A administração da petrolífera angolana
Sonangol, liderada desde junho pela empresária Isabel dos Santos, suspendeu
todos os processos de negociação e alienação de todo o património do grupo,
segundo deliberações a que a Lusa teve acesso.
A decisão, agora conhecida e autorizada
por Isabel dos Santos, foi tomada por deliberação de 27 de junho do conselho de
administração e prevê a suspensão "com efeitos imediatos" de
"todos os processos em curso de avaliação, negociação e alienação de todo
e qualquer património afeto à Sonangol E.P. e suas subsidiárias".
Embora não sejam públicas intenções de
venda de ativos, a deliberação 033/2016 clarifica ainda que, no âmbito dos
efeitos desta deliberação, integram o património da Sociedade Nacional de
Combustíveis de Angola (Sonangol) os ativos e bens mobiliários e imobiliários,
incluindo "as participações sociais em empresas nacionais e
internacionais".
Em Portugal, a Sonangol, o maior grupo
empresarial (totalmente público) angolano, tem participações diretas e
indiretas no Millennium BCP e na Galp, enquanto em Angola tem dezenas empresas
do grupo em vários setores de atividade, além da função de concessionária do
setor petrolífero e operadora.
A Lusa noticiou a 07 de junho que o
Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, incumbiu a nova administração da
Sonangol, liderada pela filha, Isabel dos Santos, de reorganizar a carteira de
negócios da petrolífera estatal angolana e suas subsidiárias.
A informação consta do decreto assinado
pelo chefe de Estado angolano, com data 03 de junho e ao qual a Lusa teve
acesso, com a nomeação da nova administração da Sonangol, empossada três dias
depois.
"O conselho de administração ora
designado deve implementar o modelo de reorganização da carteira de negócios da
Sonangol EP, suas subsidiárias e participadas nos termos previstos no modelo de
ajustamento à organização do setor dos petróleos", lê-se no decreto
assinado por José Eduardo dos Santos, nomeando Isabel dos Santos para o cargo
de presidente do conselho de administração e administradora não executiva da
petrolífera.
Numa outra deliberação da Sonangol
(034/2016), saída da mesma reunião ordinária da empresa, de 27 de junho, à qual
a Lusa teve hoje acesso, refere-se que são igualmente revogados com efeitos
imediatos "todos os mandatos em vigor outorgados no âmbito e para a
prática" de atos relativos a processos judiciais envolvendo a petrolífera.
Aquando da tomada de posse, a empresária
e filha do chefe de Estado angolano explicou que o modelo de reestruturação da
Sonangol prevê a criação de uma holding operacional, outra de apoio e serviços
logísticos e a função concessionária do setor petrolífero propriamente dito,
com o objetivo de "aumentar a rentabilidade, a eficácia a
transparência" da empresa.
"A reestruturação quer dizer o
acontecimento destas três novas entidades", disse Isabel dos Santos, mas
sem adiantar se o processo implica redução no número de trabalhadores, que
ultrapassa os 9.000 em pelo menos 17 subsidiárias do grupo Sonangol.
Acrescentou que o "desafio nos
próximos 100 dias" passa por "continuar a fazer o diagnóstico
profundo" já iniciado, para "perceber melhor os ganhos de eficácia e
eficiência que a empresa pode obter rapidamente".
"O trabalho que vamos fazer é ver
como é que nós podemos aumentar as margens de lucro, ou seja como podemos
baixar os custos de produção. Para que seja mais barato produzir petróleo e
haja mais lucro", disse Isabel dos Santos.
Como presidente da comissão executiva -
novo órgão entretanto criado pelo Governo angolano para a petrolífera estatal
-, e administrador executivo, tomou posse Paulino Fernando de Carvalho
Jerónimo, que transita do conselho de administração anterior, que era liderado
desde 2012 por Francisco de Lemos José Maria, exonerado das funções pelo chefe
de Estado angolano. Com a LUSA
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