domingo, 23 de novembro de 2014

Os contextos propícios à reflexão interna da Guiné-Bissau!



Por, Fernando Casimiro (Didinho)

Falemos dos outros, mas não ignoremos os nossos problemas, as suas causas e os seus responsáveis...

Sinto pena, constatar que, ao longo dos anos e perante diversos contextos propícios à reflexão interna, ou seja, do nosso país, a Guiné-Bissau; dos nossos políticos e governantes; dos nossos magistrados, etc., etc., que, alguns filhos da Guiné-Bissau, entre os mais lúcidos e os menos lúcidos, se opõem, sempre se opuseram ao posicionamento crítico em forma de cidadania, de uns poucos "atrevidos" e corajosos guineenses, mas também, amigos da Guiné-Bissau, que, de reflexão em reflexão crítica, com abordagens sustentadas, foram dando e têm dado a conhecer o estado da podridão reinante no Estado que é a Guiné-Bissau.

O curioso é que, perante casos de ditadura, de crimes de sangue, de corrupção etc., verificados noutros países, o guineense atreve-se a fazer juízos de valor sobre esses assuntos, ignorando o que existe no seu país...

Como gostaria de saber o que pensam certos guineenses relativamente a tantos casos que nunca foram resolvidos pela nossa Justiça...!

Se há corrupção em Portugal, branqueamento de capitais, fraude fiscal, etc., etc., para o guineense ou luso/guineense comentar, por que razão não se faz o mesmo relativamente ao nosso país, a Guiné-Bissau...?!

Há processos pendentes sobre diversos governantes e políticos nacionais, entre eles o Presidente da República e vários membros do actual governo... então...?!

Não, sobre a elite poderosa da Guiné-Bissau, não se pode dizer nada, porque é inveja; é tentativa de desestabilizar o país... enfim... "coisas nossas", parafraseando o saudoso Jorge Ampa Cumelerbo.

Vemos políticos, governantes, "homens de negócios", ostentando riqueza, que nem os seus salários, nem os rendimentos dos negócios "oficiais" dão para tanto e não se pode dizer nada, porque é inveja, é tentativa de desestabilizar o país...

Vemos políticos, governantes e "homens de negócios" guineenses comprarem apartamentos e até moradias em zonas "chique" de Lisboa, a pronto pagamento e..., de onde saiu o dinheiro...?!

Vemos famílias a viajar para férias no estrangeiro, demonstrando posses, cujos rendimentos, se é que todo o agregado familiar trabalha e não tem despesas...não dão para tanto...

E vemos as desigualdades sociais... Consequente de uns poucos terem milhões e de uns milhões terem pouco, como diz e bem o meu amigo e irmão Orlando Castro, jornalista luso/angolano.

Que Estado de Direito queremos construír ou solidificar, quando cultivamos e promovemos a impunidade, moralizando todas as práticas criminosas que um Estado de Direito considera como tal?!

Acredito na Guiné-Bissau, SIM, por isso o meu compromisso por uma Guiné-Bissau Positiva, que também passa pela construção e afirmação de um verdadeiro Estado de Direito e Democrático; não um Estado que contrapõe, na prática, os fundamentos teóricos da sua sustentação constitucional!

Há infinitas razões, argumentos, provas, para que na Guiné-Bissau, os Tribunais libertem o país do dirigismo criminoso, entre conivências, cumplicidades e participação directa.

Contudo, dada a confluência de interesses e a ramificação de acções corrosivas ao Interesse Nacional, num Sistema de Poder, todo ele alienado aos múltiplos interesses de ordem pessoal, em detrimento do Interesse Nacional, não creio que possamos ter, a curto prazo, mudanças ou indícios de mudança na relação de compromisso, de responsabilidade e de responsabilização que deve nortear a acção política, governativa e jurisdicional na Guiné-Bissau, tendo em conta servir o país e os guineenses!

Nota: Os artigos assinados por amigos, colaboradores ou outros não vinculam a IBD, necessariamente, às opiniões neles expressas.

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