadas como património natural.
A ideia foi anunciada na noite de sábado num
encontro com autoridades nacionais e com a comunidade internacional, em Bissau,
após um retiro dos membros do governo para análise dos primeiros 100 dias de
trabalho do executivo.
“Estamos perante o grande desafio de falar de uma
Guiné positiva que desafia os parceiros”, referiu Domingos Simões Pereira: “Não
seremos mais um fardo, mas uma pérola que deve ser valorizada”. A aposta na
biodiversidade foi destacada por Paulo Gomes, terceiro candidato presidencial
mais votado nas eleições deste ano na Guiné-Bissau, antigo quadro superior do
Banco Mundial e do Banco Africano de Desenvolvimento.
Paulo Gomes foi uma das figuras convidadas pelo
governo para dar contributos no retiro realizado no sábado e participou no
encontro que seguiu. Aquele responsável comparou o programa de governo a um
“armário com várias gavetas”.
“E o que é que está a aguentar esse armário? É a
nossa biodiversidade. E nós queremos vender isso claramente na nossa mesa
redonda”, referiu, numa referência à reunião a realizar no início de 2015 para
angariação de fundos junto de parceiros internacionais com vista ao
financiamento dos planos de desenvolvimento do país.
“Queremos ser o ‘hub’ [país aglutinador] da
biodiversidade na África Ocidental e a nível mundial”, acrescentou.
Paulo Gomes sublinhou que se os recursos naturais
forem aproveitados, o Produto Interno Bruto (PIB) anual da Guiné-Bissau “será
muito mais” que um milhão de dólares, estimativa atual que faz do país, um dos
mais pobres do mundo.
“Tenho a certeza que se tirassem a Guiné-Bissau do
mapa, as pessoas iam dizer que esse país faz falta”, disse, numa alusão à
exploração de recursos em terra e ao largo da costa. De acordo com as
autoridades guineenses, cerca de um quinto (24,7%) do território do país está
coberto por áreas protegidas – sendo que o arquipélago dos Bijagós, com 88
ilhas e ilhéus, faz parte da lista de reservas da biosfera da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
O secretário executivo da Comissão Económica das Nações
Unidas para África, o guineense Carlos Lopes, foi outra das figuras que
participou no retiro governamental e que marcou presença no evento que se
seguiu. Antes de sair, foi presenteado pelo primeiro-ministro com um passaporte
diplomático da Guiné-Bissau, como demonstração “do orgulho” que o país tem no
seu trabalho, referiu o chefe de governo.
Carlos Lopes atribuiu ao momento “uma simbologia
muito grande”. Domingos Simões Pereira “estava ao corrente das dificuldades que
eu sempre tive em obter passaporte diplomático da Guiné-Bissau. Ele quis
demonstrar de uma forma pública esse reconhecimento”, referiu
Ao longo das intervenções que realizou, deixou a
ideia de que “chegou o momento para a Guiné-Bissau entrar na modernidade
política e na transformação económica”, graças ao “primeiro-ministro e outros
governantes que estão empenhados em construir consensos”.
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