Descodificado o genoma da planta que é a principal fonte de óleo comestível do mundo.
A descodificação do genoma da palmeira-de-óleo, revelada na última edição da revista Nature, permitiu identificar um gene que poderá revelar-se essencial para aumentar o rendimento e aliviar a pressão sobre as florestas tropicais.
A palmeira-de-óleo é cultivada pelos seus frutos, de onde se extrai o óleo de palma, a gordura vegetal mais consumida em todo o mundo. Não só é a principal cultura oleaginosa a nível mundial (33% da produção de óleo vegetal e 45% da produção de óleo comestível), como é a mais produtiva (dá cinco a sete vezes mais óleo do que o amendoim e dez vezes mais do que a soja).
Para fazer face às crescentes necessidades mundiais de óleo de palma, devido à procura da indústria agro-alimentar e dos biocombustíveis, a área cultivada de palmeiras-de-óleo aumentou consideravelmente nos últimos anos, sobretudo no Sudeste asiático, em detrimento da floresta. A enorme expansão da cultura da palmeira-de-óleo enfrenta um duplo problema de imagem: é acusada de destruir florestas e ameaçar a saúde humana originando produtos prejudiciais ao sistema cardiovascular.
Agora, investigadores do Painel Malaio para o Óleo de Palma (MPOB, na sigla inglesa), uma agência governamental para apoiar este sector agro-industrial da Malásia, o segundo maior produtor mundial depois da Indonésia, apresentaram dois artigos na revista Nature sobre a descodificação do genoma das duas espécies principais que dão o óleo de palma – a palmeira-de-óleo-africana (Elaeis guineensis), também conhecida por palmeira-dendém ou dendezeiro e que é originária da África Ocidental, e a palmeira-de-óleo-americana (Elaeis oleifera), da América latina.
Os investigadores identificaram um único gene – chamado Shell – que determina quão dura é a casca do fruto. Mutações neste gene explicam a existência de três variedades de palmeiras, em função da espessura da casca: o tipo dura, com uma casca espessa, o tipo pisifera, sem casca mas que geralmente não produz fruto, e o tenera, um híbrido dos dois tipos que tem a casca fina.
Na forma tenera, existe uma versão normal do gene Shell e uma versão mutada, uma combinação óptima que se traduz numa produção de óleo por fruto 30% superior ao do tipo dura.
Como as palmeiras-de-óleo tem um ciclo de reprodução muito longo, os agricultores têm de esperar até seis anos para determinar qual dos três tipos de fruto uma planta irá produzir. Na sequência da identificação do gene Shell, o desenvolvimento de um marcador genético permitirá acelerar o processo de selecção das plantas e diminuir as áreas cultivadas.
“Esta descoberta poderá ajudar a conciliar os interesses divergentes entre a crescente procura mundial de óleo alimentar e os biocombustíveis, de um lado, e a preservação da floresta por outro”, considera um dos autores do trabalho, Rajinder Singh, do MPOB.
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