O primeiro-ministro guineense sublinhou
hoje, em Lisboa, a importância do projeto de construção de uma rede elétrica de
alta tensão na Guiné-Bissau, no âmbito de um programa regional, que entrará em
funcionamento em 2016.
"Este projeto é importante no
quadro da OMGV (Organização para o Aproveitamento da Bacia do Rio Gâmbia, na
sigla francesa) que deverá entrar em funcionamento no próximo ano. Cada um dos
países membros desta organização deve subscrever a sua cota dentro do programa",
declarou Domingos Simões Pereira.
O primeiro-ministro guineense fez estas
declarações à imprensa após uma reunião, no Palácio de Belém, com Aníbal Cavaco
Silva, a quem foi apresentar uma atualização da situação na Guiné-Bissau e
"ouvir os conselhos" do Presidente português.
"A Guiné-Bissau tem uma cota muito
importante, se não me engano cerca de 30 megawatts, é algo importante para a
Guiné-Bissau nesta fase e, por isso, chega em boa altura o pronunciamento de
alguns parceiros no sentido de apoiarem a subscrição da cota da Guiné-Bissau
para a sua conexão às duas barragens", afirmou Simões Pereira.
A Guiné-Bissau vai receber um
financiamento de 78 milhões de dólares (73 milhões de euros) do Banco Mundial
para a construção de 218 quilómetros de rede de transporte de energia de alta
tensão e de dois postos de transformação em locais estratégicos de
distribuição, Saltinho e Bambadinca.
A concretização do projeto deverá passar
agora pelos concursos para obras e permitirá aproveitar a eletricidade que será
produzida a partir deste ano na barragem de Kaleta, na Guiné-Conacri. Ao mesmo
tempo deverá avançar a construção da segunda barragem no quadro da OMGV em
Sambangalou (no Senegal).
Com as duas infraestruturas em
funcionamento e com os cabos de interconexão ligados, o Governo estima que a
Guiné-Bissau tenha 40 por cento das suas necessidades energéticas resolvidas.
A OMGV vai organizar ainda em maio uma
mesa redonda de doadores para construir uma barragem de irrigação agrícola na
Guiné-Bissau orçada em 80 milhões de euros.
Sobre a conferência internacional para a
Guiné-Bissau, realizada em Bruxelas em março, Simões Pereira mostrou-se grato
pela participação ativa de Portugal, que tenciona assinar até junho um novo
programa estratégico de cooperação com o país africano num montante de cerca de
40 milhões de euros.
No total, a comunidade internacional irá
mobilizar uma ajuda à Guiné-Bissau de mais de mil milhões de euros.
Segundo o primeiro-ministro, "outro
dos aspetos importantes que é compreender qual é a forma física deste 'cheque'
e como é que se montam as estruturas para uma implementação cuidada e
criteriosa deste pronunciamento que a comunidade internacional fez. Há um
trabalho a ser feito e a comunidade internacional se afirma disponível a
trabalhar connosco (..)."
"Nós apresentamos em Bruxelas 151
projetos. Isto poderia ser considerado uma lista de intenções. Nós, neste
momento, estamos a trabalhar com a perspetiva de nos próximos três meses
convocar um fórum económico, no qual esperamos poder desenvolver programas
específicos. Um 'business plan' para cada um dos projetos que aí
apresentamos", afirmou.
"Sempre chamamos a atenção que nós
não desenvolvemos um plano estratégico para a mesa redonda. Nós apresentamos
uma visão de futuro, desenvolvemos uma visão estratégica e agora estamos a
implementá-la", assinalou, dizendo que todas as componentes são
importantes.
O primeiro-ministro também disse que o
lançamento da campanha da castanha de caju, nomeadamente o ano agrícola e sua a
comercialização, será no sábado, lembrando ainda que é um "produto
estratégico" para a Guiné-Bissau.
"(O país) já tem um potencial (de
produção) de cerca de 200 mil toneladas, ou um pouco mais, de castanha por ano.
Temos ainda um espaço de progressão, porque o nível de transformação local é
muito baixo e há muitos desafios que enfrentamos no passado que gostávamos de
poder prevenir a esta distância do início da campanha", concluiu.
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