terça-feira, 11 de julho de 2017

Marcelo exonera secretário do Conselho Superior de Defesa Nacional

Exoneração do general José Calçada surge após a polémica criada com a sua saída do Exército

O Presidente da República exonerou o tenente-general José Calçada das funções de secretário do Conselho Superior de Defesa Nacional (CSDN), soube o DN. O Palácio de Belém confirmou esta terça-feira a informação, sem adiantar quaisquer pormenores, tendo mais tarde emitido um comunicado em que agradece o "zelo, competência e dedicação" no cargo de secretário do Conselho Superior de Defesa Nacional.

A informação surge na sequência do jantar de ontem entre Marcelo Rebelo de Sousa e os quatro chefes militares e antecede a reunião desta tarde, em São Bento, do primeiro-ministro com o ministro da Defesa e as chefias militares para analisarem a segurança das instalações militares.

José Calçada foi nomeado secretário do CSDN por escolha do Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas, depois de ouvido o Governo. Segundo as fontes do DN, o tenente-general pediu ontem uma audiência ao Chefe do Estado - que não a concedeu e optou por exonerar o general.

José Calçada era comandante do Pessoal do Exército, tendo pedido a demissão do cargo em rutura com o chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), general Rovisco Duarte, por este ter exonerado, uma semana antes, os cinco comandantes das unidades responsáveis pela segurança dos paióis de Tancos.

Esta exoneração ocorreu três dias após ter sido descoberto que tinha desaparecido material militar dos paióis, estando quatro dos exonerados na dependência direta do comandante operacional do Exército, tenente-general Faria Menezes.

Faria Menezes, pelas mesmas razões invocadas por José Calçada, anunciou a demissão do cargo no sábado e formalizou-a na segunda-feira.

Note-se que José Calçada apresentou sexta-feira o livro lançado pelo tenente-coronel Tinoco de Faria, organizador de uma manifestação de oficiais do Exército para entregar as espadas junto ao Palácio de Belém em protesto contra o poder político, que viria a ser cancelada.

O lançamento do livro estava agendado para a Academia Militar mas o CEME proibiu a cerimónia, que foi antecipada para sexta-feira e decorreu na Sociedade Histórica da Independência de Portugal.


Os dois generais foram ontem acusados de traição ao CEME pelo major-general Carlos Branco, num artigo de opinião no Expresso: as suas demissões foram "um ajuste de contas [com Rovisco Duarte], sob o pretexto do seu compromisso com elevados valores éticos" e depois de "terem conspirado, traído e sabotado de uma forma constante e consciente a ação de comando" do chefe do Exército. Com Diário de Notícias

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