Os agricultores guineenses
responsabilizaram hoje o ministro do Comércio da Guiné-Bissau, Vicente
Fernandes, pelo "mau preço" a que está a ser vendida a castanha de
caju.
Segundo Faustino Gomes, da associação de
agricultores da zona norte, vários agricultores estão a vender a castanha do
caju, principal produto agrícola e de exportação da Guiné-Bissau, a 400 francos
CFA o quilo, por "imposição do ministro do Comércio", Vicente
Fernandes, disse.
"O Ministro do Comércio não está a
ajudar nada, está a ajudar apenas os comerciantes, quer empobrecer os
agricultores", defendeu Faustino Gomes, também dono de uma propriedade em
Canchungo.
O Presidente guineense, José Mário Vaz,
anunciou, no mês de março, 1.000 francos CFA por quilograma (1,5 euros), como
sendo o preço de referência obrigatória de compra da castanha de caju no
produtor.
Após cerca de dois meses de um impasse na
compra do produto, o novo ministro do Comércio guineense, Vicente Fernandes,
anunciou, no mês de maio, que a castanha podia ser comprada "a qualquer
preço" desde que houvesse um consenso entre o comprador e o agricultor.
Um comerciante de Canchungo, San Gomes,
confirmou que a castanha naquela zona está a ser comprada a 400 francos CFA por
quilograma (cerca de 0,60 euros), mas explicou que tudo depende do preço que é
praticado em Bissau, para onde é escoada toda a colheita do país para ser
exportada.
O comerciante esclareceu que tudo depende
da logística que é montada para fazer chegar a castanha do interior até Bissau.
"Estávamos a comprar a 400, porque em
Bissau a castanha é comprada nas nossas mãos a 500 (cerca de 0,76 euros). A
partir de quinta-feira em Bissau é comprada a 600 (cerca de 0,91 euros), então
nós aqui subimos hoje para 500" francos CFA o quilo, referiu San Gomes.
Faustino Gomes não vê a lógica na
explicação de San Gomes. Prefere insistir na acusação ao ministro do Comércio
que disse "estar a ajudar apenas os indianos", principais compradores
externos da castanha guineense.
"Não há razão para a nossa castanha
ser comprada a 400 francos CFA o quilo. Aqui nos países vizinhos, no Senegal ou
na Gâmbia, a castanha está a ser comprada no produtor até 800 francos
CFA", defendeu Faustino Gomes.
Sana Mané, agricultor em Cacheu, também no
norte da Guiné-Bissau, não sabe "quem estragou a campanha, se o Presidente
(da República), se o ministro do Comércio", mas antevê que "muita
gente vai ficar com a castanha nas mãos".
"Muitos dizem que estão à espera de
vender a 1.000 francos CFA como disse o Presidente, mas também oiço muita gente
a dizer que Vicente Fernandes (ministro do Comércio) é que estragou a campanha",
afirmou.
Mané confirmou que muitos agricultores
estão a vender a castanha por 400 francos CFA o quilo, mas receia que com as
chuvas "muita castanha vá ficar por aí, nas matas".
O novo presidente da Agência Nacional do
Caju (ANCA) da Guiné-Bissau, Luís Mendes, pediu aos agricultores que vendam a
castanha "a preço razoável" que não prejudique os seus interesses e
de outros intervenientes na fileira.
Mendes, antigo ministro da Floresta,
sublinhou que se a castanha não for vendida pelo produtor, é o próprio país que
vai perder dinheiro.
Contactado pela Lusa, o gabinete do
ministro do Comércio indicou que Vicente Fernandes está indisponível hoje para
reagir às críticas. Com a Lusa
Sem comentários :
Enviar um comentário
COMENTÁRIOS
Atenção: este é um espaço público e moderado. Não forneça os seus dados pessoais (como telefone ou morada) nem utilize linguagem imprópria.