A
guerra entre a Unitel e a PT subiu de tom esta semana. A empresária Isabel dos
Santos e os restantes accionistas angolanos da operadora enviaram uma carta à
Portugal Telecom (PT) a informar que querem exercer o direito de preferência na
aquisição da participação de 25% que a empresa portuguesa detém na Unitel. E
não só querem resolver esta situação o mais rápido possível, como até fixam um
prazo. A Unitel quer concluir o processo até ao final deste mês, já na semana
que vem.
Em
causa está a fusão da PT com a brasileira Oi, que envolve a PT Internacional
(sociedade através da qual é detida a posição na Unitel). «Segundo as
informações a que os accionistas da Unitel tiveram acesso (pela imprensa e não
pela sua co-accionista), a Portugal Telecom SGPS irá extinguir-se como
resultado dessa fusão, sendo incorporada na CorpCo, mantendo, por razões
meramente comerciais, a sua marca no seu país de origem através da sociedade PT
Portugal», refere um dos parágrafos - aos quais o SOL teve acesso em parte - da
carta enviada no final da semana passada.
«A
acontecer a projectada operação, tal situação subsumir-se-á à previsão do
acordo parassocial celebrado entre as accionistas da Unitel em Dezembro de 2000
e ainda em vigor», acrescenta o documento.
Este
acordo estipula que «a extinção ou alteração de controlo da PT Internacional
impõe o início de negociações tendentes a transmitir as acções da accionista
para os restantes accionistas».
Mas
as queixas da empresária angolana não ficam por aqui. De acordo com a mesma
carta, em 2012 houve uma interpelação semelhante. A PT transferiu as suas
acções na Unitel para outra entidade, «numa clara e manifesta atitude de
violação do acordo parassocial» e «sem comunicar aos restantes co-accionistas
as acções que detém na sociedade Unitel a um terceiro».
Contactada
pelo SOL, a PT não quis comentar. Remete qualquer resposta para os
esclarecimentos que a operadora liderada por Henrique Granadeiro deu no final
de Março.
Caso
a PT não resolva a situação até ao prazo estipulado pela empresária Isabel dos
Santos, a Unitel poderá recorrer para um tribunal judicial ou arbitral,
dependendo do que tiver sido decidido no acordo parassocial, explicaram ao SOL
especialistas em Direito Comercial.
Quanto
ao local onde o processo poderá decorrer, «o normal, neste género de acordos
entre duas empresas de diferentes países é ser em território neutro, como Paris
ou Londres». Caso esteja abrangido pela Lei de Investimento Angolano, «será
neste país, o que colocará a PT numa situação mais complicado», acrescenta um
dos advogados.
Porém,
nenhum dos especialistas acredita que a PT quer entrar nas barras dos
tribunais. «O mais provável é a PT acabar por vender a participação que detém
na Unitel pelo preço estipulado no acordo parassocial».
O fim do
silêncio
A
tensão entre as duas operadores não é de agora. O diferendo foi assumido
publicamente em Fevereiro, quando o líder da Portugal Telecom admitiu, em
entrevista à agência Reuters, a existência de «desafios» para receber os
dividendos em falta da operação angolana, no valor de 250 milhões de euros.
A
Unitel reagiu no final de Março, dois dias antes da assembleia geral da PT e da
Oi para aprovar a fusão. Em comunicado, a operadora angolana garantiu que não
pagaria os dividendos, justificando a decisão com uma irregularidade
accionista.
Na
mesma semana, a PT respondeu à operadora líder em Angola, admitindo que a
questão pode ser discutida «ao nível dos accionistas».
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