A diáspora guineense vai ser importante
em termos de desenvolvimento da Guiné-Bissau, acredita um dos autores que
contribuíram para um novo livro em inglês sobre o país apresentado hoje em
Londres.
"Se vai haver desenvolvimento do
país, vai ter de relacionar-se com a diáspora, como fazem países como a
China", afirmou Dr. José Lingna Nafafé, professor na universidade de Bristol.
O académico recordou que
o papel de Amílcar Cabral e dos "estudantes do Império" no movimento
da independência do país e, mais tarde, de guineenses que estudaram na União
Soviética e regressaram.
"O que está
acontecer atualmente é que os intelectuais que deixaram o país não estão a
voltar", vincou, referindo o uso da Internet para espaço de debate e
crítica das autoridades e da situação da Guiné-Bissau.
O especialista em
estudos lusófonos falava na apresentação do livro "Guinea-Bissau.
Micro-state to 'Narco-state'" [Guiné-Bissau. De Micro-Estado a
'Narco-Estado'"], editado por Toby Green e Patrick Chabal, este último
falecido em 2014.
O evento decorreu na
universidade King's College London, promovido pelo Centro de Língua e Cultura
do Instituto Camões naquela instituição.
A obra conta ainda com
contribuições de Joshua Forrest, Philip Havik, Marina Padrão Temudo e Manuel
Bívar Abrantes, Ramon Sarró e Miguel de Barros, Aliou Ly, Christoph Kohl, Simon
Massey e Hassoum Ceesay.
O objetivo do volume,
segundo Toby Green, foi traçar a trajetória da Guiné entre a Independência e a
atualidade, num registo acessível para todos os interessados no tema, mesmo que
não sejam académicos.
"Há uma parte de
História que mostra o desenvolvimento do país após a independência
politicamente, economicamente e as ligações que há entre o período colonial e
pós-colonial. Depois há certos capítulos que são atuais, que tratam de
manifestações de crise política, de como a sociedade civil respondeu a isto e
como é a situação no país", resumiu, em declarações à agência Lusa.
A referência ao termo
"Narco-Estado", frisou, é feita entre aspas porque este foi um rótulo
criado por organizações e pela imprensa internacional que ficou associado ao
país, e cujas razões são abordadas no livro de diferentes perspetivas.
"Nós não estamos a
dizer que a Guiné é um "Narco-Estado", estamos a dizer que há pessoas
que disseram que a Guiné é um "Narco-Estado" e o que isso significa.
É para fazer pensar", disse à Lusa.
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