Empresária angolana que lançou OPA à PT
SGPS quer capitalizar a Oi e admite aumento de capital na brasileira para
fortalecer a empresa.
A empresária angolana Isabel dos Santos
quer dar músculo financeiro à brasileira Oi, que lida com um elevado nível de
endividamento, com o objectivo de conseguir ter um melhor rácio de troca no
movimento de consolidação no mercado brasileiro, disse Mário Silva,
administrador da Terra Peregrin, entidade que lançou a OPA à PT SGPS, em entrevista
à Reuters.
A Terra Peregrin está ainda disposta a
considerar um aumento de capital na operadora brasileira ou um IPO parcial da
PT Portugal, afirmou o responsável.
Isabel dos Santos quer manter a unidade
da PT Portugal "com o perímetro internacional que tem hoje" e impedir
a venda dos activos portugueses e o desmembramento da empresa, disse Mário
Silva. "Nós entendemos que o nosso projecto para a Oi não pode ser
executado com a venda da jóia da coroa do grupo Oi, que é a PT Portugal".
A Oi já acordou com os franceses da
Altice a venda da PT Portugal, tendo sido assinado na passada semana um acordo
definitivo. Os accionistas da PT SGPS, contudo, ainda terão de votar a venda.
Mário Silva frisou que a empresária
angolana quer retomar a ambição do anterior projecto industrial da PT para
criar um líder lusófono nas telecomunicações.
A Terra Peregrin não se opõe ao
movimento de consolidação no Brasil, pelo contrário, o que pretende é, enquanto
maior accionista da Oi, contribuir para capitalizar a empresa de forma a tal
que a Oi possa participar neste movimento, estando fortalecida e não enfraquecida,
como está actualmente, afirmou.
Nós temos disponibilidade, vontade e
interesse em trabalhar com os outros accionistas da Oi para encontrar formas de
a capitalizar, dar-lhe músculo financeiro para, aquando da eventual operação de
consolidação, a Oi venha a ter uma quota maior e mais reforçada", disse à
Reuters.
A Terra Peregrin está disponível para
considerar diferentes formas de reforço de capitalização de que são exemplos de
um eventual cenário de aumento de capital; bem como a compra de acções próprias
da Oi, o que equivaleria a um aumento de capital pois os fundos ficariam com a
Oi, explicou.
Além da venda de activos não core da
empresa, a empresária angolana Isabel dos Santos, em conjunto com o resto dos
accionistas, pode considerar a abertura de capital da própria PT Portugal,
através de um IPO, mas mantendo o controlo desta unidade e consolidando-a na
íntegra.
Acreditamos que a combinação de todas
estas soluções, mantendo o EBITDA da PT Portugal, fará com que o rácio de
alavancagem da Oi, no futuro, seja menor do que a simples venda da PT Portugal,
o que fará com que a Oi tenha um rácio de troca mais favorável numa futura
consolidação no Brasil.
A OPA foi lançada a 1,35 euros por acção
mas o preço tem sido considerado baixo e não respeita as regras da CMVM - o
regulador, aliás, ainda não concedeu o registo da operação. Sobre o preço,
Mário Silva afirmou que "acho que os accionistas devem olhar para o preço
em reais pois, dentro de 90 dias, quando houver conclusão da combinação de
negócios, o que vão ter nas suas carteiras são acções da CorpCo/Oi e não da PT
SGPS.
E, voltou a garantir, "não vamos
mexer no preço.
O conselho de administração da PT SGPS
já se pronunciou, considerando que a informação disponibilizada era
insuficiente e acusando a empresária angolana de se esquecer dos accionistas
internacionais ao não registar a OPA nos Estados Unidos. E deixou no ar a
hipótese da OPA ter sido lançada para limitar a actuação do 'board' na venda da
PT Portugal.
Mário Silva referiu que "um dos
argumentos que o conselho de administração da PT SGPS invocou, e que é
falacioso, é que a Terra Peregrin, com esta OPA, apenas quer ter uma atitude
negativa, atrasar a venda da PT Portugal, suspender e travar a combinação de
negócios, o que não é verdade.
A única coisa de que podemos ser
acusados é de falta de originalidade porque este foi um projecto inicial
aprovado pelos accionistas da PT e da Oi. De facto, não entendemos como é que
este projecto foi entretanto abandonado.
Mário Silva frisa ainda que o board faz
uma "interpretação abusiva" ao dizer que a participação da PT SGPS na
Oi não é de 22,8%, como defende a Terra Peregrin.
Os accionistas da PT SGPS vão votar a
venda da PT Portugal a 12 de Janeiro mas Mário Silva defendeu que a reunião
magna só se deveria realizar quando se soubesse se a CMVM aceita ou não a
derrogação do dever de lançamento de OPA.
Só dessa forma é que os
accionistas da PT SGPS poderão decidir, em consciência, se qurem ir pelo
caminho da venda da PT Portugal ou querem que a OPA vá ao mercado criando a
alternativa efectiva, real e transparente para o futuro da PT SGPS e o futuro
de cada um dos accionistas.
//Económico
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