segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Isabel dos Santos admite IPO parcial da PT Portugal

Empresária angolana que lançou OPA à PT SGPS quer capitalizar a Oi e admite aumento de capital na brasileira para fortalecer a empresa.

A empresária angolana Isabel dos Santos quer dar músculo financeiro à brasileira Oi, que lida com um elevado nível de endividamento, com o objectivo de conseguir ter um melhor rácio de troca no movimento de consolidação no mercado brasileiro, disse Mário Silva, administrador da Terra Peregrin, entidade que lançou a OPA à PT SGPS, em entrevista à Reuters.

A Terra Peregrin está ainda disposta a considerar um aumento de capital na operadora brasileira ou um IPO parcial da PT Portugal, afirmou o responsável.

Isabel dos Santos quer manter a unidade da PT Portugal "com o perímetro internacional que tem hoje" e impedir a venda dos activos portugueses e o desmembramento da empresa, disse Mário Silva. "Nós entendemos que o nosso projecto para a Oi não pode ser executado com a venda da jóia da coroa do grupo Oi, que é a PT Portugal".

A Oi já acordou com os franceses da Altice a venda da PT Portugal, tendo sido assinado na passada semana um acordo definitivo. Os accionistas da PT SGPS, contudo, ainda terão de votar a venda.

Mário Silva frisou que a empresária angolana quer retomar a ambição do anterior projecto industrial da PT para criar um líder lusófono nas telecomunicações.

A Terra Peregrin não se opõe ao movimento de consolidação no Brasil, pelo contrário, o que pretende é, enquanto maior accionista da Oi, contribuir para capitalizar a empresa de forma a tal que a Oi possa participar neste movimento, estando fortalecida e não enfraquecida, como está actualmente, afirmou.

Nós temos disponibilidade, vontade e interesse em trabalhar com os outros accionistas da Oi para encontrar formas de a capitalizar, dar-lhe músculo financeiro para, aquando da eventual operação de consolidação, a Oi venha a ter uma quota maior e mais reforçada", disse à Reuters.

A Terra Peregrin está disponível para considerar diferentes formas de reforço de capitalização de que são exemplos de um eventual cenário de aumento de capital; bem como a compra de acções próprias da Oi, o que equivaleria a um aumento de capital pois os fundos ficariam com a Oi, explicou.

Além da venda de activos não core da empresa, a empresária angolana Isabel dos Santos, em conjunto com o resto dos accionistas, pode considerar a abertura de capital da própria PT Portugal, através de um IPO, mas mantendo o controlo desta unidade e consolidando-a na íntegra.

Acreditamos que a combinação de todas estas soluções, mantendo o EBITDA da PT Portugal, fará com que o rácio de alavancagem da Oi, no futuro, seja menor do que a simples venda da PT Portugal, o que fará com que a Oi tenha um rácio de troca mais favorável numa futura consolidação no Brasil.

A OPA foi lançada a 1,35 euros por acção mas o preço tem sido considerado baixo e não respeita as regras da CMVM - o regulador, aliás, ainda não concedeu o registo da operação. Sobre o preço, Mário Silva afirmou que "acho que os accionistas devem olhar para o preço em reais pois, dentro de 90 dias, quando houver conclusão da combinação de negócios, o que vão ter nas suas carteiras são acções da CorpCo/Oi e não da PT SGPS.

E, voltou a garantir, "não vamos mexer no preço.

O conselho de administração da PT SGPS já se pronunciou, considerando que a informação disponibilizada era insuficiente e acusando a empresária angolana de se esquecer dos accionistas internacionais ao não registar a OPA nos Estados Unidos. E deixou no ar a hipótese da OPA ter sido lançada para limitar a actuação do 'board' na venda da PT Portugal.

Mário Silva referiu que "um dos argumentos que o conselho de administração da PT SGPS invocou, e que é falacioso, é que a Terra Peregrin, com esta OPA, apenas quer ter uma atitude negativa, atrasar a venda da PT Portugal, suspender e travar a combinação de negócios, o que não é verdade.

A única coisa de que podemos ser acusados é de falta de originalidade porque este foi um projecto inicial aprovado pelos accionistas da PT e da Oi. De facto, não entendemos como é que este projecto foi entretanto abandonado.

Mário Silva frisa ainda que o board faz uma "interpretação abusiva" ao dizer que a participação da PT SGPS na Oi não é de 22,8%, como defende a Terra Peregrin.

Os accionistas da PT SGPS vão votar a venda da PT Portugal a 12 de Janeiro mas Mário Silva defendeu que a reunião magna só se deveria realizar quando se soubesse se a CMVM aceita ou não a derrogação do dever de lançamento de OPA.


Só dessa forma é que os accionistas da PT SGPS poderão decidir, em consciência, se qurem ir pelo caminho da venda da PT Portugal ou querem que a OPA vá ao mercado criando a alternativa efectiva, real e transparente para o futuro da PT SGPS e o futuro de cada um dos accionistas.

//Económico

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