A corrupção, a intolerância e a
impunidade estão na origem da crise da Guiné-Bissau, concluíram os
participantes de uma série de reuniões destinadas a preparar a conferência
guineense sobre a reconciliação nacional, agendada para Novembro deste ano e
apoiada pela ONU.
Durante a série de encontros, realizada
desde 2011 em todo país e encerrada no domingo, os participantes debateram a
crise institucional guineense e as conclusões preliminares sobre as raízes do
conflito revelam que “o egoísmo e a falta de ética no exercício político” estão
entre as causas do actual momento da Guiné-Bissau.
Entre as recomendações dos encontros,
constam identificar as causas dos conflitos e sugestões para os resolver,
medidas concretas de combate à impunidade e o julgamento de responsáveis por
assassinatos políticos, inversões da ordem constitucional e tráfico de drogas
“como essenciais a qualquer solução duradoira para a instabilidade na
Guiné-Bissau.”
Estas recomendações devem ser adoptadas
na conferência nacional intitulada “Caminhos para a paz”, destinada a destacar
o perdão e o diálogo franco entre os guineenses.
A conferência sobre a reconciliação
nacional na Guiné-Bissau tem o apoio do Fundo da ONU para a Consolidação da Paz
e do Gabinete Integrado da ONU para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS),
mandatado pelo Conselho de Segurança, para apoiar um diálogo político inclusivo
e o processo de reconciliação nacional.
À Rádio ONU, a porta-voz da UNIOGBIS,
Júlia Galvão Alhinho, disse que participam na conferência nacional delegados de
todas as regiões do país e de todos os sectores da sociedade, que vão aprovar o
relatório final do encontro e escolher o mecanismo de reconciliação a adoptar
pela Guiné-Bissau.
A escolha dos mecanismos de
reconciliação que o país vai adoptar cabe aos guineenses, disse a também chefe
do Gabinete da Informação Pública do UNIOGBIS, ao mesmo tempo que sublinhou que
“não faltam exemplos de outros países e modelos de diálogo e reconciliação.”
Não é a primeira vez que os políticos
são considerados culpados pela crise política e institucional guineense. O
antigo enviado da ONU para a Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, responsabilizou as
elites políticas pelo que qualificou de um país “falhado em todos os sentidos.”
Na altura, José Ramos-Horta disse que os
dirigentes militares eram “responsabilizadas por tudo o que se passava” na
Guiné-Bissau quando na verdade “são os políticos que manipulam os militares e
os incitam a apoiar uma facção ou outra.”
Para o antigo enviado da ONU à
Guiné-Bissau, as elites políticas daquele país “são as culpadas pelo trágico
estado das coisas, pela má gestão, pelo desperdício, pela corrupção e pelo
empobrecimento da população” e os militares “apenas se juntaram ao grande assalto
levado a cabo pelos políticos.”
Especialistas são unânimes em afirmar
que a falta de diálogo e a intolerância promovem a instabilidade na
Guiné-Bissau e não poucos defendem uma acção musculada da ONU para inverter o
quadro.
Os militares guineenses têm-se mantido
neutros na mais recente crise política e institucional. Com o Jornal de Angola
O Presidente da Comissão da Reconciliação Nacional considerou de positivo o balanço das conferências sobre a paz e reconciliação feitas recentemente nas regiões para restituição das consultas baseada na promoção de paz, feita em 2011.
ResponderEliminarEm entrevista esta segunda-feira à Radio Sol Mansi, o Padre Domingos da Fonseca explicou que durante a conferência os participantes exprimiram os seus sentimentos face a situação da crise política vigente no país nos últimos tempos.
Sublinhou que os conferencistas disseram que as suas preocupações continuam a ser as mesmas manifestadas em 2011, aquando duma iniciativa idêntica e lamentaram que até agora persistem situações de crise e de conflitos.
“Os conferencistas lamentaram os prejuízos que têm estado a sofrer com a deterioração das suas produções agrícolas, devido a falta de meios para o escoamento das mesmas para os centros e cidade”, disse o Padre.
Domingos da Fonseca está convicto que que em Novembro vai ter lugar a grande Conferência de Reconciliação Nacional, tendo argumentado que "os guineenses são seres humanos como os outros e, por isso, também serão capazes de ultrapassar qualquer que seja problema. Tudo na vida depende da força de vontade", salientou.
Por outro lado, o Presidente de Comissão da Reconciliação Nacional disse que a ausência do estado é, cada vez, mais sentida em vários locais, acrescentando que há zonas do país onde não existe nenhuma infraestrutura social digna de nome.
“A Comissão de Reconciliação Nacional vai continuar a trabalhar para o bem do povo guineense, de modo a promover a paz interna, rumo ao desenvolvimento da Guiné-Bissau”, prometeu o presidente.
Nos últimos dois meses a comissão promoveu um conjunto de conferência de restituição dos subsídios colhidos em 2011, no âmbito de uma iniciativa promovida pela ANP através da qual foram identificadas as causas dos conflitos no país e a forma de os resolver.