No
Odemocrata
O diretor do Serviço de Cuidados Intensivos do
Hospital Nacional Simão Mendes, Mboma Sanca, afirmou na passada terça-feira,
que a situação higiénica do único centro hospitalar de referência nacional
“está muito mal”, porque quem faz esse serviço já não tem condições físicas
para o fazer. No entendimento do médico, torna urgente contratar uma empresa de
limpeza para se ocupar desse serviço “desde os imóveis até às salas de
tratamento dos doentes e de internamento, ou seja tudo o que toca com o
hospital”, referiu.
“Para além das condições higiénicas do hospital que
não são das melhores, os hospitais em si confrontam-se com problemas de
bactérias e infeções, que são próprios dos hospitais. Essas bactérias
aproveitam dos medicamentos e os antibióticos usados no hospital para sua
alimentação” explica.
Na mesma entrevista, o médico revela que os
materiais utilizados até hoje no maior centro hospitalar no país são dos anos
sessenta (60), sublinhando que “há situações em que as enfermeiras fazem partos
sem luvas e médicos observam os doentes sem luvas” o que na sua opinião “
constitui um crime”.
Para Mboma Sanca, os mecanismos para mudar a
tendência de os doentes continuarem a ir ao hospital e sair com infeção, passa
pelo tratamento dos doentes. Todavia, avança que, “esse não é o caso dos nossos
hospitais em que pessoa vai ao hospital e depois leva para casa o que não tem”,
referiu.
Assegurou que na Guiné-Bissau é recorrente os
doentes saírem dos hospitais para casa com “ graves problemas ligados ao
pneumonia e broncopneumonia” devido à falta de controlo das infeções
hospitalares.
“Há dois tipos de infeções: Umas adquiridas nas
comunidades e outras nos centros hospitalares. Aquelas adquiridas nos hospitais
são mais agressivas e mortais do que as outras das comunidades, por isso é
fundamental controlar as infeções, fazer testes, proceder às limpezas das salas
e a manutenção dos catetes, fontes onde as bactérias facilmente penetram para
causar danos às vidas humanas”, notou.
O responsável pelo Serviço dos Cuidados Intensivos
do Hospital Nacional Simão Mendes avisa por isso que, caso esses cuidados não
forem doravante tidos em conta “ estaremos a permitir mais a evolução das
doenças do que travá-las”.
Ele lembra que a medicina é a tecnologia e que as
coisas mudam em função das evoluções que se vão operando na área” as próprias
bactérias também evoluem sistematicamente”.
“No nosso caso, temos por exemplo, estufas
utilizados para a esterilização dos materiais no bloco operatório, são de anos
sessenta (60), ou seja a situação é praticamente idêntica, quando faz
referência a outros setores do hospital”, sublinha Mboma.
Neste sentido, defende que o Governo deve engajar-se
seriamente, porquanto o combate a essas infeções ou de outros males à saúde não
depende em grande medida dos médicos, das parteiras nem de quem trabalha no
hospital, mas sim do Ministério da Saúde, enquanto instituição que tutela a
área. “ Quem manda vir os medicamentos e os materiais é o Ministério”, indicou.
O nosso entrevistado acusa ainda o Ministério da
Saúde de falta de política virada ao hospital, enquanto “ rosto da
Guiné-Bissau”.
Enumerando as dificuldades que o maior centro
hospitalar do país enfrenta, o médico fala da falta de água e da eletricidade,
consideradas necessidades básicas para tratamento eficaz dos doentes. Asseverou
ainda que no caso do hospital Simão Mendes, os médicos chegam a operar doentes
sem uma bata especializada e por mais incrível que pareça, as batas utilizadas
não são conservadas em perfeitas condições. “Um médico do bloco operatório
chaga a operar doente e depois sai a movimentar com a mesma bata na rua, o que
significa transportar a infeção para doente”, explica.
Quanto ao surto de Ébola que assola a vizinha
República da Guiné-Conacri e mais três países da sub-região (Libéria,
Serra-Leoa e a Nigéria), o médico diz que não acredita na capacidade de
resposta do hospital face a uma eventual entrada da epidemia no país, porque
“simplesmente nada está ser feito nesse sentido”, justificou, dando exemplo da
Nigéria, um “ gigante” na costa, mas que já teve casos resultantes do Ébola,
pelo que esse seria o momento ideal de o país começar a tomar medidas
necessárias para uma eventual situação de emergência, contudo notou que o novo
executivo está sensibilizado sobre o assunto.
Se o próprio sistema de informação hospitalar não funcionar é impossível controlar qualquer que seja situação do hospital.
ResponderEliminarHá muito tempo que muitos me tomam como "persona não grata" pelo facto de defender instalações e utilização de sistema de informação hospitalar para facilitar controlo de atividades sejam de âmbito clínica, administrativa e financeira dos hospitais. Peço desculpas por aparecer mais uma vez para chatear cabeças de muitos. É apenas querer melhorar o que inclui vida de todos nós.