Miguel Trovoada disse que “um cenário de
crises repetidas, sem paz nem estabilidade duradoura” colocará em risco o apoio
internacional ao país.
O
representante do secretário-geral das Nações Unidas em Bissau, Miguel Trovoada,
disse, esta sexta-feira, ao Conselho de Segurança que as Forças Armadas se
comprometerem formalmente a manter a neutralidade na actual crise política que
o país está a viver.
“Os
militares afirmaram firmemente que estão decididos a ficar totalmente à margem
da cena política e a observarem uma atitude republicana de submissão ao poder
civil e de obediência à Constituição”, disse, citado pela AFP. Miguel Trovoada
afirmou ter-se encontrado recentemente com o chefe do Estado Maior e com os
comandantes dos três ramos das Forças Armadas
A
Guiné-Bissau tem um longo historial de golpes de Estado – o último dos quais em
2012 –, violência política e intervenção dos militares no terreno político.
Está agora, de novo, mergulhada numa crise política desde que, a 12 de Agosto,
o Presidente, José Mário Vaz, demitiu o Governo liderado pelo primeiro-ministro
Domingos Soares Pereira. A 21 de Agosto foi nomeado um novo chefe de Governo,
Baciro Djá, contra a vontade do Parlamento.
As Nações
Unidas apelaram às forças políticas guineenses para seguirem a via do diálogo
de modo pôr fim à escalada de luta pelo poder que ameaça a estabilidade do país
africano.
Segundo a
Reuters, Trovoada disse aos 15 membros do Conselho de Segurança que o Governo
guineense demitido “era inclusivo e composto por representantes de quase todos
os partidos da Assembleia Nacional Popular, que lhe assegurava uma confortável
base de apoio parlamentar”. “Parecia que estavam criadas as principais
condições para um quadro de estabilidade política favorável a um adequado
funcionamento do Estado”, acrescentou.
O
representante do secretário-geral disse que, para já, a actual crise não põe em
causa o apoio da comunidade internacional à Guiné-Bissau, em particular os mil
milhões de euros prometidos em Março para o desenvolvimento do país até 2020,
numa conferência de doadores realizados em Bruxelas. Mas advertiu que “um
cenário de crises repetidas, sem paz nem estabilidade duradoura”, colocará em
risco esse apoio.
Numa
recente entrevista ao PÚBLICO, Miguel Trovoada declarou-se convicto de que a a
Guiné-Bissau estava a dar passos importantes para deixar para trás anos de
golpes de Estado e violência política.
O
embaixador brasileiro António Patriota, presidente do Grupo de Contacto para a
Guiné-Bissau da Comissão de Consolidação da Paz nas Nações Unidas, alertou para
os riscos da actual situação. A crise “pode ter um impacto negativo na já
frágil situação económica, a estabilidade do país e os ganhos da democracia”,
disse.
“A
Guiné-Bissau estava a fazer bons progressos no sentido da estabilização e
desenvolvimento desde as eleições de 2014”, acrescentou. “O nosso principal
objectivo deve ser evitar que a escalada da crise política mine os progressos
alcançados”. Com o publico
Mais diálogo para solucionar crise, defendem Trovoada e Machete
ResponderEliminarO representante especial do secretário-geral da ONU para a Guiné-Bissau, Miguel Trovoada, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, defenderam hoje em Lisboa a necessidade de mais diálogo entre atores políticos guineenses para solucionar a crise no país.
Fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros disse à Lusa que, da análise da atual situação na Guiné-Bissau feita durante o encontro, "sobressaiu a necessidade de que todos os atores políticos guineenses intensifiquem o diálogo para que a solução para a atual crise, salvaguardando sempre o respeito pela Constituição e pelo Estado de Direito, possa obter o respaldo dos legítimos órgãos de soberania do país e respeite a vontade popular democraticamente expressa".
"Tal solução, colocando em primeiro lugar o interesse do povo guineense, deverá permitir o retorno da estabilidade política e a retoma das reformas em curso no setor da segurança, da justiça e da administração e a implementação dos planos de crescimento económico e desenvolvimento social que libertem o país da situação em que se encontra", indicou a mesma fonte.
Da conversa, "ressaltou também a necessidade de dar sequência aos esforços da comunidade internacional, de modo a que não se percam os resultados positivos já alcançados pela Guiné-Bissau, incluindo a efetivação dos financiamentos anunciados na Conferência de Doadores de Bruxelas, em março", concluiu a fonte do MNE.
No encontro participou também o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Luís Campos Ferreira.
Na visita que efetua a Portugal, Miguel Trovoada reuniu-se na terça-feira com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e hoje foi recebido pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, antes do encontro com o chefe da diplomacia português.
Na quinta-feira, reunir-se-á ainda com a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves.
Guiné-Bissau: Situação de impasse "não se deve prolongar" - Miguel Trovoada
ResponderEliminarO representante especial do secretário-geral da ONU para a Guiné-Bissau, Miguel Trovoada, considerou hoje que a situação de impasse no país "não se deve prolongar", insistindo no diálogo para solucionar a crise.
"Neste momento (a situação) está a conhecer um compasso de espera que começa a ser preocupante na medida em que o primeiro-ministro nomeado não conseguiu ainda formar um elenco governamental e acho que esta situação não se deve prolongar", disse Trovoada aos jornalistas, no final de um encontro com a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, em Lisboa.
"Acho e foi o sentimento que colhi da comunidade internacional que é altura talvez de reatar o diálogo a ver se com base num consenso se pode chegar a uma plataforma de entendimento para viabilizar um Governo, as instituições e o país", adiantou.
O representante do secretário-geral da ONU para a Guiné-Bissau, Miguel Trovoada, foi recebido ontem pelo Presidente da República de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, em Lisboa, no âmbito da visita que está a levar a cabo a Portugal.
ResponderEliminarA atual situação vivida na Guiné-Bissau mereceu destaque nas conversações, com ambas as partes a defenderem a necessidade de mais diálogo entre os atores políticos guineenses com vista à resolução da crise no país. Hoje, 5a feira, Miguel Trovoada reunir-se-á com a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves.