terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Portugal disposto a ajudar Angola na diversificação da sua economia

A exploração petrolífera foi responsável de 76% das receitas fiscais angolanas em 2013.

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete, transmitiu ao Governo angolano a disponibilidade de Portugal, através das empresas nacionais, para apoiar a diversificação da economia de Angola, ainda sustentada no petróleo.

A posição foi assumida pelo governante português durante uma reunião com o ministro da Economia de Angola, Abraão Gourgel, no âmbito da sua visita de dois dias a Luanda que termina nesta terça-feira. "Convimos que há muitas oportunidades para que as duas economias se interlacem ainda mais", afirmou Machete, aludindo ao projecto angolano, em curso, de diversificar a economia nacional além do petróleo.

Também nesta terça-feira, na visita ao estaleiro da Tecnovia - empresa portuguesa contratada pelo Estado angolano para executar uma ponte nos arredores de Luanda -, Rui Machete admitiu que as dificuldades de pagamento de Angola provocadas pela quebra na cotação do petróleo no mercado internacional, é um problema "que toda a gente sabe que vai acontecer".

"Na medida das nossas possibilidades, estamos dispostos a ajudar naquilo que for possível. Nós temos experiência do que é a austeridade e, portanto, reconhecemos que é preciso ajuda", apontou o ministro português.

Quando o barril de petróleo está hoje cotado a menos de metade dos valores a que Angola exportava há um ano (mais de 100 dólares) – na terça-feira o barril de Brent (a variedade europeia que serve actualmente de referência internacional) chegou aos 45,23 dólares - e tendo o crude sido responsável por 76% das receitas fiscais angolanas de 2013, Machete sublinhou que "há soluções para minimizar o problema". O chefe da diplomacia de Lisboa referia-se ao receio de empresas portuguesas de atrasos nos pagamentos.

As previsíveis dificuldades de Angola têm sido admitidas pelo próprio Governo, com o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, a perspectivar um 2015 difícil, devido à quebra nas receitas com o petróleo. "Há projectos que serão adiados e vão ser reforçados o controlo das despesas do Estado e a disciplina e parcimónia na gestão orçamental e financeira, para que se mantenha a estabilidade", disse o Presidente angolano, na sua mensagem de Ano Novo.

Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana, depois da Nigéria, e tem uma economia fortemente dependente das receitas arrecadas com a exportação petrolífera, que deverá garantir em 2015 mais de 1,8 milhões de barris diários.

Rui Machete admitiu o interesse de empresas portuguesas que se pretendem internacionalizar para Angola, apoiando a diversificação da economia nacional, existindo a motivação recíproca para a instalação de empresas angolanas em Portugal. Segundo dados do Governo português, mais de 8.800 empresas nacionais trabalham para o mercado angolano e as trocas comerciais entre os dois países atingiram em 2013 um valor máximo de 7.500 milhões de euros.

Machete também manteve uma reunião com o ministro do Ensino Superior, Adão do Nascimento. Foi acordada a realização, este ano, de um encontro de reitores dos dois países e a possibilidade de o Estado português oferecer bolsas de estudo, em universidades nacionais, a estudantes angolanos.


//Publico

Sem comentários :

Enviar um comentário


COMENTÁRIOS
Atenção: este é um espaço público e moderado. Não forneça os seus dados pessoais (como telefone ou morada) nem utilize linguagem imprópria.