A Guiné-Bissau deve chamar o Senegal à mesa das negociações para redefinir as fronteiras e, nesse caso, a zona conjunta deixará de existir- Ler toda verdade aqui»
A iniciativa da petição em defesa dos
interesses do povo soberano da Guiné-Bissau quanto à partilha equitativa dos
recursos da Zona de Exploração Comum (ZEC) entre a Guiné-Bissau e o Senegal,
está a suscitar um crescente interesse dos cidadãos, demonstrado, seja através
da assinatura do Manifesto endereçado a Sua Excelência o Presidente da
República, seja através de vigorosas intervenções feitas em programas
radiofónicos dedicados a este assunto. Em suma, os cidadãos decidiram exercer
um direito constitucional que consiste em tomar parte activa na direcção dos
negócios públicos do país.
Foram publicados vários artigos,
dissertações e livros de estudiosos guineenses, versando, tanto sobre a
delimitação da fronteira marítima com o Senegal, como também sobre o Acordo de
cooperação assinado em 1993, incidente na zona de exploração conjunta com o
Senegal, o que nos conforta na existência de uma robusta capacidade nacional,
susceptível de apoiar o Governo nas negociações de um novo acordo.
Todavia, nota-se, por parte dos nossos
concidadãos, uma disparidade gritante de posicionamentos, com alguns textos
publicados a questionar a validade da delimitação da fronteira marítima entre
os Estados da Guiné-Bissau e do Senegal pelo Acordo de 26 de Abril de 1960,
fixada pela linha de azimute 240º a partir do Cabo Roxo e confirmada pela
sentença da Corte Internacional de Justiça, enquanto outros incidem na gritante
injustiça configurada, aos olhos de guineenses, no tocante à repartição dos
recursos petrolíferos da ZEC, a saber: 85% para o Senegal e 15% para a
Guiné-Bissau.
Mais do que a disparidade em si, o
debate sobre a exploração conjunta mostra que o assunto é complexo e
multifacetado, com contornos chamando à colação, simultaneamente, tanto os
aspectos da soberania e da autoestima do nosso povo, da estabilidade, da defesa
e da segurança da nossa terra, questões de índole histórico-jurídico,
económicas (recursos haliêuticos e mineiros), como também da cooperação e da
boa convivência entre os Estados e povos ribeirinhos.
Importa realçar que, contrariamente a o
que foi feito no passado, em que a gestão deste dossier pecava por uma certa
opacidade, regista-se com, satisfacção, a abertura de alguns sectores dos
actuais poderes públicos para o envolvimento da sociedade civil.
Nessa decorrência, os promotores do
Manifesto entendem organizar um encontro de personalidades, organizações e das
vozes mais pertinentes que se manifestaram sobre este assunto nos últimos
tempos para uma concertação e alinhamento de posições, de forma a se falar de
uma só voz e assim maximizar o contributo da sociedade civil na ronda negocial
em epígrafe.
O encontro terá lugar na próxima quinta-feira,
dia 16 de Agosto, no anfiteatro do INEP, pelas 15 horas.
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