O
presidente da coligação eleitoral Convergência Ampla de Salvação de Angola
(CASA-CE), segundo maior partido da oposição em Angola, foi detido esta
madrugada em Luanda pela polícia, reportou o blogue daquela formação partidária.
A
detenção foi efetuada quando Abel Chivukuvuku se encontrava no exterior da
esquadra do antigo Comando Provincial da Polícia Nacional para saber a situação
de número não determinado de filiados e simpatizantes da CASA-CE, segundo maior
partido da oposição, que tinham sido detidos horas antes quando colavam
cartazes em ruas de Luanda.
Os
cartazes protestavam contra o desaparecimento dos ex-militares Alves Kamulingue
e Isaías Cassule, raptados há ano e meio em Luanda quando preparavam uma
manifestação antigovernamental, e cuja morte resultante do rapto foi admitida
em comunicado pela Procuradoria-geral da República de Angola, que acrescentou
terem sido feitas quatro detenções.
O
rapto e a provável morte dos dois ex-militares estão na origem de uma
manifestação convocada para hoje em Luanda pelo maior partido da oposição,
UNITA, entretanto proibida pelas autoridades.
Ainda
segundo o blogue da CASA-CE, além de Abel Chivukuvuku, antigo dirigente da
UNITA e que criou, com outros ex-militantes daquele partido e do partido no
poder, MPLA, a coligação, terão sido ainda detidas dezenas de pessoas, que se
encontravam na sede daquele partido situada na zona da Maianga.
Entre
os detidos encontra-se o deputado Leonel Gomes.
A
manifestação da UNITA foi proibida durante a noite de sexta-feira pelo
Ministério do Interior, que em comunicado lido no principal serviço noticioso
da Televisão Pública de Angola justificou a medida com a necessidade de
prevenir a eclosão de "fatores de conflitualidade perturbadores da ordem,
segurança e tranquilidade públicas e até mesmo da segurança interna".
Segundo
o Ministério do Interior, além da UNITA, também o MPLA se preparava para se
manifestar hoje em Luanda, razão pela qual anunciou a proibição das duas
manifestações.
Ao
fim da noite, em declarações à Lusa, o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala,
disse que o partido iria mesmo assim sair à rua para a primeira manifestação
antigovernamental, promovida por um partido político, em Angola sem ser em
período eleitoral.
A
convocação da manifestação vem na sequência do comunicado divulgado no dia 13
deste mês pela Procuradoria-geral da República (PGR) de Angola sobre quatro
detenções relacionadas com o rapto e provável homicídio de dois ex-militares.
Os
dois desaparecidos, presumivelmente mortos, como assumiu a PGR no comunicado,
são os ex-militares Isaías Cassule e Alves Kamulingue, raptados na via pública,
em Luanda, a 27 e 29 de maio de 2012, quando tentavam organizar uma
manifestação de veteranos e desmobilizados contra o Governo de José Eduardo dos
Santos.
Também
dois dias depois do comunicado da PGR, o chefe do serviço de Inteligência e de
Segurança do Estado (SINSE) de Angola, Sebastião Martins, foi demitido do cargo
por José Eduardo dos Santos.
Sebastião
Martins acumulava aquele cargo com o de ministro do Interior quando os dois
ex-militares foram raptados.
Os
motivos da exoneração não foram revelados, mas estarão relacionados com o
alegado envolvimento de agentes do SINSE na presumível morte de Isaías Cassule
e Alves Kamulingue.
/ Lusa
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