O ministro de Estado e dos Negócios
Estrangeiros português, Rui Machete, transmitiu ao Governo angolano a
disponibilidade de Portugal, através das empresas nacionais, para apoiar a
diversificação da economia de Angola, ainda sustentada no petróleo.
A posição foi assumida pelo governante
português durante uma reunião com o ministro da Economia de Angola, Abraão
Gourgel, no âmbito da sua visita de dois dias a Luanda que termina nesta
terça-feira. "Convimos que há muitas oportunidades para que as duas
economias se interlacem ainda mais", afirmou Machete, aludindo ao projecto
angolano, em curso, de diversificar a economia nacional além do petróleo.
Também nesta terça-feira, na visita ao
estaleiro da Tecnovia - empresa portuguesa contratada pelo Estado angolano para
executar uma ponte nos arredores de Luanda -, Rui Machete admitiu que as
dificuldades de pagamento de Angola provocadas pela quebra na cotação do
petróleo no mercado internacional, é um problema "que toda a gente sabe
que vai acontecer".
"Na medida das nossas
possibilidades, estamos dispostos a ajudar naquilo que for possível. Nós temos
experiência do que é a austeridade e, portanto, reconhecemos que é preciso
ajuda", apontou o ministro português.
Quando o barril de petróleo está hoje
cotado a menos de metade dos valores a que Angola exportava há um ano (mais de
100 dólares) – na terça-feira o barril de Brent (a variedade europeia que serve
actualmente de referência internacional) chegou aos 45,23 dólares - e tendo o
crude sido responsável por 76% das receitas fiscais angolanas de 2013, Machete
sublinhou que "há soluções para minimizar o problema". O chefe da
diplomacia de Lisboa referia-se ao receio de empresas portuguesas de atrasos
nos pagamentos.
As previsíveis dificuldades de Angola
têm sido admitidas pelo próprio Governo, com o Presidente da República, José
Eduardo dos Santos, a perspectivar um 2015 difícil, devido à quebra nas
receitas com o petróleo. "Há projectos que serão adiados e vão ser
reforçados o controlo das despesas do Estado e a disciplina e parcimónia na
gestão orçamental e financeira, para que se mantenha a estabilidade",
disse o Presidente angolano, na sua mensagem de Ano Novo.
Angola é o segundo maior produtor de
petróleo da África subsaariana, depois da Nigéria, e tem uma economia
fortemente dependente das receitas arrecadas com a exportação petrolífera, que
deverá garantir em 2015 mais de 1,8 milhões de barris diários.
Rui Machete admitiu o interesse de
empresas portuguesas que se pretendem internacionalizar para Angola, apoiando a
diversificação da economia nacional, existindo a motivação recíproca para a
instalação de empresas angolanas em Portugal. Segundo dados do Governo
português, mais de 8.800 empresas nacionais trabalham para o mercado angolano e
as trocas comerciais entre os dois países atingiram em 2013 um valor máximo de
7.500 milhões de euros.
Machete também manteve uma reunião com o
ministro do Ensino Superior, Adão do Nascimento. Foi acordada a realização,
este ano, de um encontro de reitores dos dois países e a possibilidade de o
Estado português oferecer bolsas de estudo, em universidades nacionais, a
estudantes angolanos.
//Publico
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