A
Encarregada de Negócios da Guiné-Bissau junto das Nações Unidas disse hoje perante o Conselho de Segurança, em Nova
Iorque, que "é tempo de ações concretas" da comunidade internacional
em relação ao país.
"Os problemas que a Guiné-Bissau
enfrenta têm sido relatados uma e outra vez neste Conselho e em vários outros
fóruns internacionais. Agora, acreditamos que é tempo de ações concretas, é
isso que o povo da Guiné-Bissau espera da comunidade internacional e de todos
os que estão presentes", disse Maria Pinto Lopes D'Alva, numa reunião do
Conselho de Segurança.
"A Guiné-Bissau tem sido alvo de
enormes dificuldades e desafios durante anos, temos muita necessidade de apoio
e ajuda financeira da comunidade internacional para continuar no caminho do
desenvolvimento", disse a Encarregada de Negócios da Guiné-Bissau junto das Nações Unidas.
No mesmo encontro, o representante do
secretário-geral da ONU em Bissau, Miguel Trovoada, fez uma representação sobre
o relatório da missão de avaliação estratégica, divulgado a 19 de janeiro.
"Quanto aos objetivos principais,
consolidação do Estado de direito, promoção de boa governação e reforma das
instituições do Estado, houve progressos encorajadores no domínio do
planeamento estratégico e desenvolvimento de legislação, sobretudo nas áreas de
defesa, segurança e justiça", destacou Trovoada.
O responsável disse ainda que
"apesar de todos estes esforços, a situação permanece frágil" e que,
por isso, “o sistema da ONU felicita a aprovação pelo Governo de uma abordagem
integrada, garantindo a complementaridade dos esforços para erradicação da
pobreza e desenvolvimento económico, com boa governação e promoção de programas
sociais."
Lembrando que o auxílio da comunidade
internacional não pode durar para sempre, o representante do secretário-geral
disse que “a filosofia inspiradora da ação dos parceiros deve ser a criação de
condições que permitam à Guiné-Bissau passar sem a ajuda internacional."
Trovoada lembrou ainda as mudanças
sugeridas pelo secretário-geral no papel do UNIOGBIS, sobretudo dando ao
representante especial "um papel reforçado" nos temas do
"diálogo nacional e do processo de reconciliação".
O embaixador do Brasil junto da ONU,
António de Aguiar Patriota, enquanto presidente da Comissão de Construção de
Paz, também participou no encontro.
"É tempo de mudar a visão antiga de
que a Guiné-Bissau é um caso crónico de corrupção, impunidade", disse
Patriota.
O embaixador mostrou-se muito otimista
em relação ao futuro do país, dizendo que o atual executivo "mostra a
diferença que um governo legitimo, competente e inclusive, que trabalha com os
parceiros internacionais, pode fazer."
"O que é diferente de qualquer
outro período da história moderna da Guiné-Bissau é que, apesar dos desafios,
pela primeira vez um futuro melhor e mais estável parece possível", disse
Patriota.
O embaixador do Gana na ONU, Ken Kanda,
falou como representante da Comunidade Económica dos Estados da África
Ocidental (CEDEAO), bem como a embaixadora de Timor-Leste, Sofia Borges, que
representou a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Todos os participantes se mostraram a
favor do prolongamento da missão da ONU no país, repetindo a recomendação do
secretário-geral.
O Conselho de Segurança deve votar a
renovação do mandato no dia 18 de fevereiro.
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