O
Parlamento Europeu aprovou nesta quinta-feira, 10, uma extensa resolução em que
insta as autoridades angolanas a “libertarem imediata e incondicionalmente
todos os defensores dos direitos humanos” e manifesta a sua “profunda
preocupação com o rápido agravamento da situação em termos de direitos humanos,
liberdades fundamentais e espaço democrático”.
A
resolução, aprovada com 550 votos a favor, 14 contra e 60 abstenções, “urge as
autoridades a garantir que não serão cometidos actos de tortura ou maus-tratos
contra os detidos e a assegurar-lhes a plena protecção e o acesso às suas
famílias e aos seus advogados”.
No
texto, que passa em revista a situação dos direitos humanos, as prisões de José
Marcos Mavungo e dos activistas do autodenominado Movimento Revolucionário, bem
com o caso da seita A Luz do Mundo, o julgamento do jornalista Rafael Marques e
a intimidação a críticos do regime, os eurodeputados instam as autoridades
angolanas a porem “imediatamente termo aos casos de prisão arbitrária,
detenções ilegais e à tortura por parte da polícia e das forças de segurança”.
O
Parlamento Europeu também pede a realização de “inquéritos céleres, imparciais
e exaustivos sobre todas as alegações de violações dos direitos humanos,
inclusive tortura, perpetrados pela polícia e pelas forças de segurança e
que os autores dos crimes devem ser entregues à justiça”.
A
propósito de inquérito, os eurodeputados associam‑se aos apelos das Nações
Unidas e exortam “o Governo angolano a levar urgentemente a cabo um
inquérito transparente e credível ao massacre do Huambo e a prestar apoio aos
sobreviventes deslocados”.
Neste
sentido, os eurodeputados solicitam à Delegação da União Europeia em Luanda que
proteja os defensores dos direitos humanos “através de medidas concretas e
palpáveis que contemplem, em especial, a observação de julgamentos, o apoio político
e material aos defensores dos direitos humanos, aos respectivos advogados e
familiares, bem como o empenhamento sistemático da UE e dos Estados-Membros,
conjuntamente com as autoridades angolanas, nos direitos humanos, a todos os
níveis das suas relações, inclusive ao mais alto nível”.
O
texto aprovado “urge” a União Europeia e os Estados-membros a reconhecerem “o
elevado nível de corrupção das autoridades angolanas, que prejudica gravemente
o respeito pelos direitos humanos e o desenvolvimento”.
A
resolução do Parlamento Europeu é particularmente crítica quanto à gestão dos
recursos do país.
“Relatórios
independentes concluíram que as receitas do petróleo, o principal recurso do
Governo, não estão orientadas para o desenvolvimento sustentável ou para as
comunidades locais e que a elite dominante se tornou cada vez mais rica”,
pode-se ler no documento.
Neste
sentido, os deputados europeus instam também a EU e os Estados-Membros a
“abordarem a transparência do comércio de todos os recursos naturais,
incluindo o petróleo, e, em especial, a plena aplicação e o acompanhamento da
legislação existente sobre a apresentação de relatórios por país”.
Entretanto,
a resolução congratula-se com “o reconhecimento pelo Governo angolano de
problemas no que respeita à indemnização em caso de confisco de terras e com os
relatos dos meios de comunicação social que sugerem que a distribuição e os
mecanismos de compensação estão a melhorar”. Com Voz da América
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