Bissau - O presidente do parlamento da Guiné-Bissau,
Ibraima Sory Djaló, lembrou quinta-feira aos membros do governo de transição
que não foram eleitos pelo povo, ao contrário dos deputados, noticiou a
Lusa.
Se este governo entende que por não ser de legislatura
vai penalizar o parlamento, isso pode custar-lhe caro. Isso que fique claro,
porque não está aqui numa brincadeira. Este governo não foi eleito, enquanto
nós (deputados) fomos eleitos pelo povo deste país", notou Sory
Djaló.
O presidente do parlamento guineense fez a advertência
ao responder a uma interpelação de um deputado da bancada maioritária sobre o
facto de a Rádio Nacional (emissora estatal) não estar a cobrir os trabalhos da
sessão plenária do parlamento.
Há pessoas que lutaram para derrubar este parlamento
mas que não o conseguiram, mas agora querem tentar outras vias. Estejamos
preparados. As leis deste país são feitas nesta casa. Que cada um assuma as
suas responsabilidades. Isto é claro. Já estou a perceber o que certas pessoas
andam a tramar contra este parlamento", afirmou Djaló, sem especificar de
quem falava.
As afirmações de Sory Djaló seguiram-se à intervenção
do deputado Lúcio Rodrigues do Partido Africano da Independência da Guiné e
Cabo Verde (PAIGC), que firmou que há uma atitude deliberada da Rádio Nacional
em não transmitir os debates no parlamento.
No âmbito do serviço público, a Rádio e a Televisão
têm a obrigação de cobrir todos os assuntos de que o povo deve ser informado. A
lei diz que a Rádio Nacional é obrigada a cobrir todos os trabalhos em sessão
plenária do Parlamento, mas isso não tem estado a acontecer", disse Lúcio
Rodrigues.
O deputado Soares Sambu, também do PAIGC, invocou o
regimento parlamentar para esclarecer que só em dias de debates do programa do
Governo ou Orçamento Geral de Estado é que a Rádio Nacional deve dar uma
cobertura integral dos trabalhos no Parlamento.
A Guiné-Bissau está a ser gerida por um governo de
transição na sequência de um golpe de Estado ocorrido em Abril passado. A
Assembleia Nacional esteve diversos meses parada por desentendimento entre os
dois maiores partidos, o PAIGC e o Partido da Renovação Social (PRS), que
finalmente se entenderam no mês passado.
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