Cipriano Cassamá, presidente da
Assembleia Nacional Popular (ANP), deu posse à Comissão Eventual da Revisão
Constitucional, presidida pelo deputado João Sediba Sané. Na cerimónia de
tomada de posse, o presidente da ANP formulou votos para que os trabalhos desta
nova comissão cheguem ao seu término e sejam consequentes, pois “as
instituições do Estado, os partidos políticos, as universidades, a sociedade
civil, todos, estão chamados a contribuir para um frutuoso debate nacional
sobre a Lei Fundamental do nosso país”
Na óptica de Cipriano Cassamá, a crónica
instabilidade das instituições do Estado e o recurso frequente a actos
inconstitucionais alegadamente para resolver problemas reais da vida política
guineense “alertaram políticos, estudiosos e uma parte significativa dos nossos
cidadãos para a necessidade de, nos termos da lei, revisitar a Constituição da
República”. Afirmando que os guineenses sentem falta de uma melhor
Constituição, Cipriano Cassamá reclama uma Constituição muito mais adaptada a
uma realidade social e política que a Lei Fundamental tem de enquadrar.
Na sua intervenção, o presidente da ANP
deixou muitas perguntas que também fazem parte das preocupações dos guineenses,
designadamente será que o nosso modelo semi-presidencialista anda de boa saúde?
Vamos preservar o modelo vigente e limitarmo-nos apenas a corrigir as suas
prováveis deficiências e conhecidas lacunas? Será que vamos ter de ponderar uma
alteração mais radical do regime constitucional? Ou será que o modelo de
controlo da conformidade constitucional das leis, é o mais adequado? Ou ainda
que Constituição para a Guiné-Bissau?
Por seu lado, João Sediba Sané,
presidente da Comissão Eventual da Revisão Constitucional, também considerou
que a Constituição da Guiné-Bissau apresenta-se como um instrumento que reclama
a revisão. “Esta revisão possibilitará a introdução de alterações tendentes a
acudir a realidade guineense”, referiu.
Para Sediba Sané foi conseguido um
profundo consenso partidário, parlamentar e extra-parlamentar, envolvendo
também a sociedade civil, sobre a matéria da revisão constitucional, o que
poderá ajudar de certa forma os trabalhos da Comissão. Refira-se que a Comissão
Eventual da Revisão Constitucional criada em 2009, mas que nunca chegou a
concluir o trabalho por dificuldades de vária ordem, foi reactivada em 2014 por
unanimidade dos votos dos deputados.
A Comissão ora reactivada conhecerá
algumas alterações, designadamente o preenchimento de vagas deixadas pelos
deputados que integravam a anterior Comissão, mas que não foram reeleitos nas
últimas eleições legislativas; a integração de uma Comissão Técnica de Apoio e
a criação de uma Comissão Consultiva Multissectorial, que integra o Presidente
da República, Governo, Supremo Tribunal de Justiça, Procuradoria-Geral da
República, Ordem dos Advogados, sector privado, representado pela Câmara do
Comércio, Indústria e Agricultura, Sociedade Civil, representada pelo Movimento
da Sociedade Civil Paz e Democracia, Conselho Nacional da Juventude,
Conferência Episcopal, Conselho Superior Islâmico, régulos e anciões.
Integram a Comissão Eventual de Revisão
da Constituição os deputados João Sidibá Sané, Rui Diã de Sousa, Aba Serra,
Lassana Seidi, Certório Biote, Martina Moniz, Artur Sanhá, Víctor Mandinga,
Abubacar Demba Baldé e João Maria Baticã Ferreira e ainda Aladje Alanso Fati
(Conselho Superior Islâmico), Armando Mango (Ordem dos Advogados), Samora
Nogueira Sanca (Comissão Nacional da Juventude); Fodé Adulai Mané (Movimento
Nacional da Sociedade Civil), Malal Sané (Gabinete do Primeiro-Ministro) e
Joselino Degol Pereira
Será a decisao dum documento tao importante se resume a estas pessoas aquí escolhidas. Donde esta a participaçao das nossas Universidades e nao só. Nao entendo como neste elenco nao conste alguns estudios da nossa realidade legal e social, tal como o Professor Kaff Costa ou o Fernando Casimiro (Didinho), para apenas citar alguns nomes e que muito podiam contribuir para uma seria revisao constituicional. Ao Senhor Presidente da ANP, espero que tenhas critérios de competencia na hora de nomear as pessoas e nao apenas em afinidades etnicas, como neste caso. Que fazem aqui o Aladje Alonso Fati e Fodé Adulai Mané. Depois sao os Balantas os tribalistas!!!
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