Dois dos candidatos às eleições presidenciais de domingo na Guiné-Bissau
discutiram na terça-feira, num debate público promovido na capital, os poderes
que o Presidente da República deve ter num país desanimado como a Guiné-Bissau.
Durante cerca de duas horas Hélder Vaz, líder e candidato pela Resistência
da Guiné-Bissau (RGB), e Aregado Mantenque, presidente e candidato do Partido
dos Trabalhadores (PT), discorreram argumentos sobre como pensam exercer a
presidência.
Aregado Mantenque foi o mais decisivo sobre a forma como o cargo de chefe
de Estado tem sido exercido.
"O Presidente da República, que devia ser árbitro, acaba por ser tudo:
ele é presidente, tribunal, pai da Nação, dono da sociedade. Isso não pode ser
em democracia", argumentou Aregado Mantenque.
A resposta do líder do PT mereceu palmas de cerca de três dezenas de
convidados que assistiram ao debate organizado pelo movimento Ação Cidadã, no
Centro Cultural Português em Bissau.
Já Hélder Vaz considerou que a função de Presidente da República "tem
sido confundida" com a do chefe do governo, situação que disse estar a
acontecer com vários candidatos "que têm perfil para serem
primeiro-ministros", mas que concorrem à presidência.
Nesse aspeto, citou o caso de Paulo Gomes (candidato independente às
presidenciais) que gostava de ver como primeiro-ministro.
Tanto Vaz como Aregado Mantenque concordaram sobre a importância da figura
de Presidente da República "no apaziguamento das clivagens étnicas"
que ambos afirmam existir na Guiné-Bissau.
Para Hélder Vaz, antigo diretor-geral da Comunidade de Países de Língua Portuguesa
(CPLP), as falhas na formulação de políticas públicas e a marginalização de
grupos étnicos pelo Estado têm levado às divergências.
A promoção da participação feminina no processo do desenvolvimento, a
reforma do setor de defesa e segurança, assim como o combate à corrupção foram
outros dos assuntos do debate, que acabou por ser uma sessão de entrevista, uma
vez que acabou por não haver confrontação de ideias entre os candidatos.
//RSM
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