A
Guiné-Bissau mas igualmente a comunidade internacional continuam expectantes
relativamente à situação do país novamente paralisado depois do Presidente
guineense José Mário Vaz ter demitido o governo na semana passada, por
considerar estar perante uma "grave crise política".
O
PAIGC propôs ao presidente o nome de Domingos Simões Pereira, o seu líder, para
reintegrar o cargo de Primeiro-Ministro, cabendo agora ao chefe de Estado
comunicar a sua decisão.
Em
entrevista à RFI, Isaac Murade Murargy, secretário executivo da CPLP faz a sua
avaliação do contexto que se vive actualmente na Guiné-Bissau.
O ministro dos Negócios
Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Oldemiro Baloi imputa ao ego dos
políticos guineenses a responsabilidade pela crise
O
ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Oldemiro Baloi,
manifestou-se no fim-de-semana muito preocupado com a situação na Guiné-Bissau,
imputando ao ego dos políticos guineenses a responsabilidade pela crise.
"Moçambique
olha com muita preocupação, com muita e muita preocupação", afirmou Baloi,
citado pelo diário Notícias, falando em Gaberone, capital do Botsuana, onde se
encontra a participar na 35ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governos da
Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
O
chefe da diplomacia moçambicana acusou alguns políticos bissau-guineenses de
sobreporem os seus interesses pessoais aos do povo, realçando que a política é
para servir e não para se servir dela.
"Aqui,
não vou entrar em detalhes mas, de facto, é uma situação muito triste que os
egos das pessoas se sobreponham aos interesses de um país sofrido. É bastante
lamentável, mas sabemos onde está o problema", realçou Oldemiro Baloi.
A
actual crise na Guiné-Bissau, assinalou o ministro dos Negócios Estrangeiros e
Cooperação moçambicana, mostra que os militares foram sempre usados pelos
políticos na instabilidade que atingiu o país no passado.
"A
verdade é que essa tese (de os militares da Guiné-Bissau serem
instrumentalizados pelos políticos) parece provar hoje a sua validade, uma vez
que os militares, desde que aconteceram as eleições no ano passado e houve um
diálogo e lhes foram dadas perspectivas, estão quietos", considerou
Oldemiro Baloi.
O
ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique afirmou que o
país está a apostar na "diplomacia silenciosa" através da Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para a solução da crise.
O
Presidente da República da Guiné-Bissau, João Mário Vaz, demitiu na
quarta-feira passada o Governo liderado por Domingos Simões Pereira, num
decreto em que se justifica com quebra mútua de confiança, dificuldades de
relacionamento e sinais de obstrução à Justiça por parte do Executivo.
Num
discurso à nação, Vaz acusou ainda o primeiro-ministro e o Governo de
corrupção, nepotismo e de falta de transparência na gestão pública.
Domingos
Simões Pereira anunciou na quinta-feira estar "chocado" pela maneira
como o Presidente "faltou à verdade" e refutou as acusações.
O
executivo estava em funções há um ano, depois de o PAIGC vencer as eleições com
maioria absoluta e de ter recebido duas moções de confiança aprovadas por
unanimidade no Parlamento - para além de ter o apoio da comunidade
internacional.
Apesar
de todas as forças políticas e várias entidades, dentro e fora do país, terem
feito apelos públicos dirigidos ao Presidente no sentido do diálogo e
estabilidade, José Mário Vaz decidiu derrubar o Governo e pediu ao PAIGC que
indique um novo nome para primeiro-ministro.
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