Representante do Secretario Geral da ONU,
Modibo Touré preside a reunião dos representantes de cinco organismos
internacionais, incluindo UA, CEDEAO, União Europeia, CPLP e a ONU com os 15
deputados que estão em desavenças com o PAIGC.
De salientar que a direcção superior do PAIGC, foi eleito para um mandato de quatros anos, dos quais, figuram: Domingos Simões Pereira (presidente do PAIGC), Carlos Correia (1º Vice-presidente do PAIGC), Adja Satu Câmara (2º Vice-presidente do PAIGC) e Baciro Dja o mais jovem para (3º Vice-presidente do PAIGC).
Representante do Secretario Geral da ONU,
Modibo Touré preside a reunião de representantes de quatro organizações
internacionais, incluindo UA, a CEDEAO, a União Europeia e as Nações Unidas,
com uma delegação do PAIGC liderada pelo seu presidente, Domingos Simões
Pereira.
O PAIGC é talvez, dos partidos da independência das antigas colónias portuguesas em África, o que mais turbulência tem experimentado por altura da realização de reuniões magnas.
Os factos remontam ao longínquo ano de 1964, quando de 13 a 17 de Fevereiro o partido da independência da Guiné-Bissau, reuniu pela primeira vez na tabanca de Cassacá, no sul do país, o seu congresso, num momento crucial para a definição e correcção das rotas a navegação da gesta da libertação.
Das matas, onde se estalara um mês antes
a guerra de guerrilha do PAIGC, chegavam notícias de desvios, de excessos e de
exageros cometidos por alguns dos comandantes militares, tendo contraditoriamente
por alvo as populações, de cujo apoio dependia o sucesso do movimento
libertador da então Guine portuguesa.
Cassacá foi essencialmente o congresso
da aplicação do correctivo que a então situação requeria. Marcada por uma
expurga a larga dimensão, vários dirigentes e comandantes militares foram na
altura criticados em público, denunciados pela população, expulsos do partido e
os casos de traição irremediável entregues aos tribunais do povo. Vivia-se a
primeira manifestação de depuração interna.
Vários nomes desaparecem então de cena e
nesse mesmo congresso era fundado as Forças Armadas Revolucionárias do Povo, as
FARP, o braço armado do movimento libertador.
Pela sua importância ao movimento
libertação guineense e no lançamento dos pilares da construção futura de um
estado independente, Cassacá é por sinal o único evento, a única reunião magna
do PAIGC, que conseguiu sobrepor-se à barreira partidária e afirmar-se como
referência na própria história do país.
O
Congresso de 1973
De 18 a 22 de Julho de 1973, o PAIGC
reunia nas zonas libertadas do leste do país, o seu II congresso... Num momento
crucial para o movimento de libertação, e um pouco mais de seis meses volvidos
sobre o assassinato em Conacri do líder histórico, Amílcar Cabral.
Tal como em Cassacá, o momento era o da
superação das divergências internas do partido mergulhado num clima de
desconfiança, conspiração e sobretudo de desmobilização.
No fundo, era urgente salvar o partido e
sobretudo eleger uma nova liderança, capaz de conduzir a guerrilha, ao golpe de
misericórdia e ao descalabro da presença colonial, cujo fim se avizinhava de há
muito nas matas da Guiné.
Neste congresso, o primeiro por sinal
depois do assassinato de Amílcar Cabral, Aristides Pereira é eleito para o
cargo de secretário-geral contra a aparente vontade de um grupo de responsáveis
partidários guineenses, liderados por Fidélis Cabral de Almada que se
posicionara, na altura, a favor da escolha de Nino Vieira, na corrente de
sucessão de Amílcar Cabral.
Seria o reacender das clivagens
partidárias internas, de cunho racial e tribal.
Num ambiente de divergências recalcadas
e adiadas, o inconformismo e o descontentamento interno do PAIGC resultante por
certo de questões mal resolvidas no congresso de 1973, viria então a se
acentuar e a se manifestar em 1977, já nos pós independência e durante o III
congresso do partido. Tal como em Cassacá, em 1964, persistiam os problemas com
as chefias ou a oficialidade militar balanta.
O
III Congresso de 1977
O congresso de 1977, acabaria por
representar o prelúdio do golpe militar de 14 de Novembro de 1980, que levaria
ao derrube do regime do então presidente Luís Cabral e ao desmantelamento do
projecto de unidade Guiné-Cabo Verde.
Meses depois e na sua primeira reunião
magna de carácter extraordinário, em Bissau, Nino Vieira, então líder do
Movimento Reajustador de 14 de Novembro seria confirmado na liderança do PAIGC,
partido que insistia entretanto, em manter a sigla C na sua designação, quiçá
por uma simples referência histórica sem entretanto nenhuma consistência
prática e territorial.
Em 1991, no âmbito do V congresso, as
divergências internas do PAIGC voltariam a ribalta da cena política guineense,
nas vésperas da abertura política do país e do regime, ao multipartidarismo.
O partido procede então a sua maior
expurga interna, marcada pela expulsão da maior parte dos intelectuais daquela
formação partidária, que se constituíram no chamado grupo dos 121.
Desfecho similar teria o congresso
extraordinário de Maio de 1998, em que a liderança partidária de Nino Vieira,
faz frente, e pela primeira vez, a uma ousada lista alternativa liderada por
Manuel Saturnino Costa, a um clima de pressão no sentido do apuramento de
responsabilidades no escândalo de tráfico de armas para os rebeldes
independentistas do Casamance, a denúncias de posturas e opções tribalistas e
racistas no seio do partido, e sobretudo a uma situação de excessiva partidarização
das forças armadas nacionais, supostamente republicanas.
Um mês depois a Guiné-Bissau
mergulhava-se numa guerra civil que culminaria 1999, no derrube de Nino Vieira.
Fiel a sua natureza masoquista, para
alguns, a determinação politica na resolução dos problemas internos do partido
para outros, mais de meio século volvidos sobre fundação do partido, o PAIGC
volta a reunir, a partir de 18 a 20 corrente, o seu V Congresso extraordinário
que terá como pano de fundo a afirmação do ex-partido governamental e
alterações dos estatutos, que actualmente impedem a expulsão de dirigentes.
O congresso, não electivo, decorrerá em
Morés, uma pequena localidade situada 140 quilómetros a norte de Bissau, e
local simbólico dos tempos da guerrilha pela independência.
As questões internas dentro do PAIGC
serão o ponto alto do congresso, convocado expressamente com esse fim, pouco
depois de "Nino" Vieira ter assumido a presidência guineense, a 1 de
Outubro, arrastando, consigo, os dirigentes e militantes do PAIGC que o
apoiaram, como candidato independente, nas eleições presidenciais.
O
regresso de Nino Vieira
Entre esses dirigentes figuram altos
responsáveis do partido, nomeadamente o primeiro vice-presidente do PAIGC,
Aristides Gomes, suspenso da força política vencedora das legislativas de 2004
em Abril deste ano, entretanto nomeado e empossado a 9 de Novembro como novo
primeiro-ministro, na sequência de um decreto presidencial de Nino Vieira.
Sob o lema reafirmação e estabilidade do
PAIGC, tal como nos eventos anteriores, neste V Congresso extraordinário de
Mores e de se esperar que o espírito de exclusão e de expurga partidária
interna venha a se apoderar das emoções dos camaradas e por conseguinte,
cabeças venham a rolar no terreiro...
Resta entretanto saber, até que ponto o
partido dos camaradas conseguirá, de mais este jogo de inclusões e exclusões
de militantes e responsáveis partidários, tão antiga como a própria história da
sua existência, refazer-se da conflitual idade interna e ressentimentos, que
decorrem normalmente dos seus congressos.
….
Clivagens
políticas dividem guineenses
Segundo o Jornal de Angola, a
Guiné-Bissau arrisca-se a ver cair o terceiro Executivo em seis meses, caso o
Programa de Governo que vai a votos, após a sessão parlamentar de que
depende a sua continuidade ter sido adiada por duas vezes, não seja aprovado no
Parlamento em que o PAIGC tem maioria absoluta, mas está dividido por alas.
A sessão de terça-feira no Parlamento
voltou a ser suspensa devido ao protesto de 15 deputados expulsos do PAIGC que
recusam abandonar o hemiciclo. Os trabalhos tinham sido suspensos um dia antes,
pelo mesmo motivo.
Os acontecimentos no Parlamento
guineense são o corolário da tensão entre o Presidente da República, José Mário
Vaz, e o líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira.
A disputa na Assembleia Nacional também
parece ser um reflexo da crise governamental de Agosto do ano passado, em que o
PAIGC se dividiu entre apoiantes do Presidente da República e defensores da
direcção do partido liderado por Domingos Simões Pereira.
Enquanto houver divergências entre José
Mário Vaz e Domingos Simões Pereira, a estabilidade e o desenvolvimento na
Guiné-Bissau ficam hipotecados.
As divergências entre ambos, que numa
primeira fase afectaram o funcionamento do Governo, e agora alastram à Assembleia
Nacional, agudizou-se depois do país conseguirem um financiamento de mil
milhões de dólares da comunidade internacional. Na sequência destas tensões, o
Governo de Domingos Simões Pereira apresentou uma moção de confiança no
Parlamento, aprovada por unanimidade.
Apesar disso, o Presidente José Mário
Vaz demitiu o Governo de Domingos Pereira, por este revelar “sinais de obstruir
a realização da justiça e a autonomia e independência do judiciário”,
“deslealdade, desconsideração e desrespeito institucional pela Presidência da
República”, “uma quebra mútua do vínculo de confiança que permite a
subsistência de uma normal relação institucional” e “evidências de corrupção”.
O Chefe do Estado guineense nomeou um
Governo de iniciativa presidencial, entretanto anulado pelo Tribunal
Constitucional, por inconstitucionalidade.
O Presidente José Mário Vaz acabou por
dar posse a um terceiro Governo no espaço de seis meses, desta vez sob proposta
do PAIGC, como recomendou o Tribunal Constitucional, mas agora liderado pelo
primeiro-ministro Carlos Alberto Correia.
Contestatários
O PAIGC tem 57 deputados num universo de
102 parlamentares, mas 15 discordam da orientação do partido e abstiveram-se na
primeira votação do programa de Governo, em 23 de Dezembro, e ameaçaram voltar
a inviabilizar o documento na segunda votação, o que implicava a queda do
Executivo liderado pelo partido que governa.
O PAIGC expulsou estes deputados e, na
sequência da decisão, a Comissão Permanente do Parlamento guineense retirou o
seu mandato, mas os 15 ex-parlamentares recusam obedecer.
Os deputados contestatários, que
chegaram a dar 24 horas a Domingos Simões Pereira para abandonar a Presidência
do PAIGC e proceder a diligências para convocar um congresso extraordinário
para o destituir no caso de rejeitar o ultimato, defendem as posições assumidas
pelo Presidente da República.
Entre eles está Baciro Djá, o
primeiro-ministro do curto Governo de iniciativa presidencial que acabou
considerado inconstitucional.
O PAIGC denunciou recentemente que
alguns dos deputados expulsos foram ao Leste do país “sob forte escolta do
Comando do Batalhão de Bafatá, por instrução do Estado-Maior General das Forças
Armadas guineenses e por ordem expressa do Presidente da República”, acto que
“constitui uma violação flagrante daquilo que devem ser as relações com as
Forças Armadas, além de violar o sagrado dever destas forças”, acusa o PAIGC.
Além disso, por “falhas de segurança com
fortes responsabilidades da Polícia” verificadas na segunda-feira no Parlamento,
e o desrespeito de uma ordem do Governo à Polícia para impedir a entrada no
hemiciclo de 15 deputados que perderam o mandato, o comandante-geral da
corporação foi exonerado.
Apoio
a Simões Pereira
O bureau político do PAIGC aprovou uma
moção de solidariedade para com Domingos Pereira e encorajou-o “a manter-se
firme e determinado na condução dos destinos do partido”. O comité central
condenou a posição do Chefe de Estado de solicitar escolta militar para
deputados cujos mandatos foram suspensos, responsabilizou-o pelas consequências
e exortou os militantes a estarem atentos e vigilantes face a “mais um atentado
à legalidade democrática” e à ECOMIB, força internacional estacionada no país
desde 2012, para estabilizar a situação política e militar na Guiné-Bissau.
Estudantes guineenses ameaçam sair à rua
para protestar contra a crise política por não compreenderem a dificuldade do
Parlamento em aprovar um programa votado por unanimidade pelos mesmos deputados
há um ano.
Dificuldades
de relacionamento com presidente na origem da demissão do Secretário-geral do
partido
O Secretário-geral do Partido Africano
da Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC) demitiu-se das suas
funções devido a dificuldade de relacionamento com o Presidente desta formação
política.
Segundo o Jornal “Nô Pintcha”, a
demissão de Abel da Silva Gomes, foi apresentada na reunião do Comité Central
PAIGC marcada pelo balanço dos 16 meses após congresso de Cacheu.
Abel Silva fez a apresentação de um
relatório das actividades realizadas, destacando se as várias iniciativas
empreendidas, apontando igualmente as dificuldades com que se depararam.
Conforme o bissemanário após esta
apresentação Abel da Silva Gomes alegara a inexistência de condições para sua
continuidade a frente do secretariado nacional do PAIGC, pelo que pôs o seu
lugar às ordens do presidente.
Por sua vez, Simões Pereira disse ao
Comité Central ter aceitado o pedido de demissão de Abel da Silva Gomes pelo
que fora substituído pelo secretário para as relações exteriores do partido,
membro do Bureau Politico e do Comité Central, Aly Hijazi.
Entretanto, Domingos Simões Pereira fez
também um balanço curto dos 16 meses depois do congresso, tendo identificado as
principais causas da actual situação política partidária, informando ao Comité
Central das inúmeras dificuldades registadas no relacionamento com o secretário
nacional r deste com as demais estruturas do próprio secretariado.
Em conclusão final, o Comité Central
saudou o Presidente da República e exortou-o a prosseguir com os esforços para
a construção de uma convivência sã e pacífica entre os órgãos da soberania e na
edificação de um ambiente de paz e de tranquilidade interna.
Os membros do Comité Central do PAIGC
debateram durante três dias vários assuntos internos do partido, dentre os
quais as resoluções do bureau político, a avaliação de desempenho do executivo,
tendo declarado uma renovação de confiança e apoio ao governo.
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