O Presidente da República exonerou o
tenente-general José Calçada das funções de secretário do Conselho Superior de
Defesa Nacional (CSDN), soube o DN. O Palácio de Belém confirmou esta
terça-feira a informação, sem adiantar quaisquer pormenores, tendo mais tarde
emitido um comunicado em que agradece o "zelo, competência e
dedicação" no cargo de secretário do Conselho Superior de Defesa Nacional.
A informação surge na sequência do
jantar de ontem entre Marcelo Rebelo de Sousa e os quatro chefes militares e
antecede a reunião desta tarde, em São Bento, do primeiro-ministro com o
ministro da Defesa e as chefias militares para analisarem a segurança das
instalações militares.
José Calçada foi nomeado secretário do
CSDN por escolha do Presidente da República e Comandante Supremo das Forças
Armadas, depois de ouvido o Governo. Segundo as fontes do DN, o tenente-general
pediu ontem uma audiência ao Chefe do Estado - que não a concedeu e optou por
exonerar o general.
José Calçada era comandante do Pessoal
do Exército, tendo pedido a demissão do cargo em rutura com o chefe do
Estado-Maior do Exército (CEME), general Rovisco Duarte, por este ter
exonerado, uma semana antes, os cinco comandantes das unidades responsáveis
pela segurança dos paióis de Tancos.
Esta exoneração ocorreu três dias após
ter sido descoberto que tinha desaparecido material militar dos paióis, estando
quatro dos exonerados na dependência direta do comandante operacional do
Exército, tenente-general Faria Menezes.
Faria Menezes, pelas mesmas razões
invocadas por José Calçada, anunciou a demissão do cargo no sábado e formalizou-a
na segunda-feira.
Note-se que José Calçada apresentou
sexta-feira o livro lançado pelo tenente-coronel Tinoco de Faria, organizador
de uma manifestação de oficiais do Exército para entregar as espadas junto ao
Palácio de Belém em protesto contra o poder político, que viria a ser
cancelada.
O lançamento do livro estava agendado
para a Academia Militar mas o CEME proibiu a cerimónia, que foi antecipada para
sexta-feira e decorreu na Sociedade Histórica da Independência de Portugal.
Os dois generais foram ontem acusados de
traição ao CEME pelo major-general Carlos Branco, num artigo de opinião no
Expresso: as suas demissões foram "um ajuste de contas [com Rovisco
Duarte], sob o pretexto do seu compromisso com elevados valores éticos" e
depois de "terem conspirado, traído e sabotado de uma forma constante e
consciente a ação de comando" do chefe do Exército. Com Diário de Notícias
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